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PMs acusados de matar estudante em blitz deixam Fórum em liberdade

Familiares de Edna Maria Ambrósio Rego, 23 anos – morta a tiros de fuzil durante uma blitz de trânsito no dia 25 de fevereiro desse ano – protestaram por justiça, ontem (17), em frente ao Fórum Barão do Rio Branco, durante a realização da audiência de  instrução do processo que levará a julgamento os acusados pela morte da estudante. Munidos de faixas e cartazes, eles expuseram a sociedade a indignação em virtude dos dois acusados de efetuarem os disparos contra a estudante serem dos quadros da Polícia Militar, homens pagos para prestar segurança à população. “A polícia é paga para nos proteger”, dizia um dos cartazes.

O interrogatório foi realizado na Vara do Tribunal do Júri Popular, sob a presidência do titular, juiz Leandro Leri Gross. Foram ouvidas oito testemunhas de acusação, cinco peritos e 13 testemunhas de defesa, sendo 8 do réu Moisés da Silva Costa e 5 do réu Francisco Moreira, ambos policiais militares.

Entre as testemunhas arroladas pelo Ministério Público estava à mãe da vítima, Maria Ambrósio Rego, 45 anos. Trajando uma camiseta com uma foto de Edna, ela declarou a imprensa a sua expectativa em relação ao processo. “Eu só quero que a Justiça me dê um final feliz para essa triste história”, suplicou.
Maria Ambrósio se declara doente, em virtude do abalo sofrido pela morte da filha. Apesar das muitas promessas feitas, ela afirma que não está recebendo acompanhamento médico e psicológico por parte do Estado como ficou acertado.

O pagamento de indenização e fixação de pensão judicial também ainda dependem de decisão judicial. “Eles disseram que queria fazer um acordo, mas depois desapareceram”, disse.

No banco oposto ao de Maria Ambrósio, estava Francisca Ramos, 51 anos, mãe de Jeremias de Souza Cavalcante, 21 anos. Ele era namorado da vítima à época da ocorrência e conduzia a motocicleta que teria furado a blitz e dado causa a ação violenta dos policiais.

Edna que estava na garupa foi atingida pelas costas e morreu enquanto aguardava atendimento médico. O jovem também saiu ferido do local da ocorrência e vai responder ao processo na modalidade de homicídio culposo – quando não há intenção de matar.

Para Francisca, o filho é mais uma vítima e vai conseguir provar a sua inocência no decorrer do processo. “Ele teve uma chance de se livrar de tudo isso, mas não aceitou, vai até o final e mostrará que não teve nada a ver com o ocorrido”, disse em lágrimas.

Viúva, Francisca trabalha como doméstica para poder se manter com o filho na Capital. Os dois são naturais do município de Feijó e vieram para Rio Branco em busca de dias melhores. “Infelizmente aconteceu essa tragédia com o meu filho”, lamenta.

Também foram convocadas para a audiência de ontem, os policiais que participavam da blitz de trânsito que vitimou a estudante. As informações prestadas por eles é fundamental para o juiz decidir se vai ou não haver a necessidade da realização de reconstituição do caso, como solicitou a defesa de um dos acusados.

PMs deixam o Fórum em liberdade
Os policiais denunciados pelo MP como os responsáveis de efetuar os disparos que mataram a estudante Edna Ambrósio deixaram a Vara do Tribunal do Júri, no início da noite, em liberdade. Os alvarás de soltura foram expedidos pelo juiz Leandro Leri Gross em virtude da fragilidade dos indícios de autoria apontados até agora nos autos.

O juiz também não descarta a realização da exumação do corpo da jovem, haja vista que os laudos atestam que pedaços do projétil que causou a morte foram deixados no corpo da vítima. Por se tratar de prova essencial para se determinar de qual arma partiu o disparo, os resíduos devem ser colhidos e encaminhados para exame fora do Estado.

A audiência também revelou que um integrante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar, também estava armado durante a blitz e teve seu nome descartado pelas investigações. Dependendo do resultado da nova perícia, o mesmo pode vir a ser indiciado.

Das 26 testemunhas que deveriam ser ouvidas ontem, apenas 20 foram interrogadas. Em virtude da necessidade das novas diligências, os trabalhos só devem ser retomados depois do resultado das perícias.

Quanto aos policiais libertados, o juiz determinou que eles retomem suas atividades na Polícia Militar, mas orientou que os mesmos sejam mantidos sem a utilização de armas, como medida de cautela. (D.A.)

 

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