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Lula é o máximo, senão vejamos!

Por mais que a vida ande por estas viagens tão constantes, por estas idas e vindas de um cotidiano pleno de tantos sábios e de tantos quantos sempre dados à enganação, jamais deixarei de estar de braços dados com a verdade, por onde quer que seja, até por estas ruas e praças do meu mundinho caótico que só cabe em mim mesmo. Ah! Esta minha musa maior! A doce e meiga verdade, cinderela às avessas dos embusteiros e proxenetas.

Mas não basta ir ao logradouro público, na praia ou no mato, com a simples finalidade de mostrar para os outros a beleza pura da minha verdade feito prostituta cara  –  caríssima, como todas elas  –  é preciso apresentá-la ao mundo com amabilidade suficiente que consiga encher o enorme caminhão que carrega o orgulho das certezas e convicções.E fala mais alto, enfim, aquele que tem a mais plena certeza posto que, como no jargão, a mentira tem pernas curtas e asas de filó. Mesmo tendo-se em consideração que muitos são aqueles que, por vezes, tropeçam na verdade, há, infelizmente, uma maior parte dos homens que torna a se levantar e continua depressa o seu caminho, firmemente, como se nada tivesse acontecido. Lamento deveras!

Aos meus diletos amigos de infortúnio, colegas de copo e de cruz, como na   poesia, já abusando dos aforismos, devo dizer que toda a verdade convicta cria logo discípulos porque o que seduz na força da verdade é a natureza da sua força. Se dêem bem com a verdade. Fiquem muito à vontade… Na dúvida, digam a verdade!
Pois bem. Desde algum tempo, eu e alguns muitos milhões de brasileiros, amantes da verdade, temos lido os mais variados tipos de correspondências tratando de todos os pontos de vista que esta minha pseudo-democracia de boteco autoriza, ou não, sobre a nobre instituição denominada Presidente da República.

O professor Hélio Moreira, de História, da Ufac, e o professor Pedro Lima, de Economia, da UFRJ, dentre outros proeminentes, autorizam-me a aproveitar a mesma democracia e tomar a liberdade de convidar-lhes a fazer uma rápida viagem pelos esboços que seguem, da mesma forma como temos lido as tantas mensagens em que são abordadas apenas algumas meias verdades ou mentiras completas.

Por aí afora, tenho andado de par com alguns mestres e doutores sociólogos, a exemplo do nosso incomparável Pedro Vicente da Costa Sobrinho, da UFRN, que, desde muito tempo, aceitam o fato de o Presidente Luiz Inácio nada entender de Sociologia, mas ter conseguido elevar trinta e dois milhões de miseráveis e pobres à condição de consumidores.

Os tantos estudiosos do tema não tiveram arcabouço teórico para tanto. Lula apenas precisou de prática. Da mesma forma, o Ibrahim Eris e o Aloízio Mercadante, doutores pela Faculdade de Ciências Econômicas da Unicamp e professores da Usp, também apregoam nas salas de aula e no parlamento que o homem não entende de Economia, nem é formado em Administração de Empresas ou Gestão de Negócios, mas pagou as contas de Fernando Henrique Cardoso, zerou a dívida com o Fundo Monetário Internacional e ainda empresta uma boa grana aos ricos do jet-set internacional. Paulo Freire, o mago da pedagogia, previu, há três ou mais décadas, e o Moacir Gadotti e o Dermeval Saviani, cientistas sociais brasileiros, professores de cursos de Doutorado em Educação na Europa, hoje confirmam ao revelarem, em seus escritos, que Lula, o analfabeto, que não entende de Educação, criou mais escolas e universidades que os seus antecessores juntos.

Foram catorze universidades públicas federais. Ademais, estabeleceu mais de quarenta campi no interior dos estados e, numa atitude fantástica, criou o Pró-Uni, aquele programa que leva os filhos dos mais pobres aos cursos superiores, meio milhão dos quais com bolsas para as faculdades particulares. Ora, bolas! O FHC era e é professor emérito da Usp, um sociólogo e tanto, cientista social conhecido internacionalmente mesmo antes de ser presidente, com dezenas de obras publicadas sobre a pobreza cultural e institucional brasileira, e nada disso fez. Era preciso, sim, que um nordestino cabeça chata e não alfabetizado viesse para fazê-lo, como fez.Lula não entende de finanças nem de contas públicas, mas elevou o salário mínimo de sessenta e quatro para mais de duzentos e noventa e um dólares, isto, em valores de janeiro de 2010. E não quebrou a previdência como previra FHC. Lula, que não entende de Psicologia, levantou o moral da nação e disse que o Brasil está melhor que o mundo, muito embora o PIG – Partido da Imprensa Golpista, que entende de tudo, diga que não. Lula, que não entende de engenharia, nem de mecânica, nem de nada, reabilitou o Proálcool, acreditou no biodiesel e levou o país à liderança mundial em combustíveis renováveis, o maior programa de energia alternativa ao petróleo do planeta. Lula, que não entende de política, mudou os paradigmas mundiais e colocou o Brasil na liderança dos países emergentes; passou a ser respeitado e enterrou o G-8, quando criou o G-20, o grupo das vinte nações mais importantes do mundo. 

 Lula, que não entende de política externa nem de conciliação  –  pois foi um sindicalista brucutu  –  mandou às favas a Alca, a associação para o livre comércio das Américas, e passou a olhar para os parceiros do sul, especialmente para os vizinhos da América Latina, onde exerce liderança absoluta sem ser imperialista. Tem fácil trânsito junto a Uribe, Chaves, Fidel, Obama, Morales, dentre tantos. Lula, que não entende de mulher nem de negro, colocou o primeiro negro no Supremo (desmoralizado por brancos), uma mulher no posto de primeira ministra, e que pode, inclusive, vir a ser a sua sucessora. Lula, que não entende de etiqueta, sentou ao lado da rainha  –  a convite dela  –  e afrontou a nossa fidalguia branca de lentes azuis. Lula, que não entende de desenvolvimento, nunca ouviu falar de Keynes, ou de Ricardo, criou o PAC – Plano de Aceleração do Crescimento, antes mesmo que o mundo inteiro dissesse que é hora de o Estado investir. Hoje, o PAC é um amortecedor da crise. Lula, que não entende de crise, mandou baixar o IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados  –  e levou a indústria automobilística a bater recordes em trimestres seguidos, o que também aconteceu com a linha branca de eletrodomésticos.

Lula, que não entende de português nem de outra língua, tem fluência entre os líderes mundiais e é respeitado e citado entre as pessoas mais poderosas e influentes no mundo atual. É o melhor do planeta, o grande líder do século XXI, para o Le Monde, Times, News Week, El País, Financial Times, dentre outros. Lula, que não entende de respeito aos seus pares, pois é um brucutu, já tinha empatia e relação direta com George W. Bush  –  notada até pela imprensa americana  –   e agora tem a mesma empatia com Barack Obama. (A tradução da imprensa brasileira foi covarde. Para Obama, Lula is the man – Lula é o homem, e não Lula é o cara. Ora bolas! O cara é uma gíria abjeta que, em se tratando de um líder, apenas denigre.) Lula, que não entende nada de sindicato, pois era apenas um agitador, é amigo do tal John Sweeny, presidente da AFL-CIC  –  American Federation Labor-Central Industrial Congress   –   a central de trabalhadores dos Estados Unidos, que lá, sim, é única. Lula entra na Casa Branca com credencial de negociador e fala direto com o Tio Sam lá, nos States.

 Lula, que não entende de geografia, pois não sabe interpretar um mapa, é autor da maior mudança geopolítica na história das Américas. Lula, que não entende nada de diplomacia internacional, pois nunca estará preparado, age com sabedoria em todas as frentes e se torna interlocutor universal. Lula, que não entende nada de história, pois é apenas um locutor de bravatas, faz história e será lembrado por um grande legado, dentro e fora do Brasil. Lula, que não entende nada de conflitos armados nem de guerras, pois é um pacifista ingênuo, já é cotado pelos palestinos para dialogar com Israel.Lula, que não entende nada de nada, é bem melhor que todos os outros…Se fosse a Senhora Kirchner ou o pulha do Maradona que tivessem feito tanto pela Argentina perante os argentinos e o mundo, eles, esses vizinhos antipáticos, contariam nos dedos cem anos de bravatas e gabolices referentes à glória que é ter um filho da pátria que significa tanto para o concerto das nações. No Brasil, ao contrário, por ciúmes, a ação de um homem público tão proeminente, se considerada a sua origem, gera apenas a inveja dos idealizadores do caos para quem a civilização brasileira ainda não atingiu os patamares do Haiti ou do Zimbábue.Quantos livros leu o senhor, meu notório impávido colosso, durante o ano de 2009? O Marcos Coimbra leu, já, apenas doze, em 2010. Eu não li mais que seis no ano passado, incluindo Uma breve história do mundo, do Geoffrey Blainey… E é aí onde busco a verdade e onde sempre a tenho encontrado, como se não fosse tão fácil…   

Eles pensavam poder abafar e vencer a verdade, que é sempre vitoriosa, ignorando que a própria essência da verdade é que quanto mais quisermos comprimi-la, mais ela cresce e se eleva. Cresçamos a apareçamos, juntos, unidos e perfilados, para a grandeza desta nação de enganadores cada vez mais diminuídos em número, mas sobejamente ampliados em qualidade.

* José Cláudio Mota Porfiro é escritor produtivo e não alinhado. Doutor em Filosofia e História da Educação pela Unicamp. Assessor da Prodgep/Ufac.

 

 

 

 

 

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