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Revoltados, estudantes fecham terminal para apoiar motoristas

A greve dos motoristas e cobradores de ônibus chegou ontem ao seu 4º dia e parece que a história ainda está longe de um final feliz para os trabalhadores, para as empresas e, principalmente, à população de Rio Branco. Após tentativas da Rbtrans e das audiências no MPT para restabelecer o diálogo, um acerto entre as partes não chegou nem perto de ser alcançado e, portanto, a greve continua com a mesma força.

Em virtude da paralisação de 40% da frota (117 carros), estima-se que mais de 100 mil usuários já tenham sido prejudicados, com mais de 240 mil viagens que deixaram de ser efetuadas. Assim, um caos generalizado espalha-se pela cidade: Terminal Urbano lotado e com só uma plataforma operante, paradas cheias, poucos ônibus nas ruas, além de salas de aula e repartições de trabalhos vazias (alguns interrompidos).

Revoltados com tal cenário, mais de 500 estudantes de escolas do Centro foram à frente do Terminal Urbano, ontem, ao meio-dia (horário de pico), e bloquearam de vez (100%) a entrada e saída de ônibus do local. Eles foram até o local para mostrar o seu apoio ao movimento grevista e cobrar melhores negociações da parte do Sindcol/prefeitura. Com isso, toda a frota ficou parada, numa enorme fila indiana pela Avenida Brasil, impedida de encostar no terminal pelos protestos.

Além do protesto em prol da greve, os estudantes cobram da administração pública a entrada de pelo menos mais 1 empresa para melhorar a quantidade de fornecedoras do Transporte Coletivo (mais ônibus e menos atrasos). O movimento durou quase 2 horas, até que os estudantes começaram a se dispersar. Mas isso não foi o fim. Se a paralisação continuar como está (‘passos de tartarugas’) é provável que surjam mais mobilizações estudantis.

Até o fechamento desta edição, o Sinttpac e o Sindcol esperavam pela decisão do 14º TRT/RO sobre a legalidade ou não da greve, que deve sair ainda hoje.

Intra-jornada: o impasse – Para entender o que breca as negociações entre motoristas e empresários é preciso, antes de tudo, saber sobre a principal reivindicação da greve. A intra-jornada de trabalho é um item que está previsto pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho, norma maior) como sendo obrigatório, de forma geral, aos trabalhadores.

Antes, a intra-jornada não era aplicada em Rio Branco, até que veio a antiga direção do Sinttpac (Averaldo Azevedo) e pediu a adoção do ‘benefício trabalhista’. O MPT e o Sindcol concederam o pedido e a medida passou a vigorar. Contudo, a atual presidência do Sinttpac (Celina Costa) prega que a intra-jornada é causadora somente de prejuízos, e acusa a gestão anterior de ter exigido o direito sem o consentimento dos trabalhadores.

“Com ela, o servidor tem que trabalhar 6h, parar por 20min para descansar e depois cumprir 1h ou mais de serviço (H. Extra). Porém, o Sindcol e a prefeitura não oferecem as mínimas condições para este descanso, tais como alimentação, cama ou mesmo um sofá. Daí, o trabalhador tem que dormir encostado nas grades ou no chão, e ainda com fome. Isso também atrapalha o usuário porque durante estes 20min o ônibus fica parado. Ou seja, é bem melhor não ter intervalo”, explica o motorista Raimundo Paulo.

Até ontem, a greve não chegava a um acerto porque não há um consenso entre as partes. De um lado, as empresas empurram a questão para a Justiça ao afirmar que impõem a intra-jornada para cumprir a CLT. Do outro, os motoristas alegam que não há acordo por falta de vontade dos patrões, já que a norma UJ do Tribunal Superior do Trabalho (TST) garante o fim do descanso ou que o seu tempo seja definido através de acordo.

Sindcol aumenta reajuste – Segundo a presidenta do Sinttpac, após a reunião de quarta à tarde, no fórum trabalhista, o sindicato das empresas (Sindcol) fez nova oferta para o reajuste salarial (outra pauta das reivindicações), aumentando a concessão de 2,75% para 5,00%. Para Celina Costa, mesmo com este novo valor ainda faltará muito para que os trabalhadores aceitem fechar um valor para o reajuste.

“O pedido inicial era de 30%, em virtude das nossas perdas salariais nos últimos anos. Abaixamos tal valor para 12% para dar prioridade para a intra-jornada. Este valor de 5% ainda está bem abaixo do que exigimos”, afirmou ela.

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