Hoje a dona-de-casa Fátima Miguel de Araújo, 51, mora com os quatro filhos numa casa de alvenaria, com sala, cozinha, banheiro e três quartos, no bairro São Francisco, em Rio Branco. Em seu quintal, com espaço para as crianças brincarem, tem romã, caju, ingá e um coqueiro. Fátima foi uma das removidas de uma área de risco no bairro Chico Mendes, comprou a nova moradia com o dinheiro da indenização paga pelo Governo do Estado. A área em que morava, um igapó, agora é um lago que faz parte de um parque urbano.
Essa nova realidade faz parte da vida de 1905 famílias que moram nos bairros Chico Mendes e Eldorado, que formam a Zona de Atendimento Prioritário (ZAP) Chico Mendes. O investimento previsto é de R$ 17 milhões em infra-estrutura, habitação e área social somente nesta área. Ao término da obra, todas as ruas terão asfalto e calçadas, as torneiras terão água encanada, os esgotos serão coletados e tratados, não existirão mais áreas de várzea e, no lugar, a população terá lagos rodeados por banquinhos e playground para as crianças. Todas as ruas terão iluminação pública e os vizinhos terão áreas de convivência, espaço para caminhadas, prática de esporte, sem falar nas habitações para quem morava em áreas de risco. Tudo isso é uma ação de governo com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Lula, criada pelo Governo do Estado para promover uma mudança para a população do Acre, oferecendo qualidade de vida para aqueles que viviam em área de risco.
Orlando da Silva Leite, pai de dois filhos, tem 25 anos e trabalha na construção civil. Hoje ele ajuda a construir casas, calçadas e praças no bairro em que mora, o Chico Mendes. Além de trabalhar nas melhorias do próprio bairro, Orlando também vai receber uma casa na ZAP. “Eu morava de aluguel, com esgoto a céu aberto. Hoje eu já sei qual vai ser o meu novo endereço e como é a casinha que vai ser minha. Aqui eu trabalho com mais vontade, e com orgulho, porque eu sei que o nosso bairro vai ficar outra coisa quando estiver pronto. Nem vai parecer o bairro que era”, disse.
Infra-estrutura, habitação, área social
O Governo do Estado vai investir em torno de R$ 150 milhões nas zonas de atendimento prioritário. As ZAPs são áreas que estão recebendo grande intervenção do Governo do Estado. Elas apresentam baixa urbanização, assentamento precário com baixo capital social, vulnerabilidade ambiental, elevado número de pessoas vivendo em condições de pobreza e miséria. Elas surgiram a partir do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), um mapeamento detalhado produzido pelo Estado sobre o território, população, recursos naturais, potenciais produtivos. São seis ZAPs urbanas no Acre: Chico Mendes, Conquista, Palheiral, Santa Inês e Mauri Sérgio e Cafezal (em Sena Madureira).
Além das obras, a população que mora nas ZAPs também participa de cursos profissionalizantes (corte e costura, pedreiro, bombeiro hidráulico, cabeleireiro, pintor, informática básica, operador de caixa) e de palestras educativas sobre meio ambiente, cidadania. “A população tem que estar ciente do que vai receber e do papel que ela terá para manter essas benfeitorias. Tem que saber que se jogar lixo nos lagos, os bueiros serão entupidos, que se quebrar os postes não vai ter iluminação. Que é preciso respeitar as crianças, os idosos, os espaços físicos”, comentou Sebastião Menegazzo, chefe de Urbanização de Assentamentos Precários da Secretaria Estadual de Habitação.
“Minha casa está valorizada”
As Zonas de Atendimento Prioritário (ZAP’s) são um conceito de política pública para levar serviços básicos e estruturantes às comunidades mais carentes do Acre. Serão beneficiadas em torno de sete mil famí-lias com essa ação do Governo do Estado. “Antes a rua era um beco esquecido pelas autoridades, com esgoto a céu aberto, água encanada não existia. Agora tem calçada, rua recebendo asfalto. Minha casa não valia R$ 30 mil, hoje eu não a vendo por R$ 80 mil. Antes tudo isso aqui era péssimo. Hoje eu abro a janela e vejo um lago, com um parque sendo construído e sei que minha filha vai ter um lugar seguro e agradável pra brincar”. O depoimento é de Robisnay Silva, de 24 anos. Ele mora na área da ZAP Chico Mendes há 16 anos.
Isnay, como é conhecido entre os vizinhos, conta que as pessoas não acreditavam que um benefício do porte que a ZAP está levando, pudesse ser feito. “Onde era um igapó agora é um lago, minha filha não tinha onde brincar e agora tem um playground ao lado de casa”, comemora. (Agência Acre)