Os dois pré-candidatos ao Senado da FPA fizeram uma visita ao diretor-geral de A GAZETA, Silvio Martinello, ontem. O ex-governador Jorge Viana (PT), como já havia prometido, só quis anunciar a sua candidatura depois de se reunir com lideranças políticas de todo Acre. “Não poderia tentar voltar sem falar com o maior número de pessoas.
Nesses 10 dias tenho visitado lideranças de vários municí-pios. Fui a 19 dos 22. Além de segmentos da sociedade como ongs, cooperativas, TRE, Ministérios Públicos Estadual e Federal e, hoje, oficialmente vim fazer uma visita ao Silvio Martinello que além da sintonia botafoguense é o diretor de um dos mais importantes jornais do Acre. Vim formalmente informar que estou sendo desafiado para encarar esse caminho. Estou sendo diferente porque não estou vindo pedir o voto, mas a opinião das pessoas sobre o Acre e o Brasil”, disse Jorge.
Judicialização das eleições
Jorge Viana se mostrou preocupado com a interferência das esferas judiciárias no processo eleitoral. “A fragilidade da legislação eleitoral me preocupa porque o Congresso não fez a reforma política. Espero que não apareçam membros escalados para cuidar do processo eleitoral que assumam o papel de protagonistas. Faço um apelo aos membros da Justiça para que deixem o eleitor ser o único protagonista. Que não sejam os candidatos e ninguém que cuida do processo. Senão começam a cercear direitos e a interferir no processo. Alguns querendo se aproveitar do momento para colocar a vaidade à frente. A estrela tem que ser o eleitor”, disse ele.
Interesse por política
Jorge Viana, depois das visitas que fez pelo Estado, chegou à conclusão que a população está mais interessada pelo atual processo eleitoral do que nos anos anteriores. “Acho que apesar dos escândalos que ocorreram na política nacional está havendo uma precocidade da mudança do cidadão para eleitor. As pesquisas estão dando números mais sólidos ainda longe da eleição. Senti nos lugares por onde passei um acolhimento e interesse. A gente convida 30 pes-soas e aparecem 60. O interesse das pessoas pela política parece que aumentou o que é muito positivo. A política é uma coisa nobre e eu só faço política se for com paixão, propósito e desafio”, explicou.
Plataformas integradas
O ex-governador desenvolve a tese que é preciso ter muita responsabilidade e qualidade para substituir os atuais senadores acreanos. “O que está em jogo agora é um dos mandatos mais brilhantes no Senado que foi o da Marina Silva (PV-AC). Estou convencido que sucedê-la é uma tarefa muito difícil. Ela é uma das pessoas mais brilhantes que a gente conhece. Também a possível ausência do Tião Viana (PT-AC) que é de longe aquele que mais valorizou o nome do Acre no Senado. O Acre vai ficar sem o Tião e a Marina. O Edvaldo está sendo convidado para tentar retomar a vaga que era nossa no Senado e que ficou com o Geraldo Mesquita (PMDB-AC). A responsabilidade é muito grande e a gente está combinando de juntar três senadores para atuarem juntos, Jorge, Aníbal Diniz e Edvaldo Magalhães. Imaginem se construirmos um programa para o Senado para fazer as coisas juntas e acabar com as vaidades pessoais?”, indagou.
Como lembrou o presidente da Aleac, Edvaldo Magalhães (PCdoB), por conta da pré-candidatura ao Governo de Tião Viana a eleição no Acre irá definir as três vagas para os senadores acreanos. “Para suceder a Marina e o Tião só se nós juntarmos os três. Seria uma inovação e acabaria com o varejo de político. Vamos apresentar uma plataforma de atuar juntos. O Acre só fica igual a São Paulo no Senado porque são três senadores daqui e três de lá. Na Câmara Federal são oito contra 76. Se a gente trabalhar juntos colocando a questão ambiental no centro nós vamos anular esse negócio de senador do PT e do PCdoB. Poderemos ser senadores da FPA e do Acre”, argumentou Jorge.
Para Edvaldo Magalhães a proposta deverá ser uma grande novidade na campanha eleitoral. “O diferencial é o objetivo da nossa eleição. Numa primeira conversa que tivemos com o governador Binho Marques (PT) ele levantou a questão e o Jorge se abraçou com ela e eu também concordei. Uma plataforma para o Acre. Não é o Edvaldo ou o Jorge. É a proposta que tenha como centro o desenvolvimento que a gente já vem construindo. Uma plataforma coletiva para nós estarmos mais próximos da sociedade do que dos partidos políticos. Se for do partido você é apenas de uma parte e a atuação parlamentar tem que ser maior. Se o povo confirmar os nossos nomes vai ser uma ação de mandato colegiado. Vamos para Santa Rosa do Purus e lá estarão três senadores discutindo e dialogando. Quando for para decidir as emendas não vai ter mais uma é minha e a outra é sua. Vamos fazer um pacote de todos”, afirmou o comunista.
Modelo econômico acreano
Jorge Viana defende que o modelo econômico do Estado poderá avançar, gerando mais empregos e renda à população e, seja aperfeiçoa-do. “O Acre é quem pode dar uma grande contribuição nacional na questão do desenvolvimento sustentável porque já houve retrocesso em outros estados. Essa viagem do Tião Viana à China foi para estudar com os prefeitos Angelim (PT) e Leila Galvão (PT) como a gente pode implantar uma Zona de Processamento e Exportação (ZPE) para acelerar a industrialização do Acre. Aqui não é mais onde o Brasil termina, mas onde começa. Quando presidente Lula (PT) vier inaugurar a Estrada do Pacífico, em outubro e, nós finalizarmos a BR- 364, que integrará ao Estado, será necessário uma sintonia enorme entre os deputados federais e os senadores do Acre. As chances do Tião se eleger são grandes e poderemos ter um quarto mandato com um modelo econômico de baixo carbono e inclusão social”, afirmou.
Obstáculos eleitorais
Edvaldo Magalhães considera a união entre os 14 partidos que compõe a FPA um fator determinante para superar os problemas eleitorais que sempre surgem. “O Silvio Martinello viu muitos partidos crescerem e se tornarem homogêneos na nossa política e depois desaparecerem. Nós estamos vivendo algo no Acre que é uma grande conquista. A FPA completa 20 anos e está no terceiro governo. Nós estamos construindo o processo de uma chapa majoritário e de arranjo de chapas proporcionais com 14 partidos sem nenhuma crise. Isso não existe em nenhum lugar do Brasil. Temos um capital político que nos permite pensar num extraordinário resultado eleitoral para o Governo, eleger os dois senadores e criar as condições de governabilidade para o quarto mandato com a maioria da bancada federal e dos deputados estaduais, na Aleac. A gente começa a conversar com as pessoas nessas primeiras andanças e a animação é muito grande. Enquanto os que estão disputando conosco precisam correr em Brasília toda a semana para evitar uma rasteira entre eles. Nós estamos fazendo as coisas de forma natural e tranqüila. Esse ambiente nos permite pensar nessa possibilidade”, finalizou Magalhães.