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Solo reduz vida útil da pista do Aeroporto de Rio Branco

A pista do aeroporto de Rio Branco ‘Plácido de Castro’ foi construída em um tipo de solo inapropriado para esse tipo de obra. Classificado como expansivo, o solo contribui diretamente no desgaste da área destinada para os pousos e decolagens das aeronaves, reduzindo seu tempo de vida útil. As pistas dos aeroportos são projetadas para uma operação de até 30 anos sem ser necessário grandes intervenções de reparo.
Mesmo com essa particularidade, a pista não foi construída levando em consideração as conseqüências naturais provocadas pelo terreno. Por conta disso, a pista do aeroporto de Rio Branco teve sua vida útil reduzida em mais da metade. Com pouco mais de 10 anos de atividade, ela já apresenta sé-rias complicações em sua estrutura, exigindo manutenção periódica. “É uma situação particular”, diz Daniel Sobrinho, superintendente da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária).

O solo expansivo compromete a integridade de qualquer obra viária. Quando umedecido, ele aumenta de volume e se contrai ao ressecar. Esse movimento contínuo compromete a estrutura. 

Para Sobrinho, o clima da região, com períodos longos de chuvas e estiagem, não afetam significativamente a estrutura da pista. A falha começa a ser corrigida a partir de maio, quando o trabalho concreto de recuperação dos 2,1 mil metros da pista será executado por definitivo. De acordo com Sobrinho, será colocada uma camada de asfalto sobre a atual de sete centímetros.

A recuperação custará R$ 28 milhões e será executada pelo 7º BEC (Batalhão de Engenharia de Construção), do Exército Brasileiro. A fim de reforçar a estrutura da pista e evitar que se desgaste tão rápido, será colocada uma espécie de tela de reforço, que na engenharia leva o nome de geogrelha. O sistema de drenagem será reforçado para evitar o acúmulo de água e sua conseqüente infiltração no asfalto.

A concentração de água no pavimento pode ter influenciado o acontecimento do último domingo (11), quando o Airbus A320 da TAM Linhas Aéreas teve um de seus trens de pouso emperrado em um buraco do taxiway do aeroporto, a faixa de asfalto que interliga a pista ao pátio. Sobrinho diz não acreditar na possibilidade de que a alta temperatura no momento do incidente tenha provocado-o.

As pistas, afirma ele, são projetadas para suportar as mais elevadas temperaturas e oscilações do clima.  Ao todo, existem 10 áreas que estão sendo recuperadas pelo 7º BEC. Enquanto homens e máquinas recapeiam o pavimento, metade da pista fica fechada. Somente os aviões de pequeno porte realizam as operações de pouso e decolagem. Já a partir das 11h os equipamentos são retirados e a ação encerrada para que as grandes aeronaves possam operar.

Esse trabalho é essencial para poder começar os serviços concretos de recuperação, que vão garantir uma vida útil por mais quatro anos. “Não podemos colocar uma camada de asfalto sem antes recuperar a que foi feita. Esse é o tempo necessário para a construção da nova pista e do saguão de embarque e desembarque”, diz o superintendente. O projeto de criação do novo aeroporto de Rio Branco ainda está em fase de elaboração pela Infraero.
Segundo Sobrinho, a pista a ser construída seguirá todos os padrões e normas para garantir o mesmo tempo de vida útil, no caso 30 anos. 

Aeroporto ficará sem operações diurnas três vezes por semana
Durante os meses que serão usados para os trabalhos de recuperação da pista, o aeroporto de Rio Branco Plácido de Castro pode ficar até três dias da semana sem realizar as operações de pouso e decolagem diurnos. “Não se tem como conciliar maquinário e homens na pista com as atividades normais em andamento”, explica Sobrinho.

Os serviços serão executados enquanto houver a luz natural. À noite é realizada a pausa. Segundo ele, as compa-nhias aéreas que hoje atuam de dia podem transferir seus vôos para a noite. A previsão é que a obra esteja concluída até novembro, época em que as chuvas se intensificam e a alta temporada de vôos nos aeroportos do país começa.   

Foto/ Sabrina Soares
 

Categories: POLÍTICA
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