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Wagner Sales garante que prefeitura de Cruzeiro não será “aparelhada” nas eleições

O prefeito de Cruzeiro do Sul, Wagner Sales (PMDB), concedeu entrevista exclusiva para A GAZETA. O gestor do segundo maior município do Acre falou sobre o quadro político acreano que antecede às eleições. Confirmou apoio à candidatura de Rodrigo Pinto e elogiou as parcerias que tem feito com os deputados federais e senadores. Mas voltou a destacar os desentendimentos com o Governo do Estado.

Movimentação política pré-eleitoral

Wagner Sales confirmou que o seu município já respira o clima de campanha política. “Em Cruzeiro do Sul tenho visto muitos candidatos visitando a cidade e colocando aquilo que pretendem fazer como governador. O PMDB não está fora desse movimento e tem andado bastante. Tem o Rodrigo Pinto (PMDB) como candidato que significa sangue novo no Estado. A gente tem tido uma facilidade muito grande em colocar o nome dele naquela região. Isso pelo passado do pai dele. Notadamente em Thaumaturgo, Porto Walter e Rodrigues Alves que foram municípios criados pelo Edmundo Pinto. Isso mostra um desejo do povo dali de votar no Rodrigo como gratidão”, afirmou.

Quanto as possibilidades de vitória do vereador de Rio Branco, Wagner, analisou: “a gente não faz política olhando a situação dos outros porque tem mandato, dinheiro e poder. Se fosse assim eu não teria ganhado as eleições em Cruzeiro do Sul. Todos se juntaram para me derrotar. Mesmo sem poder econômico ganhamos a eleição porque é a população que determina”, avaliou.

Reeleição de Flaviano Melo
Outro ponto que o prefeito faz questão de destacar são as possibilidades da reeleição do deputado federal Flaviano Melo (PMDB-AC). “As pessoas se enganam quando vêem essa questão do Flaviano Melo só em Rio Branco. Ele foi um político bem votado na Capital, mas esquecem de ver o poder do PMDB no Vale do Juruá. É claro que o PMDB saindo sozinho numa chapa vamos fortalecer a legenda. Nós teremos dois ou três candidatos a deputado federal em Cruzeiro do Sul se for preciso. E se for preciso colocar em Thaumaturgo, nós vamos colocar. Não vejo grandes problemas na reeleição do Flaviano Melo. Colocaremos candidatos não para ganhar as eleições, mas para ajudar”, avisou.

Quanto a possibilidade de lançar o seu filho Fagner Sales para deputado federal, Wagner, descartou. “Nós somos uma família de políticos. Meus filhos se criaram dentro da política e gostam. O Fagner é advogado, portanto, é uma pessoa que tem o direito e poderia ser um candidato. Mas não é dessa vez que será candidato. Tenho avaliado isso com a deputada Antonia Sales (PMDB), minha esposa. Ele só será candidato mesmo no futuro”, ponderou. 

“O PMDB são dezenas de partidos num só”
Indagado sobre a contradição do PMDB ter um candidato a vice-presidente, Michel Temer, na chapa de Dilma Rousseff (PT) e o partido, na maioria, apoiar a candidatura Serra (PSDB), no Acre, Wagner explicou: “o que a gente vê é que o PMDB se não fosse desse jeito não era o PMDB. Se o Ulysses Guimarães chegasse na terra hoje e visse o PMDB unido em torno de uma única candidatura em todos os estados brasileiros iria perguntar de quem é esse PMDB.

Historicamente o partido sempre foi isso. Em cada estado tem um pensamento diferente e pessoas que pensam diferente. Somos respeitados por isso. Já dialogamos sobre essa questão com a direção nacional que nos disse que temos a nossa razão. É por isso que o PMDB é desse jeito. Não é um partido, mas dezenas de partidos dentro de um só”, esclareceu.

Mas pessoalmente Wagner ainda não se decidiu por nenhuma candidatura presidencial. “Enquanto tem muitos com candidatos a presidente eu ainda não tenho. Vou ver o desenrolar dos trabalhos porque devo muito ao Michel Temer que foi uma pessoa que me deu apoio na minha campanha. E vejo com muita simpatia a Marina Silva (PV) que é acreana. Tenho certeza que se ela chegasse a governar esse país o Acre ganharia com isso. A gente tem que ver. Hoje estou muito tendencioso em dar meu voto pessoal à Marina Silva”, revelou. 

Clima perene de campanha
Indagado sobre os resquícios da eleição passada em Cruzeiro do Sul, o prefeito, respondeu: “o clima da campanha continua. Mas eu sou uma pessoa desprovida de disputa política que para mim termina no dia da eleição. Perdendo ou ganhando a gente tem que descer dos palanques. Infelizmente Cruzeiro do Sul é uma cidade onde se respira política e isso puxa muito. A oposição a mim ainda me tem como um candidato. Eu não sou candidato a nada, só a governar bem o meu município e diminuir as suas desigualdades sociais. Não adianta quererem me atacar porque não sou candidato. Tenho os meus candidatos para quem vou trabalhar indistintamente. Por exemplo, a deputada Antonia Sales é uma estrela no Juruá. Sou um dos políticos que conhece melhor todos os rios e igarapés da região. Mas hoje perco para a Antonia porque ela tem esse desejo de andar e visitar os lugares onde nunca foi ninguém”, explicou.

Aparelhamento político da prefeitura
Wagner Sales avisou aos políticos peregrinos : “não vou colocar a prefeitura a serviço de nenhuma candidatura. A Antonia sempre foi candidata apenas com os nossos recursos e não seria agora que a gente, por estar na prefeitura, iria colocá-la a serviço da sua candidatura ou de qualquer um que eu venha apoiar. Todos os deputados federais e senadores tem nos ajudado muito. Então, quero fazer campanha para contribuir e mostrar a sociedade o que todos eles fizeram para a cidade.

Tenho falado nas rádios e nas televisões de quem são as emendas para trabalharmos. Recentemente recebi uma emenda da deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) de mais de um milhão de reais para construir um grande complexo esportivo em Cruzeiro do Sul e estou divulgando. Na hora de inaugurar as obras chamo os deputados que liberaram as emendas. A gente tem que prestigiar os nossos parlamentares que tem sido muito generosos com Cruzeiro do Sul. Só este ano colocaram mais de R$ 14 milhões para trabalharmos”, comemorou.

Relação com o Governo do Estado
O prefeito ainda reclama da falta de parceria com o Governo. “A prefeitura não tem recebido o tratamento que deveria. Tenho buscado o diálogo, mas eles têm sido cruéis. Mas não tem problema porque nós estamos fazendo mais do que o Governo que se escora no Governo Federal. Não tem uma obra construída com recursos próprios do Estado. A parceria deveria acontecer porque Cruzeiro do Sul não é Amazonas. Quanto mais o governo maltrata mais a população vai ficando enraivecida. Nós estamos dispostos a mudar essa situação. Agora mesmo estamos pedindo ajuda do Governo do Estado solicitando um convênio para trabalharmos juntos nas estradas vicinais da zona rural. Quero também ajudar o Estado. O Governo não pode me ter como inimigo porque nós não estamos disputando eleições. Nós somos apenas gestores”, argumentou.

 

 

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