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Mais um dia de debate acalorado na Assembléia Legislativa

A proximidade das eleições tem acirrado os ânimos dos deputados na Aleac. Apesar de algumas expressões exageradas utilizadas nos discursos, o clima de debate democrático tem prevalecido sobre o tédio e a indiferença. Uma demonstração de que o parlamento acreano é um importante instrumento de fiscalização e defesa das aspirações populares. Ontem, o deputado Walter Prado voltou a ser criticado pela deputada Idalina Onofre (PPS), que o acusou de ser subserviente ao Governo.

Mas o que agitou o clima foi uma declaração do líder governista, Moises Diniz (PCdoB) que, ao pedir para aos parlamentares para não usarem ofensas pessoais, acabou por citar o Conselho de Ética. Alguns oposicionistas se sentiram ameaçados e o clima do debate voltou a esquentar. Moisés Diniz afiançou que não quis intimidar ninguém e chegou a propor apagar dos anais da Casa o seu discurso. “O Conselho de Ética não é para julgar posições políticas, mas ofensas pessoais”, se defendeu Moisés.

Oposição se sentiu ameaçada 
A primeira reação ao discurso do líder do governo foi do deputado Gilberto Diniz (PTdoB) que o acusou de ameaçar a oposição com o Conselho de Ética. “O Moisés Diniz se expressou mal e acabou ameaçando a oposição porque é a minoria. A gente vive num Estado em que a sociedade está coagida e vem o líder do governo querer intimidar o parlamento através de sanções previstas no Regimento Interno. Os deputados usam determinados tipos de palavras e não podem ter o risco de perder o mandato ou ser cassado pelo Conselho de Ética. Não se pode calar a voz dos deputados da oposição. Todo mundo fala o que quer e o que pensa sendo responsável pelos seus atos. Que isso não venha se repetir no parlamento acreano senão daqui uns dias estarão colocando uma mordaça na oposição. Aqui não é uma igreja onde se prega apenas a palavra e nada mais. Tem que haver discussão do que está faltando na Educação, na Saúde e na Segurança”, avaliou.

Gilberto Diniz considerou normais as palavras mais ásperas proferidas nos recentes debates. “Dentro do calor do debate o parlamentar reflete o que o povo pensa e está sentindo. Quando se cai no meio do povo se começa a falar a linguagem do povo. A política tem que ter uma retidão, mas não se pode prometer trazer um secretário de Governo à Aleac e, no dia seguinte, dizer que não precisa vir mais. Isso dá uma indignação na pessoa que acaba tendo um comportamento agressivo e usando adjetivos mais pesados qualificando os parlamentares da base do Governo dessa forma”, explicou.

Edvaldo avalia o termômetro dos debates
Indagado sobre as duas mais recentes sessões da Aleac com a temperatura elevada, o presidente da Casa, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), argumentou: “o nosso papel é fazer o trabalho da mediação política garantindo que todos de forma livre e autônoma possam expressar as suas opiniões e fazer os seus questionamentos para defender os seus pontos de vista. Mas não podemos permitir que isso extrapole o limite da ofensa. O Regimento Interno existe justamente para isso. Quando as coisas extrapolam o nosso papel é chamar a todos à realidade, à racionalidade”, salientou.

Magalhães não entendeu as palavras do líder do governo como intimidantes. “Não teve nada de ameaça. A Casa é a mais aberta, democrática e transparente. Às vezes pessoas entendem como querem porque isso também faz parte do jogo da disputa política. Acredito que depois de episódios como esses todos começam a refletir melhor. A sessão de hoje já foi um resultado dessa reflexão. O tom foi outro. Acho que não podemos permitir que mesmo no momento do acirramento da disputa eleitoral a gente possa extrapolar os imites dos debates. A sociedade está nos acompanhando e quer que o Parlamento trate dos problemas enfrentados pelo povo acrea-no. Não quer que fique numa digladiação entre pessoas”, justificou.

Bancada governista sai em defesa do líder
O deputado Thaumaturgo Lima (PT) foi um dos primeiros a defender Moisés Diniz. “Em nenhum momento ele ameaçou qualquer colega da oposição. O Moisés é um parlamentar que nos honra como líder do governo pela sua ética, moral e respeito aos colegas da oposição. Ele se sentiu agredido com a fala do deputado Do-nald Fernandes (PSDB), na terça-feira, que o chamou de palhaço e outros adjetivos”, salientou.

Para o petista o debate deve ocorrer com respeito à democracia. “A oposição fez uma colocação que não concordo. Disseram que aqui não é uma igreja. Mas aqui é um Parlamento, uma casa de respeito e nós temos um Regimento Interno e um Conselho de Ética. Temos que fazer o debate político dentro do que prevê o Regimento. O fato de vivermos numa democracia não nos dá o direito de agredirmos os nossos adversários com palavras de baixo calão. O deputado Donald é um parlamentar pelo qual tenho profundo respeito, mas acho que foi além da conta. Mas o Moisés não vai fazer nenhum tipo de retaliação com a oposição. Ele só quer que o debate seja limpo e qualificado”, argumentou.

O líder do PT, deputado Ney Amorim, também tomou as dores do líder do governo. “Na verdade quem conhece o Moisés Diniz sabe que não é a postura dele ameaçar ninguém. Ele é um parlamentar ético que defende o projeto do Governo por entender que é importante para o nosso Estado. Ele é muito coerente com o que diz. Ele jamais ameaçaria a oposição como eles estão dizendo, pelo contrário. A oposição está destemperada às vésperas de uma eleição e tem agredido, inclusive, as pessoas. Eles deve-riam falar de projetos e planos de governo. A fala do Moisés foi no sentindo de manter a dignidade do Parlamento. A Aleac é exemplar, uma das melhores e mais baratas Casas Parlamentares do Brasil. O Moisés fez uma fala para os deputados continuarem valorizando o Parlamento Acreano”, afirmou. 

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