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Fabrício teria sido abusado por todos os envolvidos e o corpo jogado em um açude

As investigações acerca do desaparecimento do adolescente Fabrício Costa, 16 anos, ganham novos rumos a partir do depoimento de uma garota de 14 anos que está colaborando com a polícia. De acordo com revelações feitas por ela, Fabrício ficou em três cativeiros diferentes. Os dois primeiros no bairro Seis de Agosto e o último em uma chácara no Ramal Itucumã.  Ainda segundo ela, Fabrício foi assassinado no dia 29 de março e o corpo jogado dentro de um açude no quilometro 12 da Rodovia AC-40.

O local seria utilizado pelos integrantes do grupo que realizou o seqüestro do garoto para o consumo de droga. A menor também descarta a informação de que o garoto teve o corpo esquartejado após o assassinato. Segundo ela, Fabrício foi violentado por todos os acusados e espancado até a morte num campo de futebol, situado no mesmo local onde foi mantido em cativeiro. Segundo o tio de Fabrício, Sérgio Costa, a informação foi revelada pela menor durante um almoço na sua casa.

A menor disse ainda que após o assassinato, os integrantes do grupo entraram em discussão para saber o que seria feito com o corpo, momento em que Leonardo Leite de Oliveira, o “Léo”, disse que o destino seria o “açudão”, o que fez a menor pensar se tratar de um açude localizado na mesma propriedade.

A menor disse também que o corpo de Fabrício foi enrolado com vários sacos plásticos antes de ser levado ao local da desova. Não soube, porém, informar qual a motivação do crime e porque tamanha violência.

As informações da menor só foram levadas em consideração, depois que o vice-coordenador do Centro de Defesa dos Direitos Humanos do Acre, Eliandro Medeiros, cobrou através da imprensa, garantias para que ela revelasse o que sabia sobre o caso.

Até então, a polícia não tinha dado a devida importância aos fatos narrados por ela. Um dia após a entrevista de Eliandro, a pedido do secretário de Direitos Humanos do Estado, Henrique Corinto, e sob acompanhamento de um juiz, a garota voltou a ser interrogada, desta feita, apresentou detalhes que podem ser essenciais à elucidação do crime.

O novo interrogatório aconteceu na noite de terça-feira, 13. Na mesma noite, a polícia saiu em busca do que seria o local do crime. Mergulhadores iniciaram as buscas e encontraram um celular e uma cueca, mas, de acordo com a família, nenhum dos objetos pertencia a Fabrício. Outro detalhe sinistro, nos três locais apontados como cativeiro, a polícia encontrou animais mortos.

Delegado nega violência sexual contra Fabrício  – O delegado Cleilton Videira, responsável pelas investigações do seqüestro e morte de Fabrício Costa, negou na tarde de ontem, 14, que a menor de 14 anos tenha informado que a vítima teria sido abusada sexualmente durante o período em que esteve nos cativeiros.

Ele afirmou que ouviu a segunda adolescente envolvida no crime e  ela também não teria falado nada a respeito da vítima ter sido violentada. No entanto, o tio de Fabrício afirma que o fato foi revelado para família pela menor.

Bombeiros intensificam buscas no açude com reforço de dez mergulhadores – Na manhã  de ontem, 14, dez mergulhadores do Corpo de Bombeiros foram enviados para o açude indicado pela adolescente para realizar novas buscas.

A maior dificuldade para os mergulhadores do Corpo de Bombeiros é o fato de o açude ser muito grande e a polícia não ter indicado um local exato em que o corpo da vítima foi lançado.

A adolescente, que passou as informações, afirmou somente que o corpo foi lançado no açude, mas não soube precisar o local exato.

“Seria de fundamental importância que a polícia trouxesse um dos acusados para mostrar o local aproximado, já que o açude é grande e existem pontos que servem de balneário. Acho pouco provável que o corpo tenha sido lançado aqui. Precisamos saber mais detalhes, como por exemplo, se o corpo foi amarrado a pedras, se estava inteiro, se foi colocado em saco e, principalmente, se foi aqui mesmo”, afirmou um mergulhador. 


Novas prisões
  – Além dos cinco suspeitos já presos, outros quatro foram detidos na manhã de ontem, entre eles outra menor de 14 anos. Dois são moradores do Ramal Carapeira, Rodovia AC-40, e os outros dois foram presos no Ramal Canoa, que fica cerca de três quilômetros do açude onde mergulhadores do Corpo de Bombeiros realizam buscas pelo corpo. O depoimento da menor descreve outras duas pessoas que ainda estariam em liberdade e devem ser presas a qualquer momento.

Com essas últimas prisões sobe para nove o número de pessoas acusadas de envolvimento no seqüestro e morte do estudante. 

Os participantes que ainda estão soltos estariam intimidando os demais para que a verdade sobre os fatos não sejam revelados. A menor que está colaborando com a polícia teme que alguma represália possa acontecer com ela ou com a sua família.

Na primeira vez que ela foi acompanhada da mãe à Delegacia da Mulher, recebeu uma ligação de uma pessoa anônima dizendo que tivesse cuidado com o que fosse declarar. Em seguida, a voz passou a descrever as características da mãe dela, detalhando inclusive as roupas que ela usava.

CPI das crianças e adolescentes desaparecidos – A deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB) denunciou o caso Fabrício Costa à Comissão Parlamentar de In-quérito (CPI) que investiga casos de crianças e adolescentes desaparecidos em todo país.

A expectativa da parlamentar é que a partir da entrada da CPI no caso, as investigações passem a contar com a ajuda também da Polícia Federal, como aconteceu no caso dos garotos desaparecidos de Luziânia, Goiás.

 

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