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Queda de samaúma adia reabertura do Parque Ambiental Chico Mendes

A queda de uma samaúma – árvore nativa da Amazônia que pode alcançar até 40 metros de altura – causou estragos nas obras de revitalização do Parque Ambiental Chico Mendes e retardou por mais alguns dias a reabertura ao público, prevista anteriormente para o final do mês de maio. A expectativa é que os trabalhos estejam concluídos em duas semanas.

O Parque foi criado em 1996 em homenagem ao líder ecologista Chico Mendes e ocupa uma área de 57 hectares de florestas primárias e secundárias, à margem direita do Km 10 da Rodovia AC-40, sentido Vila Acre/Centro. O local é considerado um dos pontos turísticos mais visitados do Acre, atingindo um público de 190 mil visitantes por ano.

De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Artur Leite, a árvore atingiu duas jaulas que haviam sido reconstruídas recentemente, onerando a obra em R$ 50 mil. Com os recursos repassados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) já esgotados, o município teve que recorrer ao Governo do Estado para proceder aos reparos.

No total, aproximadamente R$ 600 mil já foram repassados pelo BID, através de convênio, para a execução do projeto de revitalização do Parque Ambiental Chico Mendes. Em decorrência do grande volume de reparos e reconstruções, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia) ainda tentou conseguir um aditivo convênio, mas o pedido foi rejeitado.

O parque foi fechado para reforma em novembro do ano passado. A previsão de execução do projeto era de apenas cinco meses, mas em virtude do período de inverno e, posteriormente o incidente com a samaúma, as obras foram prorrogadas por tempo indeterminado.

Artur garante que graças ao socorro financeiro do Governo do Estado os trabalhos estão em ritmo acelerado e muito em breve o público poderá conferir de perto as melhorias feitas no local. Dentre as novidades, ele destaca a implantação da sala de inclusão digital, construída em anexo com a administração, o que permitirá ao visitante acesso direito à rede mundial de computadores.

Ao lado deste espaço foi instalada a Eco-Loja onde poderão ser adquiridos produtos regionais, com ênfase à fauna e à flora regional. O parque infantil e os lanches também passaram por uma completa reformulação. Além da abertura de outros dois acessos laterais para facilitar a entrada do público.

Os trapiches da entrada principal e os que conduzem os visitantes até as trilhas ecológicas foram completamente restaurado. O mesmo ocorreu com o mirante, que além de madeira nova ganhou reforço metálico, o que tornou a estrutura ainda mais segura. O local é um dos mais requisitados pelo público, haja vista que do seu topo é possível contemplar bichos e plantas.

Outra novidade é a construção da Casa de Répteis, Anfíbios e Peixes (Rand) – já apelidada de Serpentário. Jibóia, salamandra e uma sucuri de quatro metros estão entre as espécies que serão mantidas no local.

COBRANÇA DE TARIFA – Outra novidade que deve afetar diretamente o bolso do visitante é a cobrança de tarifa para entrada no Parque Chico Mendes. Catracas serão implantadas no portão principal. Crianças até 7 anos não pagam, de 7 a 12 anos pagam R$ 1,00 e adultos R$ 2,00. A meia entrada também será garantida. O secretário Artur Leite justifica que é esse tipo de cobrança é comum em todos os zoológicos do país e que no caso de Rio Branco, a tarifa será uma das mais baixas.

 Segurança reforçada ajuda a preservar animais
O Parque Chico Mendes abriga espécies raras da fauna e da flora amazônica. Isso tem servido de atrativo não apenas para os turistas, mas também para os depredadores do patrimônio público, sobretudo do meio ambiente. As visitas indesejadas, quase sempre noturnas, resultaram em furtos e mortes de bichos.
Dentro da barriga de um jacaré encontrado morto, os veterinários do parque retiraram uma grande quantidade de veneno para matar rato, conhecido popularmente como “chumbinho”. Existem registros ainda de outros envenenamentos e de desaparecimento de várias espécies de animais e plantas.

“O nosso problema não é o bicho que está preso, é o que está solto”, diz Artur Leite se referindo à ação maléfica do homem. Para evitar esse tipo de conduta, o projeto de revitalização incluiu a construção de uma cerca em toda a extensão do Parque. Anteriormente, apenas a parte da frente tinha esse tipo de proteção. A Semeia também investiu na contratação de mais seguranças.

O controle em relação à alimentação dos bichos por parte dos visitantes também será mais rigoroso, a partir da reabertura. Isso visa evitar problemas de intoxicação alimentar, como já ocorreu outras vezes, resultando inclusive em óbitos.

Espécies raras: paca de rabo e leãozinho-da-taboca
O Zoológico do Parque Chico Mendes já foi devidamente recolhido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Isso foi fundamental, segundo Artur Leite, para a manutenção das espécies criadas em cativeiro.

No local é possível encontrar papagaios, antas, onças, macacos, araras, onças, jabutis, porcos-do-mato, mas os orgulhos da casa mesmo são a paca de rabo e o leãozinho-da-taboca, consideradas espécies raras. Aquela por ser o único roedor do mundo a segurar um alimento em cada uma das mãos. O outro por ser o menor primata das Américas.

As jaulas de ambas as espécies foram completamente reconstruídas para garantir a reprodução em cativeiro. No caso do leãozinho-da-tapoca o resultado já pode ser visivelmente confirmado através da presença dos filhotes. O mesmo não se pode dizer em relação à paca de rabo, em decorrência de só existirem espécies do sexo masculino atualmente no zoológico.

 Centro de Triagem de Animais Silvestres
Dentro do Parque Chico Mendes funciona o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) “Cláudio Reis dos Santos”. O nome foi dado em ‘homenagem a um tratador de animais que trabalhou no local por 12 anos e morreu em 2002 em decorrência de um câncer.

É para lá que são envia-dos os animais em situação de maus-tratos apreendidos pelos fiscais do Ibama e pelo Pelotão Florestal. O médico veterinário, Paulo Dias, faz parte da equipe que trabalha no Cetas. Ele acompanha de perto o tratamento dos animais que iriam abastecer o mercado negro. Muitos não alcançam cura e morrem durante o tratamento.

 

 

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