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Como desenvolver a Amazônia mantendo a floresta em pé?

Essa pergunta recorrente nos dias atuais é principal mola propulsora do II Fórum Internacional de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Sul-Americana. A idéia é reunir os profissionais da engenharia e de outros segmentos para que, através da interação, a troca de experiên-cias e um pouco mais do conhecimento da realidade, tenhamos um conjunto de elementos, opiniões e visões que nos ajudem a discutir a equação e apontar para alternativas de solução.

A questão parece elementar. Precisamos encontrar formas de desenvolver a Amazônia sem destruí-la. Entretanto, é complexa porque, apesar da disseminação da informação sobre as implicações da destruição da floresta, ainda não se chegou a um consenso sobre como então utilizar de forma racional seus recursos naturais tendo nesse uso o retorno econômico necessário para garantir a subsistência dos mais de 30 milhões de habitantes que vivem na região. 

Esse debate que ora realizamos é fundamental, pois não é possível pensar em preservar a Amazônia se os povos que nela vivem não forem incluídos num projeto que lhes garanta condições de viverem bem mantendo a floresta em pé.

Neste contexto, o II Fórum Internacional de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Sul-Americana acontece com o firme propósito de apontar caminhos que ajudem a levantar quais as alternativas mais viáveis para tornarmos isso possível. 

Já não é mais novidade que a Região Amazônica Sul-Americana encontra-se em processo de franco desenvolvimento e nesse contexto, o Acre, localizado no meio do caminho para o Pacífico, passa a ser local estratégico e com grandes oportunidades de crescimento.

Eis o propósito da primeira visita técnica percorrendo a Rodovia do Pacífico a poucos meses de sua inauguração.  Para realização dessa obra, inovadoras soluções em engenharia foram aplicadas para que fossem minimizados, o quanto possível, os impactos ambientais e culturais sobre a região.

A integração com o resto do mundo que esta obra irá proporcionar nos coloca sob uma nova visão a respeito da Amazônia Sul-Americana. Ao trazermos aqui profissionais da Engenharia de todo o país, estamos contribuindo para a quebra de paradigmas, a desconstrução de mitos e a formação de um novo olhar pautado pela realidade.

Assim, nada poderia ser mais factual do que realizar o painel sobre meio ambiente no Seringal Cachoeira, onde os participantes terão a oportunidade de ver “in loco” o modo de vida na floresta. O lugar foi um dos palcos de luta de Chico Mendes, precursor na defesa pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia. 

A partir daí, serão desencadeados os demais painéis de debate que englobam ainda temas como: Produção Sustentável, Geração de Energia, Ciência e Tecnologia; e Integração da Amazônia. Todos temas prementes relativos a aspectos fundamentais para o desenvolvimento sustentável .

Por fim, essa iniciativa de realizar um evento ousado como este, com uma programação diversa que une de forma peculiar teoria e prática, nasceu da necessidade de fazermos um esforço coletivo para encontrar alternativas que tornem viável o desenvolvimento da Amazônia sem que a imensurável riqueza contida em sua floresta vire fumaça.

A Engenharia entende que, por ter como um dos princípios básicos de sua atividade a transformação das coisas, contribuir com a proposição de soluções alternativas que proporcionem a transformação racional dos recursos naturais em riquezas é uma atribuição que também lhe compete.

* Tião Fonseca é engenheiro civil, diretor norte da Federação Nacional dos Engenheiros, presidente do Senge-Acre e da Ong Engenheiros Solidários.

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