Um sargento da Polícia Militar, que prestava serviços no posto de fiscalização do trevo de Senador Guiomard, está preso desde ontem (23) sob suspeita de facilitar a entrada no Acre de cigarro contrabandeado da Bolívia. A prisão é fruto da Operação ‘Pista Livre’ que desbaratou numa única ação quatro quadrilhas que atuavam nos municípios de Rio Branco e Plácido de Castro.
Cerca de 47 policiais participaram da operação. Foram cumpridos 11 mandados de prisão preventiva – 9 na Capital e 2 em Plácido de Castro – e 9 de busca e apreensão. O trabalho resultou ainda na apreensão de 919 pacotes de cigarro.
De acordo com o superintendente Regional da Polícia Federal no Acre, delegado José Carlos Chalmers Calazane, a operação é o resultado do trabalho de investigação realizado no Estado há vários meses. Já no período de investigação foram apreendidos 6.450 pacotes de cigarros, quatro veículos e realizadas 5 prisões em flagrante.
A Operação ‘Pista Livre’ foi coordenada pelo chefe do Departamento de Polícia Fazendária da PF no Acre, delegado Agnaldo Mendonça. Segundo ele, as denúncias são de corrupção, contrabando, facilitação de contrabando e formação de quadrilha.
Pelo que foi apurado no período de investigação, cada membro da quadrilha atuava de uma forma, cabendo ao policial militar a função de evitar a prisão em flagrante dos responsáveis pelo transporte do cigarro. Existem indícios de que ele ligava para os líderes de cada grupo informando quando a polícia estava na estrada. Era em virtude da ação dele que os transportadores da mercadoria conseguiam chegar a seus destinos sem serem incomodados.
O cigarro era adquirido na Bolívia e entrava no Estado geralmente através do município de Plácido de Castro. O município de Acrelândia era utilizado como rota alternativa, passando por Senador Guiomard até chegar à Capital. Toda a rota era monitorada pelo policial militar, a quem cabia fornecer os dias e horários que os policiais estariam nas barreiras.
A mercadoria era geralmente transportada em carros particulares, mediante pagamento. Os verdadeiros financiadores do negócio não precisavam cruzar a fronteira para comprar o cigarro, eles geralmente recebiam o produto já do lado brasileiro.
Todos os integrantes das quadrilhas presos durante a operação foram interrogados na sede da Polícia Federal, na manhã de ontem, e encaminhados ao presídio estadual, onde aguardarão julgamentos. Já o policial militar está detido no quartel da PM. Duas mulheres foram identificadas entre os membros das quadrilhas, uma delas ainda estava sendo procurada até à tarde de ontem.
Conselho de Disciplina vai decidir destino de PM
Além da responsabilidade penal que será submetido em virtude dos crimes de corrupção, facilitação de contrabando e formação de quadrilha, o sargento PM também será submetido a um Conselho de Disciplina, no âmbito militar.
O comandante da Polícia Militar do Acre (PMAC), coronel Romário Célio, disse ontem lamentar o episódio, mas assegurou que se trata de fato isolado e que todas as providências cabíveis serão adotadas. A formação do Conselho de Sentença dependente da cópia do Inquérito Policial que será remetido pela PF.
Romário Célio informou ainda que o Serviço Reservado da PM e o Departamento de Inteligência da Polícia Civil atuaram como parceiros durante o período de investigação. Caberá ao Conselho Disciplinar decidir se o PM acusado será ou não afastado das suas funções.