O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), José Machado, afirmou, em entrevista concedida ao Jornal A GAZETA na última sexta-feira (18), que não pode se tratar a Amazônia como um simples jardim botânico. Para José Machado, não é admissível ter políticas de preservação da floresta e se esquecer que dentro dela vivem pessoas que necessitam sobreviver. “É preciso fortalecer a economia da Amazônia para que seus habitantes possam desfrutar da floresta de forma sustentável”, pondera.
Machado veio ao Acre para entregar viaturas ao Pelotão Florestal da Polícia Militar, que vão fortalecer as ações de repressão aos crimes ambientais. Na avaliação do secretário, o grande desafio de proteger a Floresta Amazônica é o seu próprio tamanho. A grandeza e a complexidade da Amazônia, reitera ele, exigem não somente a presença do ser humano, mas o uso de tecnologias capazes de detectar abusos contra a floresta.
“O uso de imagens por satélites em tempo real vem sendo aprimorado não somente pelo Ibama mas pelo Inpe graças a isso, o Brasil tem sido vitorioso no combate ao desmatamento”, diz Machado. Outro empenho que tem ajudado o país a reduzir os índices de devastação da floresta é a soma de esforços por parte da União, estados e municípios.
Paralelo às ações repressivas, José Machado ressalta a necessidade de projetos econômicos específicos para a economia da região. Com alternativas econômicas sustentáveis, diz ele, o povo amazônico não precisará recorrer às atividades que venham a degradar a floresta.
O secretário-executivo lembra que o Ministério do Meio Ambiente tem como preocupação não somente apoiar a fiscalização e repressão aos crimes, mas também a elaboração de projetos que venham a garantir “o usufruto das riquezas da Amazônia”.
“Essa riqueza não pode ficar inativa”, diz. José Machado ainda defende um mesmo padrão de qualidade de vida tanto para os brasileiros da Amazônia, como para os que estão no Sul do país, mas se respeitando cada diversidade.
Quanto ao modelo de desenvolvimento econômico adotado pelo Acre, Machado diz que o Estado “está no caminho certo”. Para ele, o Acre tem implementado justamente o padrão econômico que concilia a exploração sustentável dos recursos naturais com a conservação da floresta.
Código Florestal
Questionado sobre como o Ministério do Meio Am-biente avalia as propostas de mudanças do Código Florestal, em discussão na Câmara dos Deputados, José Machado afirma que existem riscos e oportunidades em eventuais alterações.
Ele afirma que a pasta tem acompanhado de perto os debates quanto ao tema. “Temos muita divergências com o relator [do projeto de mudança, deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP)”, reconhece.
Entretanto, Machado diz que o Código Florestal precisa ser atualizado; “pode e deve ser flexibilizado em muitos aspectos”. O secretário pondera a necessidade de uma diferenciação na aplicação do código nas mais distintas regiões do Brasil.
“A Amazônia é diferente do Nordeste, que por sua vez se diferencia do Pantanal. O Código Florestal precisa ser adaptável para cada bioma do país”. Segundo José Machado, o Ministério do Meio Ambiente busca um texto de reforma que reúna avanços e conciliem produção com sustentabilidade.