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“Deixem minha filha descansar em paz”, desabafa mãe de Edna

A confirmação da exumação do corpo da estudante Edna Maria Ambrósio Rêgo, 23 anos, morta a tiros durante uma blitz de trânsito na Capital, causou revolta e indignação à mãe da vítima, Maria Ambrósio Rêgo, que já havia se manifestado contrária a medida. “Deixem minha filha descansar em paz”, reagiu.

Um dia após receber a notícia através da imprensa, ela esteve no Cemitério Morada da Paz, na Estrada do Calafate. Ao chegar ao local onde foi enterrado o corpo, desabafou em lágrimas: “essa é a forma que eles encontraram de me fazer sofrer ainda mais”.

A exumação do corpo da estudante foi determinada pelo titular da Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Rio Branco, Leandro Leri Gross. Ele determinou que sejam retirados 12 fragmentos que ainda estariam no corpo de Edna, segundo declarou o legista responsável pelo laudo cadavérico.

 “Se todos os fragmentos tivessem sido retirados do corpo da vítima e não tivessem omitido o exame de residograma, certamente já teríamos elementos suficientes para o esclarecimento da arma utilizada no disparo letal”, justificou o juiz ao tomar a decisão. 

Para a mãe de Edna, a exumação é desnecessária. Ela confia no laudo emitido pelo Instituto Médico Legal (IML) e diz estar convencida de que apenas um tiro de fuzil foi responsável pela morte da sua filha. “Ele entrou no peito, partiu o coração da minha filha e saiu nas costas”, descreve mostrando cópias do laudo.

Na tentativa de evitar a exumação, Maria Ambrósio, chegou a pedir ao juiz que retirasse os fragmentos de bala que se encontram alojados no ombro de Jeremias Cavalcante, namorado da estudante. “Eu disse para o juiz se esses fragmentos eram tão importantes que ele tirasse do Jeremias e deixasse a minha filha em paz”, conta.

O pedido da mãe foi acatado pelo juiz Leandro Leri Gross, que além da exumação também determinou a realização de uma cirurgia para remover os fragmentos de Jeremias. O advogado dele, Evestrom do Nascimento, disse que a defesa não fará qualquer oposição à determinação do juiz, em respeito à família da vítima e na certeza de esclarecer toda a verdade sobre o caso.

O diretor do Departamento de Polícia Técnica do Estado do Acre, Jessélio Advincola,  disse que ainda não foi notificado da decisão da Justiça e que depende disso para poder definir o dia da realização da exumação. Ele levanta ainda a possibilidade de o juiz determinar a participação de um perito de fora do Estado para acompanhar os trabalhos. 

Maria Ambrósio cobra amparo do Estado
Segundo Maria Ambrósio, o Governo do Estado não vem cumprindo a promessa de amparo, feita em virtude da repercussão negativa que o caso gerou perante a sociedade. “A ajuda que eles me prometeram se resume a um sacolão, doado no dia em que a Edna morreu”, protesto.

Responsável pelo sustento de uma família de sete pessoas e tendo como renda a aposentadoria por morte do marido, ele cobra principalmente a assistência médica e psicológica para poder acompanhar todo o processo de perto.

“Mesmo contrária a essa exumação quero acompanhar tudo de perto, mas precisa de ajuda médica para isso. Desde que a Edna morreu não como, não durmo direito e estou constantemente aflita”, revelou.

 

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