Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

A língua portuguesa em mil e quinhentos anos de história

A história da Língua Portuguesa começa com a constituição do Condado Portucalense, atual Portugal, por volta de 1095. Nos manuais de filologia e de gramática histórica, há afirmação de que a língua portuguesa já era um idioma estruturado na segunda metade do século XII. E, falada, hoje, por aproximadamente duzentos e sessenta milhões de pessoas, é o sexto idioma no mundo, ultrapassado, apenas, pelo chinês, o inglês, o espanhol, o híndi e o russo.

Desde o mais remoto texto literário conhecido, A cantiga da Ribeirinha, do trovador Paio Soares de Taveirós, produzido no provável ano de 1198, até os dias atuais, quando José Saramago escreve A história do cerco de Lisboa, o idioma português se caracteriza como uma língua de cultura capaz de expressar, não só a ingenuidade do lirismo medieval, mas, também, as conquistas, as frustrações e as expectativas de um mundo que se torna cada vez mais complexo.

Originada do latim vulgar, a língua portuguesa evolui do século XII ao século XVI, considerado o período arcaico, quando se dá sua fixação enquanto idioma que representa uma nova realidade independente. A partir do século XVI, época das grandes transformações sociais, políticas, econômicas e culturais, em Portugal, constitui-se o período moderno. Com a expansão ultramarina portuguesa, essa língua vai ser o instrumento de comunicação não só em Portugal e Brasil, como também em outros pontos do mundo, caracterizando-se como a língua oficial, hoje, dos países africanos que integram a comunidade de fala portuguesa: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, a que vem somar-se, ultimamente, o Timor Leste.

A difusão da língua portuguesa trouxe, como conseqüência, à diversificação de sua estrutura léxica: o português falado no Brasil, por exemplo, distingue-se daquele falado em Portugal em face das contribuições indígenas e das línguas faladas pelos escravos africanos, pelos brasileirismos e, ainda, pela influência dos idiomas trazidos pelos imigrantes a partir do século XIX. Do século XII ao século XX, quando essa língua vai assumir, talvez sob o ponto de vista da sua importância enquanto língua, na obra de José Saramago, pelo fato talvez banal e talvez extremamente importante de ser uma obra escrita em português merecedora do Prêmio Nobel de Literatura.

Também, não seria demais repetir que, atualmente, perto de 260 milhões de pessoas falam a língua portuguesa. E mesmo assim é uma das poucas línguas que permanecem com a sua unidade lingüística. Mesmo que tenhamos diferenças em relação ao português lusitano, ao falado nos países africanos, em relação ao Brasil, pode-se dizer que a língua portuguesa é uma só, com muito pouca expressão do ponto de vista das diferenças que possa apresentar. Há regiões inovadoras, outras conservadoras e, assim, a língua lusitana resiste às intempéries do tempo, às vicissitudes das influências de outras culturas. Com o correr dos anos, evidencia-se, diante do mundo, a unidade lingüística do grande império de Língua Portuguesa.

DICAS DE GRAMÁTICA MAIS e MAS
Mas: é uma conjugação, palavra invariável que une termos de uma oração ou orações.
Exemplo: A situação social do país é precária, mas ainda existem aqueles que só buscam privilégios pessoais.
Mais: é um advérbio de intensidade, palavra que caracteriza o processo verbal, exprimindo circunstâncias em que esse processo se desenvolve. Podendo modificar também adjetivos e advérbios.
Exemplo: Hoje não ouço mais a voz daquela gente invejosa.
Más: (pl) Adjetivo feminino de mau.
Exemplo: As más línguas de nada servem.

EU TENHO DE… ou EU TENHO QUE?
TENHO DE – quando o sentido for de obrigação, necessidade, desejo ou interesse.
Exemplos:
– O Brasil terá de importar arroz.
– Temos de prever as despesas do país.
– O trabalho tem de ser iniciado hoje.
– Eles tinham de sair cedo.
– A prefeitura teve de indenizar os desapropriados.
TEM QUE – quando expressar possibilidade.
Exemplo: É possível que você tenha que me emprestar o carro hoje.
A VISTA ou À VISTA
A VISTA – refere-se ao substantivo vista; olho; órgão visual; paisagem.
Exemplos:
– A vista daquele homem parece triste.
– Ela tem uma bela vista de seu quarto.
À VISTA – na presença de; a dinheiro; pagamento da mercadoria adquirida; diante.
Exemplos:
– Você vai pagar à vista?
– Eu me sinto bem à vista da luz solar.
– À vista dele você fica esquisito.

Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Mestra em Letras pela Universidade Federal Fluminense; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras.

 E-mail:colunaletras@yahoo.com.br

 

Sair da versão mobile