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Passaporte para o Himalaia

 Fred é um rapaz esperto, “antenado” e dedicado, certamente suas chances de sucesso profissional são muito interessantes. Dentro desse cenário porque não afirmar que suas conquistas profissionais estão garantidas?

Simplesmente para respeitar uma de suas afirmações em nossa conversa. Fred nos lembrou um velho ditado que nos diz para não esmorecermos, pois fazendo tudo certo temos 50% de chance de ter sucesso. Essa antiga afirmação eu ouvia bastante entre os vendedores, “batendo mala”. Já fazia algum tempo que ninguém a mencionava. Reunidos em hotel para um seminário que começaria no dia seguinte, estávamos sentados conversando descontraidamente, quando Fred chamou a atenção de todos. Estava iniciando sua carreira em gestão empresarial, lotado na área financeira, e não se mostrava animado com o discurso sobre planos de carreira. Dizia ter estagiado em várias empresas e ainda que tivesse ouvido falar de planos de carreira não tinha observado a concretização por onde passou. Não exatamente com ele, mas com muitos colegas que nisso já não acreditavam. Via sim pessoas acomodadas em seus cargos, com mais de quinze anos de casa, sem motivação para grandes transformações e talentos saindo em busca de maiores e melhores oportunidades. Mencionava que apesar de sua pouca experiência já conseguia perceber que com um pouco de arrojo e determinação seria possível mudar o panorama das empresas por onde passou, mas quando tentava desenvolver algo mais arrojado sempre apareciam desculpas para impedi-lo. Via empresas perdendo dinheiro e oportunidades, tomando empréstimos a taxas absurdas, enriquecendo os bancos, por comodismo dos gestores, único fator que explicava a falta de interesse nas operações tantas vezes oferecidas e negligenciadas. Procuramos incentivá-lo, mostrando que para um jovem iniciando uma jornada profissional ele não deveria generalizar e que com sua dedicação e competência chegaria lá. Claro que algumas pessoas entre os dentes diziam: – Só se ficar com os 50% bons, lembrando a afirmação do Fred. Entre nossa papelada estava um artigo que eu havia publicado com título O brilho das estrelas e acabou virando assunto. Nesse trabalho eu afirmava algo mais ou menos como “chegar ao topo na organização é como escalar o Himalaia”, a gente sempre quer ficar sentado algum tempo observado, sem fazer nada! Nesse momento, entre frases e gargalhadas, adotamos a idéia que o plano de carreira era um passaporte o Himalaia. Aquilo provocou um brilho no olhar de Fred que começou a perguntar a cada um de nós como havíamos chegado às nossas posições como gestores. Alguns tiveram um bom começo, indicados por parentes e amigos, outros começaram como contínuos, estafetas ou office-boys, dependendo da idade essa função tivera denominações diferentes.

 Assim as histórias iam sendo reveladas, até que chegou a vez de um dos integrantes, inteligente, divertido, sagaz, manhoso, que com um sorriso disfarçado disse: Eu herdei.  Sou CEO em empresa da minha família. A reação do Fred foi engraçada, parecia que ele não queria acreditar naquilo. Com uma piscada, já tínhamos recebido a informação de que não era verdade, mas Fred não percebeu. Sua reação foi ficar em silêncio, pensativo, balbuciou alguma coisa, voltou a pensar e depois meio sem graça disse:- Isso é que é um passaporte para o topo do Himalaia! É verdade que vamos encontrar empresas com planos de carreira interessantes, mas também temos que concordar com Fred: “Há muita gente parada, congelando no topo do Himalaia!”

* Ivan Postigo

Diretor da Postigo Consultoria Comunicação e Gestão

Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas

Free e-book: Prospecção de clientes e de oportunidades de negócios

 

 

 

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