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Um pedido de socorro ao Ministério Público

Respeitável e honorável Promotora da Saúde e da Cidadania. Recorro-me a V. porque essa promotoria já me deu provas da seriedade com que trata as coisas feias que estão por aí.

Desta feita, trata-se do seguinte: sou um dos milhares de “beneficiários”  da Unimed de Rio Branco. Presumo que o respeitável leitor está compreendendo porque coloquei aspas no beneficiário. Doravante vou usar muito esta palavra, mas não vou mais usar aspas para não ficar gastando tinta à toa.

Quando aderi à Unimed, ainda no século vinte, era pequeno o número de médicos cooperados e também pequeno o número de beneficiários. Nós conseguíamos, com facilidade, agendar uma consulta médica em qualquer especialidade. De lá para cá aumentou bastante o número de médicos cooperados, mas aumentou desbragadamente o número de beneficiários, a ponto de não se conseguir mais uma consulta com menos de um mês de atraso. Este ano (estamos em maio), tentei marcar com três especialistas diferentes e não consegui com nem um. São exames preventivos  mas importantes para a manutenção de minha saúde.

Houve-se dizer que a Unimed remunera muito mal os cooperados, não sei. Mas as minhas prestações têm sofrido reajustes sistemáticos todo ano.

Ligo para o consultório: “Alô, é do consultório do Dr. Fulano? “Sim”.  “Gostaria de agendar uma consulta”. “Qual é o convênio?” “Unimed”. Por este convênio   só para o mês de agosto, dia 30”. “Mas, moça: acho que não vou durar até lá”! “Sinto muito, meu senhor. Vai ter que agüentar”.

Isto que acabei de narrar, não é uma mera dramatização. É verdadeiro. Se alguém quiser saber os nomes dos médicos, é só me perguntar, que eu conto.

Aí, continuando o périplo, a gente que mìnimamente pode viajar para Goiânia – lá a coisa flui com rapidez – alguns exames exigem “autorização da base”. “Autorização da base é quando a Unimed de lá passa um fax para cá, solicitando a tal autorização daqui para o dito exame. Ora, quem está fora, pagando a pensão a comida, o transporte, não está lá para passeio. Frequentemente a tal autorização é negativada aqui. …(desculpem, negativada é não autorizada). É como se o médico de lá não soubesse bulhufas e o daqui sabe tudo. Sabe até que não necessito do tal exame. Aí, meu povo daqui aciona a Unimed na justiça. Então o Juiz manda a Unimed autorizar. Mas aí, já se passaram dez dias e o gerente da pensão já está desconfiado desse hóspede, que “vem pra cá e nunca sai pra ir ao médico”!!!

Nunca, na história deste país houve tanta organização não dando conta do recado de bem atender o cidadão. O INSS, os bancos (principalmente a Caixa Econômica, que diz que não é banco… é pior que banco), as operadoras de  telefonia, as operadoras de água e energia, os postos de saúde, o transporte coletivo, o povo que eporcalha a cidade e a prefeitura não limpa direito, os Correios… OS CORREIOS, DE OUTUBRO DE 2009 PARA CÁ, JÁ CAUSOU PREJUIZO A MILHÕES DE BRASILEIROS COM O ATRAZO DAS CONTAS. (Estou escrevendo em caixa alta, porque estou gritando). Os carteiros (desculpe, os agentes postais) têm levado eméritas surras dos usuários. Coitados… eles não têm culpa do Governo nomear diretores que recebem propinas em cadeia nacional e nem é molestado. Estive pensando… se cada um de nós calculasse os juros e multas pagas por causo do atraso dos Correios e acionasse o “dito cujo”…

Desculpem respeitáveis leitores, por ter desviado o foco, que é a Unimed, mas é tanta coisa que está precisando ser consertada neste País, que fica difícil centrar em uma só.

Tem mais: já  descobri até médicos que saíram da Unimed por causa da baixa remuneração. Que me desculpe o SUS  mas, em breve ele vai ter companhia no quesito  como atender mal.

Quando o Delfim Neto chamava o Brasil de “Belindia” é por que ainda havia um pouco de Bélgica espalhada por aí, mas agora estamos mais pra uma Bangladesh (que me desculpem os bengali). É no que dá, querer perseguir a modernidade sem o verdadeiro desenvolvimento.

 

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paula: