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Diretor Internacional da WWF conhece a ZAP-BR

A Zona de Atendimento Prioritário da BR-364 tem chamado atenção por causa dos projetos de desenvolvimentos sustentável aplicados na região. A adesão voluntária dos produtores rurais faz toda diferença na hora de despertar a consciência de valorização da floresta. Todas essas características atraem visitas de pessoas importantes na luta mundial pela preservação do meio ambiente. Nesta semana foi a do diretor internacional da ONG WWF, James Leap, acompanhado do secretário de governo de produção e desenvolvimento sustentável, Fábio Vaz.

“O que vimos aqui no Acre é um dos exemplos mais impressionantes em termos de integração de políticas públicas para conservação das florestas”, afirmou James Leap. A secretária geral da WWF-Brasil, Denise Hamú, e os representantes do banco alemão de fomento a projetos ambientais na Amazônia, o KFW, também acompanharam a visita que foi guiada pelo presidente do Iteracre, Felismar Mesquita.

Um dos objetivos do Governo do Estado na ZAP-BR é fortalecer as cadeias produtivas e melhorar a qualidade de vida das famílias para que elas não precisem deixar seus lares. Assim, previne uma possível pressão fundiária na região quando a estrada ficar pronta.

A construção de estradas geralmente acarreta em prejuízos para a natureza do local, sem falar dos impactos causados pela própria construção dela. O investimento do governo na região fortalece a produção sustentável e as cadeias produtivas, o que é uma forma de mitigar os impactos. A adesão voluntária dos produtores é garantia de que a floresta não sofrerá com a abertura da estrada.
“Claro que é um trabalho ainda em andamento, mas fiquei muito impressionado com o comprometimento do trabalhador e com as diversas formas de apoio do governo. É interessante o processo de engajamento dos produtores”, finalizou Leap.

“O desafio é quebrar paradigmas. Provar para os produtores rurais que aprenderam com o pai e o avô que só havia um jeito de obter alimento e riqueza da terra: derrubando e queimando a floresta. Tarefa delicada, paciente e diária”, explicou Fernando Lima, coordenador da ZAP-BR.

A mudança já pode ser sentida em vários produtores que não queimam há 3, 4, 5 anos e conseguiram aumentar a produção. A prova está em depoimentos como o do seu Chico Brabo: “já tem vários anos que eu venho tentando acalmar a força do fogo. E eu falei pros meus filhos: nós vamos dar cabo desse fogo”. Hoje, usando a Mucuna, ele não esconde o orgulho da sua produção de arroz, milho, feijão e da farinha.

Os produtores rurais, cada vez mais, estão aprendendo a enxergar o valor da floresta viva, em pé. E aceitam a vida em comunhão com a natureza, aliando produção agrícola com extrativismo, completando a renda e melhorando a alimentação.

O povo do centro
Robervânio Lopes leciona para 15 alunos de primeira a quarta séries na comunidade Bom Lugar. Da BR até a comunidade são 3 horas de caminhada pelo varadouro que atravessa a floresta. O orgulho e comprometimento com a comunidade alimentam a força de vontade, e a coragem muitas vezes é a única proteção contra qualquer eventualidade. Coisa de um mês atrás um morador da mesma comunidade foi atacado por uma onça. Salvou-se pela pontaria do companheiro de caminhada que trazia a espingarda. A sorte dele, dizem, é que a gata tinha apenas uma das presas grandes.

O trabalho continua
Muito já foi investido nesta Zona de Atendimento Prioritário que guarda características muito especiais, aproxima-se de R$ 1 milhão de reais. Aqui, comentam as moradoras, todo mês de novembro há de se fazer uma compra especial. Deve-se aproveitar as últimas semanas antes do inverno começar para aprovisionar a dispensa com rancho suficiente para cinco meses, o tempo em que ninguém entra nem sai. Por esse exemplo dá para entender o tamanho do desafio de trabalhar, morar e produzir na região.

Pelo grau de dificuldade e pelas características singulares da região, as estratégias de trabalho das secretarias que atuam neste trecho estão sempre se renovando. Soma-se nisso as novas necessidades e sonhos dos produtores e famílias. Para manter o atendimento atual e pertinente, o planejamento deve ser contínuo. Foi justamente para participar deste processo e conversar com a comunidade que o secretário de governo responsável pela área de desenvolvimento sustentável e produção, Fábio Vaz, também enfrentou a lama da estrada e passou um dia na ZAP-BR.
A presença do Estado nesta parte da BR-364 tem até salvado algumas vidas, como a da menina de 18 anos que foi alvejada no peito por um tiro de espingarda e resgata pela equipe de técnicos do Iteracre, responsável pela ZAP. (Assessoria Sismat)

 

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