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Grevistas da Educação pedem auxílio aos deputados

Durante a sessão de ontem, centenas de trabalhadores em greve há 23 dias foram à Aleac pedir ajuda aos deputados estaduais. Eles querem que os parlamentares intermediem as negociações com o Governo. O presidente da CUT e do Sin-teac, Manoel Lima, acha fundamental a presença do Poder Legislativo para se chegar a um consenso com o Governo e o movimento de paralisação chegar ao fim. “Nós estamos pedindo a solidariedade de todas as entidades públicas, inclusive, do Poder Legislativo.
Nós queremos o apoio dos deputados para que essa disputa acirrada entre os trabalhadores e o Governo possa chegar ao fim. O objetivo é terminar a greve com uma proposta que seja pelo menos razoável para a categoria e que a gente possa voltar às aulas”, explicou.

Segundo Manoel Lima, já há uma nova proposta da categoria em análise.  “Parecia que não tinha mais conversa se não aceitássemos a proposta do Governo. A nossa proposta agora é que se faça a antecipação da ‘puladinha’, que é de 10%, já que não se pode dar um aumento por causa da lei eleitoral. A “puladinha” acontece de três em três anos quando o trabalhador em Educação tem direito a 10% de reajuste. Mas como a grande maioria dos trabalhadores só teria esse direito, em 2012, nós estamos pedindo a antecipação. Essa é uma forma de dar 10% de aumento para a categoria nesse momento”, justificou.

Indagado sobre o desgaste para o Governo e o seu Sindicato por causa da greve, Lima, ressaltou: “todo mundo tem o que merece. Portanto, o Governo é merecedor do desgaste. Acho que perderam as duas partes. O Governo que se torna intransigente na sua proposta e os trabalhadores em Educação que terão de voltar às escolas para reporem as aulas. Mas acima de tudo tem o principal que é ganhar a dignidade e exigir aquilo que nós temos direito”, ressaltou.

Quanto a uma possível candidatura sua a deputado esta-dual, Manoel Lima, ironizou: “estou há 22 anos no movimento sindical e toda vida me disseram que sou candidato. Sou atualmente presidente do Sin-teac. Faz tempo que essa história vem zoando na minha cabeça. Mas o homem e a mulher não são o que outros dizem. Sei da minha prática que é de líder sindical que está defendendo a sua categoria”, disse ele.

Para Alcilene Gurgel do Sinplac o desgaste maior do movimento grevista é para o Governo. “Uma greve sempre tem o lado negativo. Acho que dividendos políticos quem perde mesmo é o Governo. Não sou candidata a nada e estou num movimento que considero justo por causa da falta de respeito com que o Governo está nos tratando. Desde o ano passado não temos nenhum reajuste salarial. Por isso, fomos quase que empurrados para chegarmos a esse momento. Então cada um de nós vai ter que arcar com ônus desse movimento. Mas a categoria em si se fortaleceu porque fazia anos que a gente não conseguia essa credibilidade. Quando se chega com uma proposta que não nos contempla a categoria diz não. Em outros momentos já ficavam com medo e retornavam. Mas o nosso movimento está forte”, salientou.

Deputada analisa a greve
A deputada Idalina Onofre (PPS) estava na tribuna quando entraram os professores nas galerias. Ela aproveitou e direcionou o discurso aos grevistas. “A gente não pode ir pelo lado da secretária de Educação, que apela para que voltem a trabalhar sem a categoria ter o reajuste pedido. É preciso atender os professores como foram atendidas outras categorias com um pouco de ga-nho. A greve é justa. A categoria é responsável pela formação do nosso povo. Acho que nós estamos fazendo uma oposição madura mostrando as fragilidades do Governo, mas jamais vamos usar isso como palanque político. Vamos só incentivar que lutem pelos seus direitos”, afirmou.

Governistas ajudam a reabrir negociações 
Depois de uma reunião de uma hora, os deputados da base governista analisaram as conversas com os sindicalistas. “Os professores estão num impasse muito grande nas negociações. Tiramos um encaminhamento através de um contato com a equipe econômica do Governo. Tenho certeza que o Governo sempre teve habilidade de fazer boas negociações. Apesar desta estar demorando mais. Mas não tenho dúvidas que haverá uma saída honrosa para a greve que atenda as reivindicações dos nossos professores”, afirmou Thaumaturgo Lima (PT).

O líder do governo, deputado Moisés Diniz (PCdoB) também acredita numa solução razoável para todos os lados. “Reabrimos a negociação e o Governo vai receber os sindicatos novamente. Acredito que vai haver uma solução. A situação está insustentável tanto para o movimento quanto para o Governo. Está ruim para os dois lados e pior ainda para o Acre. Acho que vai ter uma solução, senão, na terça-feira nós receberemos novamente os sindicalistas para discutirmos uma nova ação. O nível de radicalização chegou a extremos e tinham se encerrado as negociações, mas nós conseguimos reabrir. O Governo e os sindicatos já perceberam que não dá para continuar esse cabo de guerra”, finalizou.

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