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Mãe teme que fiscal mate a irmã como fez com a ex-namorada

A notícia da soltura do fiscal sanitário André Raimundo da Costa Júnior, 41, a mando da Justiça, foi recebida com revolta e indignação por familiares da agente de endemias Ely Felipe de Souza, 24, assassinada por ele com um tiro na cabeça no dia 7 de março deste ano. “Ele já matou uma e temo que volte para matar à outra”, desabafou Maria Souza da Silva, mãe de Ely.
A outra citada por Maria Souza é a filha Roberta de Souza, 25, testemunha ocular da execução da irmã. De acordo com Maria, Roberta só não foi morta no mesmo dia que Ely porque a arma falhou na hora que o acusado iria disparar contra ela. “A minha filha sabia que ia morrer. Ela ainda mandou a Roberta correr, mas mesmo assim ele correu atrás dela”, conta a mãe.

Roberta é a principal testemunha do caso. Viu a forma covarde como a irmã foi arrastada pelos cabelos e executada com um tiro na cabeça. “A minha filha viu a irmã sendo arrastada e assassinada no meio da rua. Ele disse que está arrependido, que agiu com emoção, mas na verdade ele arquitetou tudo, disse que ia matar a minha filha e cumpriu a promessa”, denuncia.

André Raimundo foi solto a mando do juiz substituto da Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Rio Branco, Gustavo Sirena. Apesar da gravidade do crime, o magistrado entendeu que André Raimundo faz jus ao benefício da liberdade provisória, solicitada pela Defensoria Pública do Estado.

A partir de agora, André passa a acompanhar o processo em liberdade, sob compromisso de comparecer a todos os atos processuais para os quais for convocado. Temendo pelo que possa acontecer, Maria Souza afirma que vai procurar o Ministério Público Estadual (MPE) para pedir as providências cabíveis, haja vista que a principal testemunha do homicídio está ameaçada.

Acontecimento estranho
A prisão de André Raimundo foi relaxada no último dia 17. Na noite do dia seguinte, Maria revela que Roberta foi seguida por um motoqueiro, que ainda chegou a oferecer carona, mas a filha não aceitou e conseguiu despista-lo. “Ela vinha da escola. Ao descer do ônibus e seguir em direção de casa, apareceu aquele motoqueiro querendo que ela subisse na garupa”, narra.

Maria garante que a sua família não vai fazer nada contra André, mas não está segura de que o mesmo ocorra por parte dele, que, segundo ela, tem familiares e amigos influentes. “Não entendo como uma pessoa que premedita, avisa que vai executar o crime, executa,  volta para ameaçar, e depois de tudo isso ainda ganha liberdade”, questiona.

Outro queixa da mãe de Ely é em relação à omissão do Ministério Público Estadual, autor da ação penal. Segundo ela, o MPE sabe que Roberta é testemunha ocular do crime, que também sofreu ameaças, e nem por isso arrolou a mesma como testemunha do crime.

“Quero entender o que está acontecendo. Vou ao MPE falar com o promotor do caso para entender tudo isso. É dor demais para uma mãe perder uma filha e temer pela vida da outra. Justiça tem que ser feita”, diz desesperada.

O CRIME
Segundo a família da vítima, André tinha residência fixa no bairro da Glória e se dizia um homem solteiro. Conheceu Ely e iniciou um namoro com ela, mas em virtude do seu ciúme doentio, ela decidiu terminar tudo. Ele então passou a persegui-la ao ponto de furtar um aparelho celular para saber com quem ela mantinha contato. A vítima chegou a registrar boletim de ocorrência denunciando o furto e pedindo providência em relação à perseguição. Uma semana antes do crime, André teria visitado uma cunhada de Ely e avisado que iria matá-la. Para a mãe teria dito o seguinte: “não se preocupe não vou bater na sua filha, se for preciso eu mato”. No dia 7 de março deste ano cumpriu a promessa. Ely foi assassinada com um tiro na cabeça no meio da rua. A irmã Roberta assistiu tudo. Hoje é ela que teme pela própria vida.

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