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Aníbal Diniz: o candidato “oculto” das eleições

O candidato “oculto” das eleições 2010 é o primeiro suplente do senador Tião Viana (PT-AC), Aníbal Diniz (PT). Caso a FPA consiga eleger o seu candidato ao Governo o Acre será o único Estado brasileiro que renovará 100% das suas cadeiras no Senado. Neste caso, o responsável pela política de comunicação social dos 12 anos de governo da FPA, Aníbal Diniz, terá quatro anos como senador acreano.

Ele confessa “sentir um frio na barriga” com a possibilidade. Mas garante que a sua atuação como secretário de comunicação, no governo Jorge Viana (PT) e, de assessor especial do Governo Binho (PT), lhe concederam uma experiência importante para atuar na mais importante Casa Legislativa do Brasil.

 Nessa entrevista exclusiva para A GAZETA, Aníbal Diniz, analisa o momento político acreano, ressalta a importância da eleição de Dilma Rousseff (PT) à presidência e dos seus planos no caso de se tornar senador.  

O candidato oculto ao Senado
Se a FPA conseguir eleger Jorge Viana e Edvaldo Magalhães (PCdoB) ao Senado, terá uma bancada unificada. Isso porque numa eventual eleição de Tião Viana, quem assumirá a vaga por quatro anos será Aníbal Diniz. “Isso ficou estabelecido desde 2006. Quando foi composta aquela chapa estava bastante claro que o Tião Viana poderia vir a ser o candidato ao Governo, em 2010. Por isso, queria alguém que reunisse alguns componentes para ser o seu suplente. Confiança, legitimidade junto aos partidos da FPA, fidelidade e conhecimento do projeto eram necessários.

Houve um entendimento de que eu reunia essas condições e me tornei o suplente do Tião Viana. Com a candidatura do Tião ao Governo tenho que me preparar realmente para a possibilidade de vir a ser senador de 2011 a 2014. Mas tudo vai depender do resultado dessas eleições. Devo confessar que prefiro concentrar as minhas atenções para o processo eleitoral. Temos que primeiro nos preocupar de garantir as eleições de Tião Viana, Jorge Viana, Edvaldo Magalhães e também de conseguirmos uma expressiva votação da Dilma que é um débito que temos com o presidente Lula (PT)”, afirmou.

Mas como a possibilidade é real de assumir esse importante mandato, Aníbal, analisa os seus próximos passos no caso de uma vitória completa da FPA. “Terminado o processo eleitoral e a contabilização do TRE, no período de outubro, novembro e dezembro vou fazer uma adequação com foco na possibilidade de ser senador”, completou.

O técnico e o político de bastidores
Aníbal Diniz sempre operou como um secretário executivo dos governos da FPA. Ele analisa a sua experiência política em relação à perspectiva de ser senador. “Sou fruto do coletivo. Se disser que estou preparado acho que não seria uma afirmação muito correta. Diria que o projeto está preparado.

Uma vez confirmado que serei senador vou reunir as pessoas que sempre estiveram comigo, os petistas, meus colegas de Governo e que tenham uma noção do que seria um mandato que pudesse trazer uma boa contribuição para o Acre e a gente conversaria a respeito. Não serei um senador isolado, mas um senador de time, porque eu sou equipe. Se a gente eleger o Jorge e o Edvaldo eu serei o terceiro. Nós vamos construir em conjunto essa atuação.

Confesso que isso me dá um frio na barriga porque substituir o senador Tião Viana é algo extremamente difícil por que ele é muito qualificado. O Tião conseguiu a maior a projeção que um político acreano com mandato no Parlamento Brasileiro já teve. É uma grande responsabilidade substituí-lo. Isso exige preparo, estudo, observação, humildade e muita dedicação. O Tião Viana tem uma produção ininterrupta. Sou uma pessoa mais reflexiva e procuro entender uma coisa de cada vez. Provavelmente teremos uma mudança significativa de perfil, mas o compromisso será o mesmo”, avaliou.

Para o suplente de senador a sua trajetória política o ajudará.  “O fato de pertencer a um projeto e ser uma pessoa histórica do PT acreano desde os seus primórdios já é uma referência. Tenho uma história e pretendo fazer jus a ela construindo a muitas mãos um mandato. Vou me aproximar das experiências bem sucedidas e quero aprender muito com o senador Tião Viana e outros senadores do PT que estão comprometidos com as transformações sociais que estão sendo realizadas no Brasil pelo presidente Lula.

Espero exercitar isso com muita atenção e humildade para não decepcionar. Ninguém que ocupa um mandato eletivo pode decepcionar. Quero conversar com muita gente que entende o regimento interno e os trâmites das leis dentro da Casa e com as pessoas que dominam as políticas que são discutidas naquele ambiente para poder ter uma boa participação, que se não for destacada, não seja decepcionante”, argumentou.

Comunicação social e política
A criação de uma rede pública de rádio e televisão que integrou todo o Estado é uma das maiores conquistas de Aníbal Diniz. Indagado se essa experiência poderia ajudá-lo num eventual mandato no Senado, Aníbal, responde: “toda a experiência do Acre se constitui em acumulo para qualquer ocupante de um mandato eletivo como inspiração. Atuei na área de comunicação desde o início do governo de Jorge Viana.

Tivemos uma concepção de que comunicação, educação e cultura deveriam caminhar juntas. Ao longo desse período a comunicação e a política caminharam lado a lado. Nós aprendemos que comunicação é política e vice versa. Se a gente quer formar uma sociedade consciente dos seus direitos e deveres capaz de discernir o que é bom e o que pode não ser tão construtivo para as atuais e futuras gerações a comunicação é essencial e a política também. Esse casamento é permanente”, salientou.

Para Aníbal o fato de ter atuado nas duas áreas deverá significar uma vantagem no Parlamento. “O am-biente é muito disputado. A comunicação e a política pautam o dia-a-dia do Senado. Vou ter que estar muito atento. A política de comunicação que nós exercemos aqui contribuiu muito para a governabilidade da FPA. Política é a arte de construir consensos e a FPA foi muito competente. Isso foi muito forte em todas as áreas do nosso governo. Se analisarmos o zoneamento ecológico e econômico vamos ver que não é fruto apenas de uma lei, mas de um pacto com a sociedade. Foi construído com todos os segmentos organizados que trouxeram as suas opiniões e divergências. O zoneamento foi o ponto de partida para o desenvolvimento sustentável do Acre. Em síntese, a minha experiência de comunicação vai me ajudar muito num eventual mandato”, destacou.

A visão global de governo
Apesar de atualmente ser secretário de comunicação, na prática, Aníbal Diniz, é um assessor especial do governo Binho. Aliás, foi esse o cargo que exerceu nos dois primeiros anos da atual gestão. “Na realidade o meu afastamento da Secretaria de Comunicação, no governo Binho, foi porque já tinha exercido oito anos essa função com o Jorge.

O Binho decidiu, então, adotar uma medida de proteção em relação a mim. Durante oito anos tivemos que adotar muitas decisões e algumas delas não foram compreendidas e acabaram por criar alguns estigmas. Tinha gente que me apontava como censor. Na realidade em todos os momentos que tivemos possibilidade de conversarmos sobre comunicação deixamos claro que disputávamos sim a melhor manchete do dia seguinte. Isso não tinha nada ver com censura. Era uma questão de argumento. O Binho achou por bem que eu deveria me afastar da atuação mais direta”, explicou.

Segundo Aníbal, a mudança acabou por ser um fator positivo na sua carreira política. “Tem coisas que acontecem não premeditadamente, mas que acaba produzindo um excelente resultado. Foi muito bom conseguir acompanhar o processo de planejamento de todas as áreas de Governo. Hoje a gente vê o resultado e fico feliz por ter estado presente no momento da concepção de projetos importantes. Por exemplo, estava com o Binho na primeira reunião dele com o Banco Mundial quando apresentou o projeto que acabou virando o ProAcre.

Eu vi o embrião de uma idéia e com o passar dos dias temos um projeto em plena execução que é tido como um dos dez melhores financiado pelo Banco Mundial no Brasil. Essa experiência ampla de governo multidisciplinar tive a oportunidade de viver. Isso me deu muitos elementos para refletir conteúdos que garantiriam um mandato de qualidade na hipótese de eu assumir”, justificou.

“Quero ser um senador de situação”
Não faltam motivos para que Aníbal deseje ver Dilma Rousseff eleita presidente do Brasil. “Um dos motivos em particular é o fato de não querer ser oposição. Tenho uma formação política de situação e de proteção daqueles que executam. Tenho uma vocação à proposição, a executar, fazer acontecer. Se por um desastre nacional a Dilma não ganhar ficaria ruim ser um senador de oposição.

 Depois de 12 anos, ocupar uma tribuna para questionar seria difícil. Quero ser senador para defender o projeto do presidente Lula que está dando certo. O Lula tirou milhões de brasileiros da linha de pobreza e colocou outros milhões no mundo digital e levou a Luz para Todos e criou um programa de aceleração do crescimento. Atravessamos indiferentes a crise mundial porque o Brasil tinha um plano em todas as áreas que deixou as pessoas mais protegidas contra as instabilidades da economia contemporânea”, ressaltou.

Futuras candidaturas eletivas
Indagado se no caso de assumir a vaga de senador teria pretensões eleitorais futuras, Aníbal, responde: “nesse momento temos que nos dedicar à eleição dos nossos candidatos. Não passou isso pela minha cabeça. Fui suplente por uma convocação. Talvez tivessem pessoas com mais perfil para a missão. Mas fui convencido de ser o suplente. Vou tocar a minha vida. Sou um militante convicto e ideológico e as coisas acontecem quando temos bons propósitos.

Coisas impossíveis a boa política torna possível. Sou um apaixonado pela política por ser a arte da conversação, do diálogo e da construção de pontos de vista que podem resultar em benfeitorias para o conjunto. É a política que consegue fazer as grandes transformações da humanidade. Não me passou pela cabeça o que será o meu futuro. Tenho que primeiro cumprir bem a minha missão. Se eu virar senador terei que fazer um mandato que me qualifique para ser defendido pelos meus companheiros. Se conseguir chegar ao final dos quatro anos com essa avaliação ficarei muito feliz. Peço a Deus todos os dias que me prepare. Vou lutar muito e me esforçarei para fazer um mandato que não decepcione”, concluiu.

 A oposição do Acre
Instigado a analisar a atuação das forças políticas oposicionistas no Acre, Aníbal, avalia: “a nossa oposição padece da ausência de coerência. Preferem se pautar pela incoerência mantendo um discurso que não cabe mais no Acre. Dizer que nada avançou no Estado é um discurso vazio que só está querendo dialogar com os descontentes sem ter proposta.

A oposição no Acre é incapaz de apresentar uma proposta alternativa e que dê segurança à população. Alguém pode dizer que pode fazer melhor do que o Binho e o Tião Viana. As pessoas vão dizer que é muito legal, mas vão perguntar como? Isso terá que ser provado para a sociedade. A oposição nesse sentido é carente de credibilidade. Pessoas que por falta de condições do Estado não ter chegado a determinados setores tentam envenenar o projeto.

Se tenho uma rua com mil metros e nela foi feita duzentos metros de esgoto e de asfalto não posso dialogar com os moradores da rua dizendo que o projeto não avançou. Ele avançou de zero para duzentos metros. Só faltam oitocentos metros que podem ser feitos porque quem provou ser capaz de fazer duzentos. Quem disser que tem que trocar o governo para começar do zero está sendo incoerente.Eles teriam que ter um diálogo com a sociedade em outros patamares”, avaliou.

Questão legal da suplência
Parte da oposição garante que Aníbal Diniz não assumirá a vaga de Tião Viana. Ele fala dos processos que correram em relação a questão. “Não tenho nenhum temor. O Tião Viana foi eleito, diplomado e empossado. E eu também como seu primeiro suplente. Quatro anos depois qualquer dúvida a esse respeito já teria sido dirimida. A oposição fez esse questionamento e não logrou sucesso no TRE, acharam pouco e recorreram ao TSE, também perderam e, por último, tentaram uma ação de desespero no Supremo. Mas também perderam. Todas as instâncias a que recorreram não encontraram guarida.

O mandato é 100% do projeto. Estou muito a vontade em relação a isso. Qualquer dúvida, se tiver que fazer um esclarecimento, estarei à disposição. Mas até hoje nunca fui convocado para fazer qualquer esclarecimento. As informações foram fornecidas e nunca chamaram ninguém para qualquer tipo de audiência”, finalizou. 

 

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