A postura de Dunga influenciou diretamente no desequilibro emocional demonstrado pela seleção na derrota diante da Holanda. A opinião é de Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que recentemente demitiu a comissão técnica eliminada nas quartas de final da Copa da África do Sul.
“Não adianta dizer que não. É claro que influencia. Se eu sou o presidente da CBF e invado o campo para bater no juiz, é claro que desestabilizo o time a comissão técnica. É natural. Realmente, foi algo que ficou muito patente o nervosismo de todos os jogadores no segundo tempo”, afirmou o dirigente em entrevista ao Sportv.
Desde 1989 na presidência CBF, Teixeira tratou a saída de Dunga após o torneio de forma natural. “Nunca houve repetição de técnico depois de uma Copa, mesmo quando ganhamos. O fato novo é que agora temos um projeto muito maior e mais amplo”, afirmou o mandatário, em alusão ao Mundial de 2014, no Brasil.
O dirigente voltou a ver pela televisão a derrota por 2 a 1 diante da Holanda, mas não encontrou explicações para a queda. “Não precisava daquela hecatombe que aconteceu. Precisava de calma, mas tinha zagueiro jogando de ponta de lança. Foi uma surpresa para mim”, afirmou Teixeira.
O próximo compromisso da seleção brasileira é um amistoso contra os Estados Unidos, no próximo dia 10 de agosto, em Nova Jersey. A meta do presidente é contratar um treinador antes do confronto, mas o planejamento com o novo comandante vai muito mais além.
“É importante dessa vez ter uma conversa e efetivamente combinar o processo que vai ser feito. Não adianta chamar um técnico que fique preocupado em ganhar dos Estados Unidos. Não vai surtir o efeito final, que é formar uma seleção nova”, declarou o dirigente.
Campeão mundial com a seleção em 2002, Luiz Felipe Scolari, contratado recentemente pelo Palmeiras, é um dos favoritos ao cargo. Mano Menzes, do Corinthians, também está cotado. Assim como o ex-lateral esquerdo Leonardo, demitido pelo Milan. (Gazeta Esportiva)
Dunga deixa seleção com sentimento de dever cumprido
No retorno a Porto Alegre, Dunga mudou o discurso da derrota contra a Holanda e chegou a cogitar a permanência no cargo de treinador da seleção brasileira. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não pensou da mesma maneira e, ainda neste domingo, destituiu toda a comissão técnica que esteve na África do Sul. De qualquer forma, o treinador está com o sentimento de dever cumprido.
Antes mesmo de tomar conhecimento do comunicado da CBF, Dunga mostrou-se satisfeito com seu trabalho. Ele acredita que conseguiu dar à seleção brasileira a organização que faltou na Copa do Mundo de 2006.
“O trabalho foi feito, cada um cumpriu o seu dever, futebol é assim mesmo. Tem que saber perder. Em outras vezes, foram nossos adversários que perderam e nós saímos de campo sorrindo”, comparou o capitão do tetracampeonato em 1994, no desembarque no Aeroporto Salgado Filho.
Na função de técnico, Dunga encerrou a sua passagem pelo time pentacampeão mundial com 40 vitórias, 11 empates e somente seis derrotas. Ele alcançou o aproveitamento de 76,6% e os títulos da Copa América e da Copa das Confederações.
Apesar dos números convincentes, Dunga naufragou nos principais objetivos. Além da perda da Copa do Mundo de 2010, o treinador fracassou na missão de trazer o título inédito das Olimpíadas, dois anos antes. Em Pequim, ele obteve a medalha de bronze depois da derrota para a Argentina na semifinal. (Gazeta Esportiva)