As palavras ‘falta’ e ‘atraso’ foram, sem dúvida, as mais proferidas ontem nas salas de aula e repartições públicas da Capital. Com a greve por tempo indeterminado dos motoristas e cobradores de ônibus, deflagrada ontem, milhares de usuários da cidade já sentiram os prejuízos que terão nos próximos dias. Afinal, se com 100% da frota já há várias reclamações, imagine agora, quando apenas 40% estão operantes normalmente e 60% atuam em horários de pico (das 6h às 8h, de 12h às 14h e das 18h às 20h)!
A revolta dos usuários de Rio Branco foi tão grande que alguns estudantes de História e outros cursos da Ufac até chegaram a montar uma linha de bloqueio num lotado e caótico Terminal Urbano, por volta das 9h da manhã de ontem. Por conta do ato, o sindicato liberou a passagem de alguns carros com destino à Ufac.
Alguns chegaram atrasados, mas outros nem isso conseguiram. Segundo Luan Maciel, aluno de Engenharia Florestal da Ufac, os trabalhadores deveriam pensar mais nos usuários antes de encostar os ônibus. “É um absurdo. Eu saí de casa às 6h, esperei mais de 1 hora e cheguei aqui (terminal) antes de 8h. Fiquei esperando de novo até agora (10h30) e não saiu nenhum ônibus. Eu desisto, estou indo para casa”, narra ele.
Situação semelhante viveu Bruna Souza Ferraz, aluna de nutrição. Ela conta que saiu de casa (no Tropical) às 8h, mas até às 11h não havia conseguido ir para a Ufac. “Eu nem sabia dessa greve. Cheguei aqui e me deparei com atraso e essa lotação. Deviam deixar pelo menos os coletivos da Ufac e de hospitais funcionando”, comentou a moça.
Motoristas se desculpam e dizem que não são únicos culpados – Para esclarecer a situação, os motoristas e cobradores se desculparam pelos transtornos gerados pela paralisação e deixaram bem claro que a greve não é de culpa exclusiva da categoria. De acordo com Clodoaldo Cristiano, motorista filiado à CTB e ao Sinttpac, o objetivo do movimento jamais teve intuito de prejudicar a população, e sim denunciar os ‘abusos’ aos quais os trabalhadores precisam se sujeitar diariamente.
Para tanto, Clodoaldo contou que o Sinttpac tentou negociar 5 vezes com as empresas de Transporte Coletivo, inclusive envolvendo o MPT/AC para intermediar o diálogo. Como não houve acordo, a classe, em uníssono, votou pela greve. Ao todo, ele disse que Rio Branco possui 117 ônibus (47 andando nas horas normais e 70 nas de pico).
“Não queremos ficar parados, mas como eles não dão o braço a torcer, precisamos agir. Nosso salário é um dos mais defasados que existe e a lei da intra-jornada é péssima para o trabalhador, que entra no serviço às 4h da madrugada e fica até depois do meio-dia tendo um intervalo desnecessário de 20 min. ao invés de seguir direto”, completou.