O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Maria-no Beltrame, chega hoje a Rio Branco para participar de seminário que debaterá as reformulações e novos métodos de ação das autoridades do setor para coibir a criminalidade no país. Beltrame trará a experiência fluminense que, depois de décadas, tenta recuperar o poder do Estado nos morros e favelas do Rio de Janeiro, que está nas mãos dos traficantes de drogas.
Intitulado “Segurança Pública, uma Visão Sistêmica”, o seminário será aberto às 18h no auditório da Firb. Além de Beltrame o evento terá a participação de Roberto Sá, subsecretário de Planejamento e Integração Policial do Rio de Janeiro, e Bráulio Figueiredo, da Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais. O seminário tem como público alvo as autoridades do setor e pes-soas interessadas no assunto.
Rio de Janeiro e Mina Gerais, mais São Paulo, têm sido pioneiros no Brasil na adoção de políticas que têm como objetivo a integração da ação repressiva das polícias paralela à adoção de medidas que venham a evitar o crime antes dele acontecer. “Mesmo com estados com realidades bastante diferentes, é possível adotarmos modelos de gestões similares”, diz a secretária Márcia Regina (Segurança Pública).
Para Regina, a ação sistêmica na área resulta na obtenção de muito mais resultados do que atuar sem planejamento. O Acre tem tentado colocar em prática esse modelo com adoção de alguns métodos. Um deles é a divisão do Estado em regionais. A secretária afirma que a divisão é essencial para que se tenha uma radiografia completa de cada realidade, para, assim, as polícias atuarem de forma organizada coibindo o crime na origem.
“À medida que descobrimos que determinado espaço público carece de uma ação mais enérgica, poderemos chegar a determinados órgãos e secretarias e dizer como devem agir”, diz a secretária. O Rio de Janeiro tem colocado em execução esse mecanismo através das UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). Trata-se de uma tentativa de o Estado tirar da criminalidade o domínio sobre os moradores.
Ao chegar com a força policial, o governo leva todas as outras políticas assistenciais. Márcia Regina afirma que a ação no Acre é de evitar que se crie uma situação semelhante. A estipulação de metas para o setor é outra forma de melhorar a atuação das polícias. Essa reformulação já tem obtido resultados positivos. “O número de furtos e roubos no primeiro trimestre deste ano foi 20% menor do que quando comparado com o mesmo período de 2009”, informa Regina.
A secretária afirma que esse desempenho só foi obtido graças às ações mais focalizadas das forças políciais. “Quando centralizamos nosso olhar para os territórios divididos, conhecendo a realidade específica, podemos determinar a estratégia de policiamento a ser realizada”. Para Regina, o país passa a deixar de lado a antiga concepção e atuação de segurança pública (com foco só na repressão) e passa se conci-liar a gestão, o planejamento, a prevenção e a repressão.