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Família denuncia suspeita de vazamento de informações de dentro da polícia

A família do estudante Fabrício Augusto Souza da Costa, 16 anos, desaparecido desde o dia 16 de março, denuncia suspeita de vazamento de informações que supostamente tenham favorecido os criminosos.

A denúncia é baseada no monitoramento do chip do celular da vítima apreendido pela polícia desde o dia 31 de março, após a própria família, através de amigos, ter conseguido a quebra do sigilo telefônico de Fabrício, o que possibilitou a prisão do principal acusado, Leonardo Leite de Oliveira, 21 anos, que confessou  seqüestro e morte do adolescente.

Segundo Sérgio Costa, 46 anos, tio de Fabrício e porta voz da família, o chip foi entregue à polícia no dia 31 de março. Para a surpresa dos familiares, que em momento algum abandonaram as investigações, ao ser feito novo monitoramento descobriu-se que no dia  13 de abril, às 17h20, o chip do celular que estava em poder da polícia foi usado para uma ligação que durou 22m54, no valor de R$ 20,38.

Coincidentemente a ligação foi no mesmo dia e horário em que uma adolescente apreendida pela polícia revelava o local em que o corpo de Fabrício teria sido desovado em um açude do Ramal Itucumã, na Rodovia AC-40.

“O que mais chamou a nossa atenção foi o fato de que as pessoas que a adolescente teria apontado como participantes do crime e que moravam nas proximidades do açude teriam conseguido fugir de casa antes da chegada da polícia. A pergunta é: como que essas pessoas sabiam que a polícia estava se deslocando para prendê-los? E, principalmente, por que testemunhas informaram que os suspeitos teriam fugido minutos antes da chegada da polícia e toda a vizinhança já sabia que a polícia estava indo para o local, sendo que dias e horas antes os suspeitos continuavam no ramal?”, questiona Sérgio Costa.

MP pede explicação do suposto vazamento de informações – Segundo Sérgio Costa, tão logo a família descobriu o suposto vazamento procurou o Ministério Público, para denunciar a suspeita.

Após ouvir a família da vítima, o promotor de Justiça, Rui Lino, do MPE, mandou chamar o delegado Robert Alencar, um dos responsáveis pelas investigações. Ele pediu explicações pelo fato de o chip apreendido pela polícia e peça de investigação de um crime ainda não desvendado foi usado e por quem foi usado e para quem teria ligado.

O delegado Robert Alencar afirmou ao promotor que naquele momento não tinha uma resposta ao caso, alegando que não era ele quem presidia o inquérito policial, mas se comprometeu de investigar e no dia seguinte levar uma explicação ao Ministério Público.

Todos os fatos polêmicos das investigações foram levantados pela família da vítima – O funcionário público Sérgio Costa disse que todos os fatos polêmicos das investigações sempre são levantados pela família, e não pela polícia.

As imagens do circuito interno de segurança do Sindcol no Terminal Urbano, onde aparece Fabrício e dois homens o seguindo, foi uma das  primeiras pistas que a família conseguiu e entregou para a polícia.

Das 17 pessoas suspeitas de envolvimento no crime, oito estão presas. Desse total, somente uma não foi detida ou presa pela família de Fabrício, que conta com ajuda de policiais amigos que, de forma voluntária, tem ajudado.

O monitoramento do chip do celular que possibilitou a prisão do principal suspeito, Leonardo Leite de Oliveira, 21 anos, também foi feito pela família da vítima.

O cativeiro em que Fabrício foi mantido preso e local em que a Policia Técnica conseguiu coleta de sangue também foi localizado pela família.

Até mesmo as primeiras buscas no açude do Ramal Itucumã, local indicado pela adolescente que confessou ter participado do crime, foram realizadas pela família com ajuda de amigos da família, que são mergulhadores do Corpo de Bombeiros.

“Diante de todos esses detalhes eu pergunto: quem são esses dois homens que aparecem  nas imagens do Terminal Urbano? Será que são eles parentes de autoridades? Será que eles são o entrave dessa investigação? Por que até agora a polícia não comunicou à família quem usou o chip apreendido? E, finalmente, por que setores da polícia já anunciaram a imprensa que os autores do assassinato de um  vereador de Acrelândia já foram identificados, quando o crime aconteceu há uma semana e somente dois delegados trabalharam nas investigações, enquanto no caso do meu sobrinho são cinco delegados e não conseguiram avançar em nada?”, concluiu o Sérgio.

 

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