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Moisés Diniz: “o Acre precisa avançar na tecnologia do diálogo”

O líder do governo, deputado Moisés Diniz (PCdoB), acabou tendo um papel importante para a solução da greve dos professores que durou quase 30 dias. O parlamentar, que já foi sindicalista, conseguiu ponderar com as duas partes envolvidas no movimento, os sindicatos e o Governo. No dia que a greve terminou Moisés Diniz resolveu desabafar. “Em qualquer sociedade moderna é preciso ter bons dirigentes com a capacidade de diálogo. Saber o momento correto de avançar e recuar. O momento de fazer e não fazer a greve. Desde o começo tinha dito que era uma greve atípica. Por conta do período eleitoral só se podia conceder a reposição salarial”, lamentou.

Moisés destacou que havia os aspectos jurídicos e políticos envolvidos. “Num movimento social às portas de uma eleição alguém vai querer tirar proveito”, disse ele. O líder salientou ainda o aspecto da agressividade que foi tomando conta do movimento.  “Foi um movimento grevista com muita intensidade contra quem está no governo. Assisti durante vários dias as manifestações por ser ao lado do meu local de trabalho, na Aleac. Vi muitos ataques aos deputados professores, ao governador, ao ex-governador Jorge Viana, ao senador Tião Viana e contra partidos da FPA. A situação ficou muito conflagrada num momento muito ruim para se estabelecer um cabo de guerra. Mas, apesar de tudo, o governador Binho Marques se comportou como um pai. Ele sofreu muitos ataques injustos sendo que ele que conduziu, desde 99, os avanços da Educação. Subiu de 25% para 35% os investimentos”, defendeu.

Moisés faz questão de destacar os avanços na Educação. “Estamos encerrando o ciclo de 12 anos com o Binho sempre comandando a Educação com quase todos os professores do Acre formados com nível superior e um dos melhores pisos salariais do país. Isso não quer dizer que não precisa melhorar os salários. Vou defender sempre que o professor ganhe um bom salário. Mas estamos num Estado que não tem recursos minerais e nem uma economia forte. Portanto, para quem opera com recursos essencialmente públicos nós estamos numa situação confortável na Educação. O Binho estava entregando esse período e foi acusado de não gostar de professores e não amar a Educação. Ele está dando a vida dele à Educação e esse foi um dos constrangimentos que senti nesses dias de greve”, avaliou.

Rachas sindicalistas
O parlamentar faz muitas observações críticas em relação à maneira como foi conduzido o movimento. “Quando o movimento sindical estabelece uma ação que não está correta a tendência é formar dissenso na base. Já existe um erro de se ter dois sindicatos na Educação. A Saúde está padecendo porque lá tem quatro sindicatos que não se entendem. A Educação está fluindo para o mesmo rumo. Além do Sinplac e do Sinteac, já há notícias que estão querendo construir um sindicato dos trabalhadores de apoio. Portanto, a divisão dos seus trabalhadores é um golpe na Educação. Numa situação difícil com pouca margem de manobra do Governo para atender os reclamos do movimento a situa-ção se radicalizou. Foram insuflando a categoria e teve um momento que perderam o controle”, argumentou.

O diálogo como chave da solução
Depois de observar, o deputado Moisés Diniz, resolveu auxiliar as duas partes.  “Vi que não era o momento exato para aquela conflagração e acirramento. Os operadores do Governo estavam tendo muitas dificuldades de conduzir o encerramento da greve. Os líderes sindicais estavam perdidos, inclusive, alguns brigando entre si e sem controle junto à base. Resolvi fazer uma ação atípica que foi me despir do papel de líder do Governo e ir dialogar com as lideranças dos trabalhadores que não se entendiam. Fui dizer que tinha chegado ao limite e o Governo não sabia mais o que fazer. Na verdade, o Governo nunca tinha fechado as portas para negociação. Só nesta semana que isso aconteceu. Foram 29 dias de negociação. Teve dias com duas rodadas de negociação. Portanto, nunca faltou diálogo e não houve prepotência e nem uma ação de repressão ao movimento. Mas o destaque foi essa boa vontade do governador. O Binho começou lá atrás organizando os trabalhadores e levando escolas cobertas de palha aos seringais de Xapuri. Ele não está numa luta qualquer de poder educacional”, justificou.

Retaliações e lições da greve
Moisés Diniz garante que não haverá nenhum tipo de retaliações do Governo contra os grevistas. “O tradicional de um Governo da FPA é não ter corte de ponto. A reposição de aulas é uma tradição que o sistema educacional encontra suas formas. Mas fica a lição que num sindicato como o da Educação é preciso estar em permanente diálogo com o Governo para que situações como essas não se repitam. O essencial é dialogar até a exaustão. E vejo que isso é necessário para os dois lados da mesa. Precisamos ter maturidade. As conquistas do Acre foram os avanços na Educação, na Saúde, na ética e combate à corrupção. Mas acho que tem uma tecnologia que precisa ser aperfeiçoado no Acre que é a do diálogo. Não vai haver nenhuma retaliação porque o comandante do processo é o governador. Ele agiu de forma magnânima mesmo sendo incompreendido na sua trajetória de construtor da Educação”, finalizou.  

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