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Assembléia realiza sessão solene do Centenário de Brasiléia

O presidente da Aleac, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), dirigiu a sessão solene que homenageou as 100 famílias que contribuíram com a construção de Brasiléia, na terça à noite. Numa parceria entre a Aleac, a Câmara de Vereadores e a Prefeitura Municipal, foram entregues diplomas aos representantes familiares dos pioneiros que estabeleceram o município fronteiriço, no dia 3 de julho de 1910.

Edvaldo Magalhães, lembrou que o nascimento de Brasiléia se deu pouco depois dos combates com os bolivianos durante a Revolução Acreana. “Ainda havia muitas seqüelas da guerra e as pessoas estavam numa outra luta para estabelecerem um endereço nos meios das isoladas matas fronteiriças. Imaginem ser pioneiro há cem anos numa região como essa”, afirmou.

A deputada Maria Antônia (PP), nascida em Brasiléia, que teve a sua família homenageada, se mostrou emocio-nada com a solenidade. “Sou da família Santiago que também vai receber o diploma. É bom ver isso na minha terra. Uma noite especial por haver um reconhecimento das famílias pioneiras que contribuíram para o surgimento da cidade. Estou muito agradecida pela iniciativa das pessoas que fizeram esse evento. Afinal 100 anos não é todo dia que um município alcança”, disse ela.

Uma história de lutas políticas
Com a presença de 18 dos 24 deputados estaduais a sessão se tornou um grande palanque de lembranças de episódios que marcaram a história de Brasiléia. A prefeita Leila Galvão (PT) lembrou da importância do líder sindicalista Wilson Pinheiro, assassinado nos anos 80, para a reestruturação política do município. “Cem anos representa muito na vida das pessoas que fizeram e fazem a história do nosso povo. Eu tinha um sonho muito grande de ser a prefeita que pudesse comemorar os 100 anos junto com a população. A gente olha para o nosso passado como referência para o presente. A luta do Wilson Pinheiro foi muito forte. A gente sabe as dificuldades que ele teve. É uma região calçada em cima de muitas lutas e conquistas”, salientou.

O secretário de Esportes e Turismo, Cassiano Marques, que acompanhava o seu pai na solenidade, também lembrou de um momento delicado na história de Brasiléia. “Em agosto de 1963, as vésperas das eleições, o prefeito Rolando Moreira do PTB foi assassinado num comício e o clima na cidade ficou muito tenso. Meu pai, o desembargador Lourival Marques de Oliveira, na época, era procurador-geral do Estado. Foi designado pelo governador José Augusto para apaziguar e garantir a tranqüilidade das eleições. Ele chegou quatro dias antes das eleições e cumpriu a sua missão acompanhado por 25 soldados do Exército. Com isso houve um processo de restabelecimento da tranqüilidade. O meu pai ter teve o comando da cidade por pouco tempo, mas foi decisivo para que Brasiléia não tivesse uma guerra civil”, relatou.

Os Vianas das Neves homenageados
Um dos pioneiros da construção de Brasiléia, Wildy Viana, de 81 anos, pai do ex-governador Jorge Viana  e do senador Tião Viana, também foi lembrado no Centenário de Brasiléia.  Ele estava emocionado com o evento e comentou: “é um momento importante a lembrança da nossa contribuição tendo em vista que está sendo no Centenário. Nasci aqui, construí uma família e tive quatro filhos. O meu pai depois de ocupar várias funções em Brasiléia foi embora para Rio Branco onde faleceu. Eu vim na qualidade de membro mais velho da família Viana das Neves e vou representá-los. Acredito que o Jorge foi um dos melhores governadores do Acre e que acabou ajudando muito Brasiléia. Muita coisa que tem aqui foi feita depois do Jorge que criou um marco na vida do Acre antes e depois dele”, analisou.

Diego Viana, que acompanhava o seu avô, também falou da importância da homenagem para a sua família. “Hoje é um dia especial. O meu bisavô Virgilio tem sete bisnetos e somos originários dessa região. Nada tem sentido se não nos basearmos na história. Quem quer um futuro melhor precisa conhecer as suas raízes. Essa região era isolada e hoje se transformou uma porta de passagem importante para o mundo por passar a Estrada do Pacífico. A nossa família faz parte intensamente dessa história”, comentou.

ZPEs e o desenvolvimento econômico
Outro assunto tratado pelas autoridades presentes foi os caminhos para o crescimento de Brasiléia. A prefeita Leila Galvão destacou a possibilidade de uma Zona de Processamento e Exportação (ZPE) ser instalada no seu município. “É importante para que facilite para os produtos chegarem com um preço mais acessível à população.

A partir do momento que temos a Transoceânica vai facilitar o comércio e a indústria e diminuirá os impostos. Nós estamos muito próximos do Oceano Pacífico e temos que aproveitar essa oportunidade. Sei que o senador Tião Viana (PT-AC) está se esforçando para que sejam instaladas as ZPEs no Acre. Nós de Brasiléia vamos lutar para que seja instalada uma delas aqui em função desses benefícios. Seria um presente para Brasiléia no seu Centenário porque essa luta já vem a bastante tempo não só por parte dos políticos, mas também dos empresários e pessoas que querem investir aqui”, afirmou.

O presidente da Câmara Municipal, vereador João Araújo Raimundo de Melo (PT), também se referiu as perspectivas de crescimento econômico de Brasiléia. “A cidade passou por várias etapas e tivemos alguns problemas políticos, mas atualmente estamos num bom patamar de desenvolvimento. O município está se preparando para crescer ainda mais com sua industrialização. Algumas indústrias estão sendo montadas em Brasiléia e esse é nosso grande problema do momento: as pessoas trabalharem e terem uma renda. A aprovação das ZPEs poderá alavancar ainda mais o nosso desenvolvimento”, destacou.

O deputado Delorgem Campos (PSB) que tem sua base na região também falou sobre a questão do crescimento regional. “Tivemos muitos acontecimentos no campo político. Mas a nossa memória está mais fresca em relação aos três últimos mandatos em que a FPA esteve na prefeitura. Tivemos o privilégio de sentir o avanço nos campos agropecuário, social e cultural. Há uma diferença grande em relação a outras regiões do nosso Estado. Nós passamos por um período letárgico em que o município não andava porque existia um interesse político pelos que disputavam o poder. Agora há uma hegemonia e uma sincronia. Estamos numa bifurcação com o Peru e a Bolívia e próximos de toda a América do Sul. Uma ZPE instalada em Brasiléia seria o correto por estarmos na fronteira e termos toda essa logística favorável”, ressaltou.

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