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Soldados da borracha: campanha na internet pede revisão de pensões

Há quem diga que todo acreano tenha um soldado da borracha como parente, amigo ou conhecido de seus familiares. Se esta suposição tem, de fato, fundamento, está na hora de se engrossar a corrente que nasce agora para que a União revise a ínfima pensão de dois salários mínimos paga hoje a estes ex-seringueiros.

“É uma questão de direitos humanos. Estas pessoas estão em idade bastante avançada e precisam o tempo todo de dinheiro”, diz o documentarista César Garcia Lima, acreano e idealizador da campanha que pretende reunir apoio da maior quantidade possível de brasileiros na internet. “Sugaram a dignidade deles”, completou a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), autora de um relatório pronto para ir à votação, no plenário da Câmara Federal, aumentando o benefício para R$ 4,1 mil mais gratificação natalina. É este o valor pago aos conhecidos pracinhas de guerra e a um segundo tenente das Forças Armadas Brasileiras.

César, poeta, crítico de cinema, professor da Universidade Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e diretor do documentário “Soldados da Borracha”, que está sendo produzido no Acre, diz que o abaixo-assinado está sendo confeccio-nado e será “um forte apelo popular por justiça”. Os internautas poderão aderir ao movimento acessando o endereço www.soldadosdaborra-cha.blogspot.com. A idéia é também reunir apoio dos grupos organizados em todos os estados do Norte.

Na corrente virtual, um texto irá recontar, de forma resumida, a saga destes cidadãos, nordestinos, recrutados pelo governo para extrair o látex durante a Segunda Guerra Mundial, mas que hoje estão no fim da vida, muito doentes, desassistidos. Dos mais de 12 mil beneficiários – entre vivos e dependentes – 50% moram no Acre.

São pessoas extremamente humildes e pobres como Seu Manoel Alves Monteiro, vítima do Mal de Alzeimer, que há mais de 40 anos sem qualquer contato com a família. Pouco informado sobre seus direitos, como muitos cidadãos em sua idade, ele acionou o Serviço de Informações do Ceará. “Foi assim que descobri uma prima e uma irmã ainda vivas”, disse ele aos produtores do documentário.

“Se o Congresso Nacional votar logo esta PEC, antes que a maioria destas pessoas morra, pra mim o meu mandato já terá valido a pena”, afirmou a deputada, que é filha de soldado da borracha. Quanto ao documentário, será o primeiro apanhado real sobre a história dos soldados da borracha. O médiametragem ficará pronto em novembro, será veiculado nas TV’s públicas e deve ser inscrito em festivais de cinema diversos. (Assessoria)

 

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