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Iapen e IDM lançam Projeto Cidadania Feminina, Trabalho e Renda

O Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen/AC) e Instituto de Educação Profissional Dom Moacyr (IDM) lançaram ontem (29) o Projeto Cidadania Feminina, Trabalho e Renda – Ação Mulheres da Paz. A solenidade aconteceu no turno da manhã, na Unidade de Recolhimento Fechado e Semi-aberto Feminino de Rio Branco.

Além dos presidentes dos institutos parceiros, Leonardo Carvalho das Neves (Iapen/AC) e Irailton Lima (IDM), também prestigiaram o evento o secretário de Justiça e Direitos Humanos e presidente do Conselho Penitenciário Estadual, Henrique Corinto, e a secretária de Estado de Educação, Maria Correa.

O público-alvo são 500 mulheres, sendo 200 do Sistema Prisional e 300 que fazem parte do Programa Mulheres da Paz, nos municípios de Rio Branco, Brasiléia e Cruzeiro do Sul. O investimento é de R$ 394.366,02, com recursos provenientes do Governo Federal, por meio do Ministério da Justiça.

Segundo Leonardo Carvalho, o projeto faz parte do processo de ressocialização desenvolvido pelo Iapen. Atualmente, a média nacional de mulheres que deixam à prisão e voltam ao crime é de 60%, mas ele acredita que através de iniciativas como esta é possível mudar essa realidade.

Apesar da solenidade oficial de lançamento ter sido ontem, os cursos já começaram a uma semana. De acordo com Irailton Lima, são cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) em: Biojóias e Produção de Peças com Sementes, Confecção de Bolsa em Tecido, Cabeleireiro, Empregada Doméstica, Jardinagem, Horticultura e Manicure, Pedicure e Unhas Artísticas.

O IDM disponibilizou uma equipe de 50 profissionais para tocar o projeto. As mulheres que se encontram aprisionadas recebem as aulas na própria unidade penitenciária. Já as mulheres da paz, são assistidas nas comunidades onde atuam. A idéia, é que estas possam servir como multiplicadoras na formação de outras mulheres.

Na hora de selecionar os cursos, a coordenação do projeto levou em conta o grau de escolaridade do público-alvo. O grau de afinidade das beneficiadas com a área de atuação também foi levado em consideração.
 
“Espero que a sociedade me receba bem”, diz reeducanda
As estatísticas do sistema penitenciário revelam que 90% das prisões de mulheres estão relacionadas ao tráfico de drogas. Joyce dos Santos, 27 anos, mãe de um casal de filhos – um menino de 11 anos e uma menina de dois anos – é uma delas.

Presa com oito quilos de cocaína no aeroporto internacional de Rio Branco, Joyce foi condenada a15 anos e 6 meses de prisão por tráfico de entorpecentes. Sua missão era transportar a droga até a cidade de Belém, no Pará, mas acabou pega pela Polícia Federal durante o embarque.

Ela está há três anos e dois meses no regime fechado e deve ficar mais um ano nessa condição para progredir para o semi-aberto, mesmo assim já faz planos para quando ganhar a liberdade. “Espero que a sociedade me receba bem”, diz otimista.

Joyce é uma das beneficiadas pelo Projeto Cidadania Feminina, Trabalho e Renda – Ação Mulheres da Paz. “Estava em estado de depressão, agora voltei a sonhar e pensar numa vida diferente lá fora”, revela.

Através dos cursos profissionalizantes, ela espera seguir uma profissão e obter renda para retomar a guarda dos filhos. A caçula está sob a responsabilidade dos avós paternos e o mais velho está num abrigo para menores. “É uma chance de mudança que não posso desperdiçar”, observa.

Valdecir Nogueira dos Santos, 23 anos, também condenada por tráfico de drogas, optou pelo curso de cabeleireiro. “Estava ansiosa por essa oportunidade”, disse. Com uma pena de oito anos e cinco meses de prisão, ela está recolhida há um ano e oito meses. (D.A.)

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