Pelos discursos das principais lideranças oposicionistas nas suas duas convenções, o clima de disputa eleitoral deverá esquentar no Acre nos próximos dias. Ontem, durante a convenção do PMDB, a frase mais ouvida é que será possível derrotar a Frente Popular nas próximas eleições. As tradicionais acusações de que os Governos da FPA não cuidaram da produção agrícola do Estado deram o mote do que será a campanha oposicionista.
O preço da quilometragem da BR-364 e a questão da Saúde e da Segurança Pública foram os alvos prioritários. O pré-candidato ao governo, Tião Bocalom (PSDB), chegou a dizer que acredita que a oposição consiga eleger os dois senadores e fazer cinco deputados federais, além da sua própria eleição.
O PMDB fechado com Bocalom
O presidente regional do PMDB, deputado Flaviano Melo (PMDB-AC), recebeu Bocalom de braços abertos na sua convenção partidária. Entregou ao pré-candidato as diretrizes do plano de Governo que seria de Rodrigo Pinto (PMDB). “Entregamos formalmente as nossas diretrizes de governo do PMDB, O Acre que Nós Queremos. Isso foi fruto de uma discussão feita pelos técnicos e políticos com mandatos. Depois, ampliado por um debate com dois seminários, um em Cruzeiro do Sul e outro em Brasiléia, onde todos os municípios do Estado participaram e deram as suas contribuições. Para a nossa felicidade, o Bocalom confessou que ainda não tinha essas diretrizes e que será base das diretrizes do Governo dele”, comemorou.
Flaviano também confessou que a atual configuração política para a disputa da eleição majoritária o agradou. “Advoguei desde o começo uma candidatura única das oposições. Os nossos candidatos proporcionais estarão nas ruas trabalhando suas candidaturas. No segundo turno, a grande maioria dos candidatos proporcionais não tem mais energia para ir à rua. É coisa para se decidir no primeiro turno. Procurei que a aliança tivesse o nosso candidato, o Rodrigo Pinto, na cabeça da chapa. Mas infelizmente o Bocalom conseguiu arregimentar alianças e nós não. Não podíamos sair com uma candidatura única só com o tempo de TV do PMDB. Seria uma aventura que não é para partido político, mas sim para estudantes de DCE. Como as últimas eleições no Acre foram muito polarizadas, há uma divisão na sociedade acreana. Uma parte aprova o Governo e a outra não. Esperamos que com o passar do tempo a maioria de oposição transforme-se em votos para o Bocalom ganhar a eleição”, afirmou.
Candidaturas ao Senado com luz própria
O outro postulante ao Senado da oposição, Sérgio Petecão (PMN), falou como irá conduzir a sua campanha. “Vou deixar que o Bocalom fale dos nossos programas de Governo. O meu papel será mostrar para a nossa militância que é possível com muita garra e humildade vencer a FPA. Não adianta a gente querer medir forças com a FPA que tem as máquinas do Governo Federal, Estadual e Municipal ao seu favor. Nós temos que conscientizar a nossa militância que esse Governo não é imbatível. O que eu pedi para o Bocalom é que não cometa os mesmo erros dos Governos da FPA e não prometa 40 mil empregos, que é mentira. Mas prometa que vai gerar emprego. Que não prometa 20 mil casas, mas habitação. Nós não podemos mentir, temos que fazer um Governo que se eleito no final podemos olhar na cara das pessoas”, garantiu.
Quanto aos possíveis percalços da sua eleição, Petecão avaliou. “Como pré-candidato ao Senado da oposição sei que vou ter dificuldade. Mas estamos diante de uma eleição presidencial que o Serra (PSDB) deverá vencer. Com um mandato e o presidente do nosso lado poderemos ajudar muito ao nosso Estado”, salientou.
Quanto ao outro candidato da oposição, Petecão, explicou: “os dois candidatos ao Senado têm luz própria e temos que mostrar à população que são candidaturas independentes. Aonde eu puder ajudar o João Correia irei ajudar e tenho certeza que ele vai me ajudar. Mas o discurso da FPA de que um candidato vai ter que eleger o outro no nosso meio não existe. Nós temos independência e identidade própria e cada um vai caminhar com as suas próprias pernas”, concluiu.
Bocalom critica a produção do Acre
Durante o seu discurso, Bocalom, afirmou que o projeto de produção que existia no Acre teria sido criado por ele no primeiro governo de Jorge Viana (PT). “Mas como eles não realizaram em 12 anos tive que me envolver com a política para ajudar a população”, ressaltou. O pré-candidato também garantiu que será possível para a oposição mudar realidade econômica do Estado através de maiores investimentos na agricultura como fez em Acrelândia quando era prefeito. Até mesmo em relação ao meio-ambiente, Bocalom, disse que no tempo que o Estado era governado pelo PMDB os avanços foram muito maiores.
O tucano falou ainda de outras propostas que deverão nortear a sua campanha. “Vou dar apoio aos prefeitos de todos os municípios para que se possam implantar o projeto Saúde da Família em todo o Estado. Mandarei recursos para que os prefeitos mantenham médicos e enfermeiras. Também vamos desenvolver o projeto Analfabeto Zero para alfabetizar todo mundo como já fiz em Acrelândia. Quero colocar psicólogos e assistentes sociais para ajudar os professores em salas de aula nas escolas estaduais e implantar a escola de tempo integral nos lugares mais pobres para ajudar as crianças com atividades de 8 a 10 horas por dia para que saiam da rua e possam comer. Acatei a proposta do PMDB de criar a universidade estadual”, ressaltou.
Outra questão levantada por Bocalom foi à volta do governo ao Palácio Rio Branco. “Não vamos manter mais o governo na Casa Rosada, mas ocupar o Palácio Rio Branco para que o povo tenha acesso. Vamos fortalecer o Bolsa Família com restabelecimento da Cageacre para comprar a produção dos agricultores pelo preço mínimo para ser repassada para os beneficiários do Bolsa Família. Eles vão poder comprar alimentos ao preço de custo valorizando mais o benefício que recebem”, finalizou.
Propostas eleitorais
O pré-candidato ao Senado, João Correia (PMDB), também elogiou muito a candidatura de Bocalom. “Temos aqui os peemedebistas de todas as áreas. Especialmente pessoas que podem contribuir com o seu plano de Governo. O prefeito de Cruzeiro do Sul, Wagner Sales (PMDB), criou um inovação muito fértil que é a eleição direta dos seus subprefeitos. Uma ampliação da democracia. Temos duas vagas para o Senado e são dois os votos. Quem votar em apenas um da oposição mandará o outro voto para o lado de lá que já está machucando o nosso povo há muito tempo. Quem votar em apenas um dos nossos candidatos ao Senado estará dando o voto anti-acreano. O fundamental é que precisamos melhorar o nosso time de deputados federais para que os novos ares sejam capaz de nos indicar um caminho sereno. Nós estaremos unidos a vitória”, pregou.