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Preces por chuvas a São José…

Segundo a tradição São José é o santo que garante chuvas no sertão nordestino. Estranho realizar tal pedido aqui em plena região amazônica? Para os moradores de diversos pontos em nossa Capital nem tanto. Passamos a explicar.Consta em fonte oficial (http://www.agencia.ac.gov.br/index.php?option=com_content&task= view&id=5687&Itemid=281):
“Decreto regulamenta o espaço como ambiente de uso público, onde se deve preservar características e equipamentos”.

Decreto publicado no Diário Oficial do Estado cria oficialmente o Parque da Maternidade. Assinado pelo governador Binho Marques, o decreto diz que o parque é uma área institucional de Rio Branco composto por seis lotes com área total de 322.874 metros quadrados, localizado às margens do Igarapé da Maternidade. “Aplicam-se ao Parque da Maternidade todas as disposições pertinentes à proteção contidas nas legislações federal, estadual e municipal”, diz o segundo artigo.

A publicação foi feita na edição de quinta-feira, 18. Em seu artigo 3º, o decreto diz que a área do parque passa a constituir patrimônio público inalienável, ficando proibidas quaisquer ações que venham alterar ou danificar suas características, naturais ou as áreas, construções e benfeitorias de uso público.

Inaugurado em 28 de setembro de 2002, durante o governo de Jorge Viana, o Parque da Maternidade é uma das mais importantes obras pú-blicas da cidade de Rio Branco. Com uma extensão de seis quilômetros, corta a parte central da cidade. Possui quadras de esportes, quiosques, restaurantes, ciclovia e pistas de skate. Trata-se de um lugar de uso coletivo, destinado à prática de esportes, lazer e reflexão, entre outras atividades”.

Não tínhamos consciência ainda, mas o quase “paradisíaco” lugar em que várias famílias caminhavam em fins de semana e praticavam esportes ao alvorecer do dia seria na realidade um verdadeiro barril de pólvora. Bastou o estopim ser aceso nos idos de 2007 e reacendido tempos depois…

“Secretaria de Segurança divulga nova portaria de horários de funcionamento de bares e restaurantes (http://www.agencia.ac.gov.br).

…Com a alteração o horário de funcionamento de bares, restaurantes, churrascarias, pizzarias e similares de primeira categoria, de domingo à quinta-feira passa de uma para as duas da manhã. Sextas e sábados até as três. Para as boates, o horário de domingo a quinta vai até as três horas e na sexta e sábado até as 5 da manhã. Os clubes e buffets, de quinta a domingo podem abrir de 6 às duas da manhã. Sextas e sábados até as 4 horas…”

Seguir a iniciativa já comprovada em diversas outras cidades de reduzir a criminalidade e acidentes, restringindo as bebedeiras que varam a madrugada é muito louvável. Agora ficam as perguntas: Quem fica responsável por evitar a baderna em locais públicos praticada pela “rapaziada” que acha que a festa não acabou? Quem, maldição, é que autoriza o funcionamento de boate em posto de gasolina, que teria isolamento acústico, mas promove show a céu aberto “autorizado” até as três da manhã? (informação repassada pelo CIOSP em 23/05/10, por volta das 2 horas, depois da terceira ligação…) Quando alguma autoridade conseguirá fazer valer a lei e autuar os veículos que ficam estacionados e m locais proibidos e com som ligados em altura para a platéia que está a uns duzento s metros de distância? Para os leitores, fica a informação que após reunião de várias autoridades no Ministério Público Estadual foram instaladas diversas placas na região da Praça Namoradeira e do Antigo Iesacre proibindo utilização de som após às 22 horas e parar após a meia-noite. Uma vez que não se consegue fazer valer o que nelas está escrito, fica a sugestão para retirá-las o quanto antes. Evita-se dessa forma a poluição visual e principalmente a completa desmoralização do poder público, uma vez que até “ambulantes” providos de carrocinhas e até veículos de auto-atendimento já se instalaram na região para prover os beberrões de iscas, tira-gostos e mais bebidas no caso do fim de seus estoques particulares.

Antes que venha a contra argumentação, adianto que sou apreciador de música, ouço rock em som elevado (sem que tenha ainda expulsado os possíveis passageiros do banco de trás para colocar equipamentos que custam mais que meu carro) e muito embora já tenha passado a fase das “baladas”, as vivi intensamente enquanto solteiro, sendo de bom alvi-tre deixar de declinar aqui as aventuras em função da estabilidade do matrimônio e da respeitabilidade exigida da figura paterna. Porém, não me lembro de ter causado incômodo sequer a vizinho que morasse ao lado. Sim, sou um tanto o quanto ranzinza, mas não estou aqui reclamando da turma que faz o “esquenta”, bebendo em local público até a abertura das boates ou durante os fins de semana. Os “trios elétricos” travestidos de automóveis incomodam sim, mas são suportáveis até umas dez da noite. O que não dá mais para suportar é a perda constante do sagrado sono em função da algazarra da madrugada em que até megafone é utilizado (depois de muito ligarmos foi apreendido um que se encontra na primeira Delegacia de Polícia)!!!  Por falar em perda, cabe aqui um provérbio chinês:

“Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”.

É dessa oportunidade perdida de dormir o sono dos justos de que estamos falando. Já foram feitas filmagens com repercussão na imprensa, abaixo assinados, reuniões e a cada dia que passa a tendência é de piora. Vem aí a Copa do Mundo e aí serão mais alguns moradores que jogarão a toalha e trocarão de endereço. Para não angariar antipatias de outras torcidas não declino meu time, mas digo de coração que hoje em dia fico em dúvida se realmente torço por sua vitória em função das comemorações noite adentro. Não, não me mudo! Não é segredo que até pes-soas ligadas ao alto escalão político local já tiveram que tomar essa atitude. Não, torcer pela Argentina jamais! Não, me recuso a “rachar” a caixa de lexotan que a esposa usa para vencer o barulho! Não, não vou me humilhar e recorrer ao último órgão que me resta, o Ibama, alegando os direitos de meu fiel cachorro que está sofrendo de “tortura psicológica”, ansiedade e crises de depressão por também não dormir…

Desculpem se já ia me esquecendo do Santo que deu título a essa narrativa, mas seria praticamente impossível que a mesma não se transformasse em um desabafo após mais uma noite de sono perdida. Confesso que conforme certa parcela que se diz religiosa só recorro ao divino em momentos de crise. E, como não posso ter a pretensão que linhas tão mal escritas possam fazer com que essa juventude que sabe muito fazer “descer redondo” recupere o bom senso deixado em casa antes de sair, somente o padroeiro das chuvas para fazer cessar o caos ora reinante, pois ainda não cobriram os “points” da galera…

* Francisco Sales P. Júnior é servidor público – morador das proximidades do Parque da Maternidade (o qual, se nada for feito, futuramente passará a ser conhecido como “Parque Daquela Que Pariu…”)

 

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