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Apreensão de droga em carro oficial repercute nos debates da Aleac

Já em ritmo de eleições e com o plenário se esvaziando a cada mês que se aproxima do pleito, as sessões da Aleac (Assembléia Legislativa do Acre) têm se tornado um centro de debates e discussões. Com a maioria dos deputados governistas faltando, a tribuna vira a trincheira de onde a oposição ataca o Palácio Rio Branco. Ontem não foi diferente, e o grande tema dos discursos foi a apreensão de 24 quilos de cocaína que eram transportados em um carro da Setul (Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer), dirigido por servidor da pasta.
Ney-Amorim
Para Donald Fernandes (PSDB), o caso mostra a necessidade de o governo acompanhar mais de perto a vida e o comportamento de seus funcionários. O tucano afirma que esta não é a primeira vez que servidores públicos são presos envolvidos com o tráfico de drogas. “Meses atrás apreenderam uma ambulância que transportava droga de Brasiléia para Rio Branco, e logo depois um funcionário da Secretaria de Planejamento praticou crime semelhante”, lembrou ele. 

Referência no Estado quanto ao trabalho de recuperação de dependentes químicos, Donald afirma que o problema do tráfico de drogas cada vez mais se entranha e contamina a estrutura do Poder Público. Para evitar que os traficantes ampliem suas atuações dentro da esfera estatal, o tucano sugere que se criem grupos específicos para aferir rotineiramente a qualidade de vida dos servidores, e preste-se auxílio quando for necessário. 

“O governo deve fazer disso uma lição, não um cabo-de-guerra, porque ninguém nunca conseguirá ter eficiência 100% no combate às drogas”. Uma das formas mais eficientes defendidas pelo especialista é a prevenção ainda na infância e adolescência. De acordo com ele, a conscientização dos jovens sobre os riscos da dependência química deve fazer parte da grade curricular da rede pública de ensino.

Aliado a isso deve estar o tratamento àqueles que já foram vítimas do vício. Tão importante, diz o deputado, está a repressão ao tráfico. “A polícia não pode agir somente quando houver denúncias, é preciso termos um serviço de inteligência capaz de coibir o tráfico e prender não só os ‘mulas’, mas os seus chefes também”, defende ele.   

O tráfico de drogas foi tema cativo nos debates dessa semana na Aleac. A oposição sempre acusou o governo pelo aumento desse tipo de crime, apontando a não geração de empregos como o principal fator a levar tantos acrea-nos a se envolver com o mundo do tráfico, que proporciona enriquecimento rápido e fácil. Para o líder do PT na Casa, deputado Ney Amorim, não se pode culpar o Estado por tal calamidade.

“Neste último caso o cidadão tinha um emprego seguro no governo, portanto não havia necessidade de se envolver com o tráfico, e usava a estrutura do Estado para transportar drogas”, afirma o petista. Amorim diz que não é correto generalizar tal episódio com todo o funcionalismo estadual. “Foi um caso isolado, e o Estado já o expulsou de seus quadros”.

Carros oficiais
A apreensão de entorpecentes em um carro da Setul levantou outro debate: o uso de veículos oficiais. Na ava-liação dos parlamentares, é necessário um rigor maior por parte do governo no controle de sua frota. Donald Fernandes sugere que seja disponibilizado um número de telefone para que a sociedade denuncie eventuais abusos cometidos por servidores na condução dos automóveis oficiais.

“Todos os dias vemos carros do governo circulando fora do horário de expediente, aos fins de semana”, aponta ele. Segundo o deputado Walter Prado (PSB), já existe decreto assinado ainda no governo Jorge Viana que disciplina o uso da frota do Estado, mas que não vem sendo cumprido. Walter Prado defende que veí-culos de placa branca também passem a ser revistados nas barreiras policiais ao longo das rodovias acreanas, que tornaram-se corredores para o tráfico de drogas.    

 

 

 

 

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