Na semana em que se comemora o Dia Mundial de Liberdade de Imprensa – 3 de maio – a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) faz chegar às redações de todo o planeta a 2ª Edição do estudo de direito comparado sobre ”Liberdade de Informação”.
Três exemplares foram endereçados a esta GAZETA. Fiz questão de ficar com um deles. São 162 páginas de fácil leitura. Em suma, a Unesco alerta o mundo sobre a importância da liberdade de informação como parte integrante e indissociável do direito humano fundamental de liberdade de expressão.
O assunto é de especial relevância e deve servir de reflexão não só aos profissionais das mídias, mas principalmente aos gestores públicos que utilizam o “sigilo” para acobertar práticas nem sempre condizentes com a função pública ou mesmo para disfarçar a própria incompetência.
No Brasil, o Projeto da Lei Geral de Acesso à Informação (PL.5228/2009) aguarda apreciação pelo Senado Federal e sanção pelo presidente da República. A matéria regulamenta o acesso às informações na administração pública, que infelizmente, nem sempre são repassadas à sociedade de maneira clara e precisa.
Encarregados da difícil missão de encurtar o caminho entre a informação e a sociedade, nós, jornalistas, acabamos frustrados durante a colheita de dados. Nos casos mais graves o desfecho é ainda pior. Ao buscarmos esclarecimentos sobre práticas ilícitas, envolvendo o poder público, acabamos por acionar o invisível braço estatal que opera dentro das redações.
Sei que o jornalismo implica escolhas difíceis. Que a função exercida não é compatível com os salários. Que, em muitos casos, somos utilizados como mercadoria de troca. Que somos caluniados, injuriados e difamados – até mesmo pelos próprios colegas – e que toda vez que denunciamos alguém – ou tentamos – ganhamos um inimigo em potencial.
Mas isso não nos dar o direito de pegar o caminho mais fácil. De voltar os nossos gravadores e os nossos microfones apenas para um lado da notícia e deturpar a realidade, num flagrante atentado a liberdade de informação e desrespeito ao cidadão.
A liberdade de expressão é um bem coletivo e como tal deve ser resguardado por todos nós.
* Dulcinéia Azevedo é jornalista e escreve nesse espaço às terças-feiras.