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Assentamento da Bonal é modelo para o Brasil

Localizado há pouco mais de 150 km da capital Rio Branco, o Projeto de Desenvolvimento Sustentável Bonal, com suas 203 famílias, destaca-se como exemplo. Do total de 10.447 hectares de extensão, 176 ha foram desmatados, o restante é  floresta. Na área desmatada domina o plantio consorciado de seringueiras e pupunha. Cultivos que garantem a renda da comunidade. O látex colhido é todo vendido para a Natex, fábrica de preservativos localizada em Xapuri, e da pupunha é extraído o palmito de qualidade reconhecida em vários países.
 
O cultivo da seringueira garante um lucro médio de R$ 60 mil/ mes, o equivalente a R$ 3 mil por família. Nos meses de entresafra da seringa a renda vem do palmito.
No local onde vivem 203 famílias, não existe fome, dengue ou malária ( mil pessoas dormem protegidas pelos mosquiteiros impregnados por veneno contra o mosquito transmissor da doença).

Apesar de não haver pavimentação a vila é extremamente limpa. Além de ser proibido jogar lixo no chão, a comunidade dispõe de seu próprio aterro sanitário.

Luz elétrica, obtida através do programa federal Luz para Todos e nascentes de água completam o cenário, melhorado por  102 açudes feitos para a criação de peixes e 40 aviários. Gado só de leite.

Com o peixe, frango, macaxeira, palmito, leite, alguns grãos como o feijão e hortaliças produzidos na comunidade, pouca coisa vem de fora. Os alimentos industrializados, material de limpeza, roupas e calçados são adquiridos pela cooperativa que não pode obter lucro superior a 20%, ao contrário do comércio em geral onde a taxa de lucro varia de 40% a 45%.

Além do mercado da cooperativa só existe outra casa comercial na comunidade, uma casa de carne e padaria, que também segue a regra do vender mais barato.

Todas as famílias habitam casas de alvenaria com banheiro de bom tamanho, construídas com verba federal através do Incra, mas feitas em regime de mutirão. Em todas,  portas e janelas feitas na marcenaria da vila, o que garantiu a execução por uma média de R$ 15 mil por unidade.

A economia  através do sistema de união resultou numa qualidade de vida dificilmente encontrada em outra parte, o que permite que o computador na vila Bonal seja considerado um eletrodoméstico como o liquidificador. Todas as casas, possuem computador. As famílias aguardam com ansiedade a chegada da internet prometida para o final deste ano.

A comunidade dispõe de uma escola maternal. Nenhuma criança a partir de dois anos de idade fica fora da escola, na vila que enquanto aguarda a construção de uma escola modelo já prometida pelo governador Binho Marques (PT), mantém a outra escola disponibilizando o ensino fundamental para 200 alunos e enviando para a Vila Campinas todos os que cursam o 2º grau.

32 jovens da comunidade estão participando de um curso de capacitação agrícola de 300 horas na Embrapa.

Mesmo todas as casas possuindo aparelhos de TV, duas vezes por semana  os moradores se encontram no cinema improvisado. Nele não é cobrado ingresso e os filmes são levados pelo administrador do PDS, Césio Medeiros.

O administrador elaborou as regras que após discutidas com a comunidade viraram lei. Uma delas por exemplo, proíbe a existência de bares e venda de bebida alcoólica em todo o PDS, mas disponibilizou dois terrenos grandes para a construção de uma igreja católica e uma evangélica.

“São medidas restritivas e duras, mas graças a isso conseguimos comemorar um ano sem prisões, bem diferente de quando cheguei na Bonal, quando a renda estava lá embaixo e havia consumo e tráfico de drogas”, justificou o administrador do PDS, Césio Medeiros.

As 186 mulheres do PDS, se organizaram em uma associação e estão fazendo cursos de  artesanato, corte e costura e cabeleireiro. Foi atendendo ao convite desta associação que a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB), visitou a comunidade.

“Estou encantada com o que vi. .Projetos como esse são implantados aos milhares pelo Brasil afora, mas poucos dão certo como este.

Aqui é o povo da floresta organizado, limpo, bem vestido, bonito e saudável; com renda, morando bem, comendo bem e necessitando cada vez menos do que vem de fora. Até ouso dizer que é o que mais se aproxima da idéia das comunidades alternativas idealizadas no auge da revolução cultural da década de 1960. A diferença é que as pessoas do PDS Bonal querem continuar progredindo, e eu estou aqui cumprindo o meu papel de parlamentar de auxiliar no que for preciso”, destacou a deputada Perpétua Almeida.

Dentre os pedidos feitos à parlamentar comunista, destacam-se a solicitação para auxiliar as mulheres a participar dos cursos oferecidos pelo Instituto Dom Moacir e possívelmente uma descaroçadeira para garantirem a matéria prima das biojóias.  (Assessoria)

 

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