O governador Binho Marques disse na última reunião do Conselho Político da Frente Popular (FPA), realizada na última sexta-feira (9), que os sonhos da oposição não se concretizaram quanto às apostas num possível desgaste do governo petista para chegar ao Palácio Rio Branco. “Esse é o melhor ambiente político que temos para continuarmos nosso projeto para o Estado”, afirmou Binho.
Segundo o governador, uma das apostas de seus opositores era a de que o governo do PT se desgastasse justamente em seu mandato. Depois de oito anos de Jorge Viana, os petistas poderiam chegar ao final do terceiro governo sem condições de fazer o sucessor. Um dos fatores a influenciar esse desgaste seria o cabo-de-guerra dentro da coligação governista por mais espaços.
Passadas duas décadas, diz Binho Marques, a Frente Popular mantém a mesma unidade e entendimento que tem assegurado o sucesso do governo e garantia de reeleições. “A oposição sonhava que a sociedade iria optar pela mudança ao final do terceiro mandato, mas ela quer continuar melhorando a qualidade de vida e se desenvolvendo, e esse desejo será confirmado na urna”, vaticina o petista.
Mesmo com todos os cenários políticos favoráveis, Binho ressalta que a campanha deve ser realizada com os pés no chão, “sem arrogância”. Mesmo com a oposição dividida e com conflitos internos, o governador destaca que não se pode desprezá-la e tampouco menosprezar seu potencial. “Vamos trabalhar como sempre trabalhamos”. Para Binho, é preciso que a FPA atue com transparência, “não colocando para debaixo do tapete suas divergências internas”. Para o petista, o diálogo é o melhor caminho para se construir uma coligação partidária forte.
Mesmo não sendo candidato, Binho afirma “que estará de corpo e alma na campanha eleitoral”. Ele será figura presente nos comícios e outros atos da luta para garantir o quarto mandato petista, agora com o senador Tião Viana. Binho lembrou seu tempo de juventude na política, quando participava de protesto enfrentando a polícia e fazendo pichações contra o então status quo.
Reeleição – O governador Binho Marques quebra no Brasil uma tendência originada em 1997, quando foi aprovada a emenda que permite aos chefes do Executivo disputar a reeleição. De lá para cá, poucos foram os governantes que não colocaram seus mandatos em testes nas urnas. Ainda menor é a quantidade daqueles que não conseguiram a vitória.
Desde que assumiu o Palácio Rio Branco, em janeiro de 2007, Binho já tinha deixado sacramentado: não disputaria a reeleição. Ele foi o candidato da Frente Popular no momento em que a aliança não dispunha de nomes eleitoralmente fortes para suceder Jorge Viana no final do segundo mandato. Por ser irmão do então governador, Tião Viana não podia sucedê-lo. Assediada, a senadora Marina Silva, à época a estrela do PT acreano, ocupava o Ministério do Meio Ambiente.
Vice de Jorge, Binho foi o escolhido pelo PT para disputar a eleição de 2006. Ainda pouco conhecido pela sociedade, começou-se um trabalho de explorar a imagem dele. Com uma popularidade altíssima, não foi difícil para Jorge Viana fazer seu sucessor. Falava-se que o governo Binho Marques seria “tampão”, para garantir o caminho livre para Tião Viana em 2010.
Nestes quatro anos, porém, Binho Marques manteve um governo funcional e austero. Fez reformas na equipe de governo, reduzindo gastos. No meio político especulava-se em desentendimento dele com os irmãos Viana, com a adoção de medidas que teriam desagrado-os. Em público, o governador negava a hipótese e disse sempre ter uma relação harmoniosa com Jorge e Tião.
Em todo país, 10 governadores renunciaram ao mandato para disputar as eleições. Amazonas, Amapá, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e São Paulo serão governados até o final do ano pelos vices. Binho Marques é o único governador com condições legais de disputar um segundo mandato, mas que assim não fará.