Se nos grandes centros do país os industriais ficam de olho nos indicadores econômicos para as tomadas de decisões, no Acre a mira é o céu. A chegada do período de chuvas é um dos piores momentos para o setor. Com a Construção Civil (principal força motora da economia local) parada, toda a cadeia produtiva do Estado fica estagnada.
A impossibilidade de colocar homens e máquinas para trabalhar nos canteiros de obras durante os meses chuvosos deixa a Construção Civil amargando prejuízos. Já quando o sol mostra toda a sua força na Amazônia Oriental, o cenário começa a mudar. A comprovação está na Pesquisa Indicadores Industriais, uma análise mensal da Fieac (Federação das Indústrias do Acre).
Depois de seguir curvas decrescentes desde o final do ano passado – quando as chuvas se intensificam -, os dados do último bimestre revelam recuperação nos principais setores da atividade econômica. Março e abril marcam o período de transição do inverno para o verão amazônico. As vendas da indústria em março deste ano, ante fevereiro, ficaram 4,40% maiores.
O nível de emprego também apresentou números positivos: 5,09%. O índice que apresentou o maior resultado foi o de dias trabalhados. Comparado com fevereiro, a média de dias trabalhados neste início do segundo bimestre ficou 19% acima. Essa análise funciona como um termômetro da atividade industrial – quanto maior o número de dias em funcionamento, mais se está produzindo.
A Construção Civil foi o segmento analisado que obteve os melhores desempenhos, destacando-se o de Empregos. A abertura de novos postos foi de 10%. “Foram sete mil empregos gerados”, comemora João Francisco Salomão, presidente da Fieac. Para ele, a tendência para o resto do ano é de crescimento. A grande aposta está no volume de obras a serem executadas no Estado.
O investimento público na área da Habitação é visto pelo setor como uma oportunidade para incrementar os ganhos. Não somente o setor estatal como o privado têm grandes planos para a construção de imóveis. “Isso significa que não só as construtoras, mas toda a cadeia econômica do Acre vão ser beneficiadas, pois a maioria dos insumos são produzidos aqui mesmo”, diz Salomão.
A euforia de Salomão é reforçada pela análise técnica do economista Carlos Estevão, da Universidade Federal do Acre e coordenador da pesquisa da Fieac. “A tendência é de crescimento diante do impulso da Construção Civil, que passará a comprar mais madeira, tijolos, areia; beneficiando diretamente a indústria de transformação”, ressalta Estevão.