Apesar de querer aparentar tranqüilidade, Rodrigo Pinto(PMDB), está visivelmente contrariado com a decisão da executiva do PMDB que retirou sua candidatura ao governo. O vereador se manteve afastado durante todo o processo de retirada da sua candidatura, na última semana, sem falar com a imprensa. Durante a coletiva de ontem Rodrigo tentou minimizar os efeitos do caminho escolhido pelo seu partido. “Quem deve justificar é a executiva do PMDB. Estou só acatando a decisão tomada no mesmo colegiado que me convidou e que agora me desconvida”, afirmou.
Quanto ao seu futuro político, por enquanto, parece incerto. “Vou conversar com meus aliados e apoiadores para decidir qual o caminho que irei tomar no próximo pleito. Mas já anunciei que o cargo de vice não é do meu interesse. Para não prejudicar ainda mais as oposições já estou dizendo para que possam procurar um outro nome. Sou um político de linha de frente e não estaria feliz em não disputar uma cadeira. No entanto, ainda tenho até o dia 26 de junho para decidir qual a candidatura que vou disputar entre estadual e federal que são as únicas que me sobraram como opção. Até lá estarei mais tranqüilo para saber qual o caminho que devo tomar”, ponderou.
“Um tiro de canhão no pé”
Indagado se sentiu traído pela decisão da executiva, Rodrigo Pinto preferiu sair pela tangente. “Fiquei surpreso. Passei por todo o processo e entendo as dificuldades. Mas não se constroem partidos sem vislumbrar a perspectiva de poder. Estou contrariado e irei me recolher por um tempo com os meus familiares e as pes-soas que realmente querem o meu bem para, sem mágoas e rancor, ver quais são os meus caminhos”, argumentou.
Quanto à possibilidade de enfrentar a executiva mantendo a sua candidatura na convenção, Pinto descartou. “Seria só para marcar posição e a executiva já marcou a sua posição. São pessoas que têm o controle do partido e seria um desgaste desnecessário porque o ato já foi consumado”, ressaltou.
Rodrigo Pinto avaliou os efeitos da retirada da sua candidatura para o futuro do PMDB no Acre. “Avalio a decisão do PMDB como um tiro de canhão no pé porque o PMDB é um partido de tradição que levou às pessoas a se motivarem com o 15 para disputar em alto nível as eleições. Agora, mais uma vez, o partido lança e retira a candidatura. Isso é ruim, mas vim para o PMDB porque me identifiquei e o tempo irá dizer quem estava certo. A minha convicção é que nós internamente devemos defender novas práticas de políticas partidá-rias e compromissos assumidos devem ser cumpridos”, desabafou.
João Correia: “o PMDB foi para a terceira divisão”
O pré-candidato ao Senado, João Correia, também não poupou o seu partido de críticas. “Pelas pesquisas internas do PMDB no começo do processo o Rodrigo estava bem atrás do Bocalom. Bastou que apresentássemos umas inserções chamando a participação da juventude e, de repente. o Rodrigo ultrapassou o Bocalom, em Rio Branco. O potencial que nós tínhamos do crescimento do Rodrigo era muito grande, mas por razões já conhecidas o partido resolveu sacrificar a candidatura dele”, alfinetou.
Para o ex-deputado, a candidatura de Rodrigo saiu-se melhor que a encomenda. “Ele foi convidado e houve enorme entusiasmo inicial na sua campanha. Ele mostrou que tinha enormes possibilidades e teve que sair num momento muito delicado. Ele saiu como um lord, um cavalheiro, um fidalgo. Mostrou ser uma pessoa madura, digna e de honra. Acredito que o Rodrigo possa trazer a renovação ao PMDB com novos métodos e idéias. As novas práticas de haver compromisso e honrar a palavra. Talvez ele seja o portador disso num futurismo imediato”, avaliou.
João Correia avaliou que o PMDB ainda não atentou que o país não vive mais no bipartidarismo. “Eles acham que ainda estão na disputa entre PMDB e a Arena. Não entenderam que existe uma pluralidade de partidos trazidos pela Constituição de 88. O PMDB errou quando não entrou numa busca frenética de alianças com outros partidos para a perspectiva de ter chapas fortes para deputados federais e esta-duais”, explicou.
O ex-parlamentar salientou que durante o processo o PMDB acreditou que uniria as oposições em torno do Rodrigo Pinto. “Apostaram na retirada da candidatura do Bocalom e que o PSDB patrocinaria isso. Eu já havia prevenido que não conseguiriam tirar o Bocalom do processo. Isso fez com que não buscássemos alianças e quando chegou no final ficamos apenas com um único candidato a federal. Mas acho que mesmo assim daria. O prefeito Wagner Sales (PMDB) poderia ter uma candidatura importante no Vale do Juruá. O Aldemir Lopes estava disposto. O PMDB saiu da primeira divisão foi para a segunda divisão e dependendo dos resultados iremos para a terceira divisão. Nos tornaremos um partido sem a menor credibilidade diante da população. Por isso, que aposto em pessoas como o Rodrigo que está mostrando novos caminhos para o PMDB”, finalizou.