Dizem que numa eleição o importante é o voto na urna e a vitória na contagem final da Justiça Eleitoral. Na sexta-feira, 16, porém, outros elementos passaram a se incorporar na gama de detalhes que fazem de uma jornada política um prenúncio de sucesso capaz de continuar mudando os destinos de um Estado.
Não foi por acaso que os prováveis candidatos da Frente Popular ao Senado, Jorge Viana e Edvaldo Magalhães, começaram suas andanças ouvindo as lideranças da cidade de Plácido de Castro, herói nacional, que lutou pela incorporação do Acre ao Brasil, e que empresta seu nome ao município fronteiriço com a Bolívia.
Sob as sombras da floresta e às margens do Rio Rapirã, cercado pelo imenso Rio Abunã, que divide o lado acreano do boliviano, Jorge e Edvaldo deram início a uma jornada denominada por eles mesmos como ‘reunião para ouvir as lideranças, as pessoas’. O primeiro encontro, ambientado pelo calor da tarde da sexta de abril foi prestigiado por inúmeras personalidades de Plácido, a cidade emblemática.
Professores, religiosos, sindicalistas, produtores, servidores públicos, empresários e políticos da cidade puderam ouvir e falar sobre o que pensam sobre a disputa eleitoral deste ano e que no Acre, sem dúvida, parece está revestida de importância singular.
Plácido é a terra que deu origem a Jorge Viana e seus irmãos. Sua avó e sua mãe nasceram na região num tempo em que o sonho Acre ainda era apenas um sonho de revolucionários e sonhadores inconformados. “Aqui nasceu a história da minha vó e da minha mãe. Aqui tem o nome de Plácido de Castro, nosso herói. Tem muito simbolismo. Por isso nossa jornada começa por Plácido”, disse o ex-governador Jorge Viana.
Para o líder que ficou afastado da política, inclusive sem mandato por quatro anos, o Acre não pode errar, pois em 2010 se disputa a mais importante eleição da década. Jorge, que lembra que a Frente Popular nunca perdeu uma eleição para o Senado, diz que agora o Estado terá condições de ter, de fato, três senadores. “Queremos ter uma plataforma única. Uma bancada de senadores lutando em favor do Acre. Com uma agenda comum. É só no Senado que o Acre é do tamanho de SP, do RJ e de MG”, explica.
Jorge recordou que o Acre já teve três senadores de um mesmo grupamento político, nos anos 80, mas de triste memória. “Todos lembram que um jogou bomba no jornal do outro. Não trabalhavam em sintonia e o Estado só perdeu com eles”.
O ex-governador ressaltou a possibilidade de ter Edvaldo Magalhães na chapa com ele. “Na eleição de senador, há oito anos, nós elegemos dois. Um nos abandonou. Agora, nós temos aqui o Edvaldo, que foi meu líder por oito anos e mostrou toda sua leal-dade com a Frente Popular’.
Acrelândia, unidade na adversidade
A visita de Jorge Viana e Edvaldo Magalhães se estendeu à cidade de Acrelândia, a primeira do Estado por quem entra pela BR-364, vindo de Rondônia. Nesse município, que tem forte presença de imigrantes do sul e do centro-oeste, um fato chamou à atenção. A unidade política em defesa da Frente Popular. Mesmo com os problemas locais que se verificam no dia-a-dia.
Uma declaração de Tiago de Melo, atribuída a Armando Nogueira (Nossas diferenças não podem se transformar em divergências), contada por Jorge Via-na na reunião contribuiu com o clima de unidade no município. Em depoimento o ex-prefeito Vilseu Ferreira, que está fora do cargo por decisão da Justiça Eleitoral (o prefeito atual é Carlinhos, do PSB), declarou seu apoio à provável chapa majoritária da FP, Tião-Jorge-Edvaldo. “Vou continuar na Frente Popular e meu apoio será ao Tião Viana, ao Jorge e a Edvaldo”, disse.
Como em Plácido, as lideranças de Acrelândia puderam falar e expressaram seu apoio a Jorge e Edvaldo com palavras de incentivo incomum para um começo de jornada eleitoral. “Isso anima a agente. Saio daqui completamente entusiasmado para uma batalha que está só começando”, disse Edvaldo Magalhães.
Edvaldo afirmou, ainda em Plácido e repetiu em Acrelândia, que se for candidato e eleito senador saberá honrar o compromisso. “Não serei um senador do PCdoB ou da Frente Popular. Serei um senador do Acre”.
Edvaldo declarou que nunca tinha pensado na vida em ser candidato ao Senado. E que um dia Jorge Viana chegou e pediu para ele ‘começar a pensar no assunto’, pois o Acre precisava de um candidato com ‘credibilidade, capaz politicamente e leal aos interesses do Estado’. “Nunca havia pensado em ser candidato ao Senado na minha vida”, declarou.
Jorge Viana reforçou o apoio a Edvaldo: “Edvaldo tem o fermento da política, que é a lealdade com os compromissos. Ele vai dar orgulho no Senado, e o povo do Acre não pode escolher errado senão só daqui a oito anos vamos ter nova oportunidade como essa”, ressaltou.