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Jorge Viana: “ninguém fez mais pelo Acre do que ‘o acreano’ Lula”

Numa entrevista exclusiva A GAZETA, na véspera de iniciar oficialmente a campanha eleitoral, o ex-governador Jorge Viana (PT) não quer saber de favoritismo. Ele promete rodar o Estado inteiro com o Edvaldo Magalhães (PCdoB), para consolidar o projeto da FPA. Quanto a possibilidade da FPA ter que descartar o PV por conta das interpretações do TSE de que partidos com candidatos à presidência coligados não possam utilizar as suas imagens, Jorge não acredita. “A lei deverá ser revista porque senão vai criar confusões em muitos Estados”, afirmou. O ex-governador falou ainda sobre a aprovação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e as mudanças que poderá trazer para o Acre. Ele também descartou a possibilidade de se tornar ministro nu-ma eventual vitória de Dilma Rousseff (PT). 

O risco do PV na Frente Popular
O TSE deu um parecer, nesta semana, de que partidos coligados que tenham candidatos à Presidência da República não podem utilizar as suas imagens. Caso o parecer seja confirmado, no dia 2 de agosto, o PV não poderá usar a imagem da Marina Silva e o PT do Acre nem a da Dilma Rousseff (PT) e nem a do presidente Lula (PT). Mas Jorge Viana não acredita que isso possa ocorrer. “O que está acontecendo é mais uma vez o absurdo gerado pela legislação eleitoral brasileira. A gente vê a cada minuto a irresponsabilidade que o país vive por falta de uma legislação clara.

Daí a importância de cada candidato se comprometer em fazer as reformas políticas e tributárias para que possam modernizar o Brasil. É preciso tirar a política da criminalização e da judicialização. Por isso, prefiro crer que esse é um problema tão grande que envolve todos os Estados que a Justiça vai ter que adequar e rever. Não acredito que isso fique como está na versão preliminar para que a gente possa ter as coligações, como temos no Acre, dos companheiros do PV fazendo a campanha da Marina e nós do PT fazendo a da Dilma. A Justiça vai fazer a correção da própria Justiça”, esclareceu.

A participação de Lula na campanha
Por outro lado, o ex-governador comemorou outro parecer do TSE favorável a participação do presidente Lula na campanha de Dilma Rousseff.  “Estou seguro que a partir do dia 15 de julho o Lula vai iniciar uma caminhada pelo Brasil inteiro fazendo a campanha da Dilma em comícios. Tinha gente que dizia que ele não entraria na campanha e ele vai entrar de corpo e alma. Isso está 100% garantido. É o mínimo deixá-lo fazer a campanha e defender a sua candidata em todo o território nacional”, vibrou.

Quanto a uma possível vinda de Lula ao Acre durante o processo eleitoral, Jorge ponderou: “o calendário de visitas ainda não está definido. O Tião Viana convidou o Lula. Mas mesmo sem vir nas eleições o presidente Lula continua trabalhando como nenhum presidente da República jamais trabalhou pelo Acre. O que esse acreano Lula faz pelo Acre de Cruzeiro do Sul a Assis Brasil não vamos ver nem nos próximos 50 anos. O gesto dele de atender o pedido do governador Binho (PT), do senador Tião Viana (PT-AC) e do setor privado para a criação da ZPE é uma história nova que começa no Acre. Uma nova etapa de desenvolvimento ligada ao Comércio e a industrialização sustentável”, salientou.

Mudanças econômicas com a ZPE
Jorge Viana fez questão de explicar as mudanças que a criação da ZPE pode trazer ao Estado. “Vamos colocar o Acre na posição de um dos estados mais respeitáveis do Brasil. O desafio do Acre é consolidar o modelo de desenvolvimento através das atividades produtivas. Usando melhor as terras com técnica e política pública adequada e aproveitando a nova geografia econômica criada com as ligações do BR-364 do Juruá com a Capital e, a Estrada do Pacífico. A chegada da ZPE consolida o Acre como um Estado realmente de fronteira e cria a possibilidade de consolidação comercial e da industrialização. Assinatura do decreto presidencial pelo Lula mudou o Acre que não é mais o fim do Brasil. A partir de agora o Acre é onde o Brasil começa com os mercados asiáticos e da Costa Oeste Americana que se abrem”, afirmou.

Dilma e as relações com a FPA
Se o presidente Lula foi o que mais ajudou o Acre, Jorge Viana, avalia como serão as relações com Dilma Rousseff, numa eventual vitória da petista. “O candidato do PSDB, o Serra, o pessoal do Amazonas enfrentou sérios problemas. Ele não queria manter as políticas de incentivo fiscais na Amazônia e foi sempre um combatente contra a Zona Franca de Manaus. Com o projeto da ZPE vamos implantar um pólo que incentiva a industrialização e o processo de atividade produtiva fazendo um bom uso da nossa localização geográfica fronteiriça. Uma eventual vitória da Dilma nos ajudaria tornar realidade à implantação da ZPE. Não tenho dúvida que o projeto da ZPE está diretamente ligado ao apoio do Governo Federal. Se essa política for interrompida podemos esquecer o desenvolvimento do Acre no modelo que a gente planejou”, argumentou.

Favoritismo
Jorge Viana não quer saber de favoritismo da sua candidatura ao Senado. “O período de quase quatro anos foi dolorido por ter que me recolher. Gosto muito da política, de sonhar e realizar o sonho. A vida pública quando exercida com honestidade e ética é uma bela oportunidade da gente construir um mundo melhor. Tive que me recolher para não atrapalhar o Binho. Mas ficar longe da política foi um problema. Desenvolvi um trabalho na iniciativa privada atuando empresarialmente. Acumulei uma experiência fantástica e estou mais maduro e completo. Mas voltar para a política é uma paixão e uma realização.

Vou estar de corpo e alma nesta campanha e vou andar por todos os lados sempre com o Edvaldo Magalhães. O que pretendo usar na campanha é a minha saúde para que o nosso projeto continue dando certo. Deus já me deu oportunidades na política que nunca imaginei, ser governador e prefeito.

Agora, se for merecedor do mandato junto com o Edvaldo será para que o Acre possa ficar cada vez mais numa posição de destaque no Brasil. Vou me inspirar no mandato da Marina como senadora e no do Tião que foi o mais completo da história do Estado. Ter a responsabilidade junto com o Edvaldo de levar isso pra frente. É um sonho e um desafio de vida. O favoritismo deixo de lado. Como diz o presidente Lula: eleição e mineração só depois da apuração. Temos que trabalhar ainda mais nesses três meses dentro da ética e respeitando a legislação eleitoral”, destacou.

Ficha Limpa
Divulgada recentemente a lista do Tribunal de Contas da União traz o nome da maioria dos governadores e prefeitos do Acre nos últimos anos. Apesar de ter governado o Acre por oito anos e Rio Branco por mais quatro, o nome de Jorge Viana não aparece. “É um fato inédito. Porque no Brasil é muito difícil ser prefeito e governador. Mas posso dizer que foi um zelo meu e da minha equipe de cuidar diariamente para fazer um governo honesto e com ética para desfazer qualquer mal entendido. Não me faltou calúnia e agressão, mas graças a Deus posso ver que o meu nome não está em nenhuma lista de Tribunal ou da Justiça que possa por em dúvida a honestidade e a ética que implementei como prefeito e governador. Fiz um trabalho no sentido de servir a população e não me servir da população como fazem alguns políticos”, garantiu.

Ministeriável
Muito se comenta que numa eventual vitória de Dilma, Jorge Viana, seria ministeriável. “Prefiro não pensar sobre isso. Estou me preparando e o trabalho que me espera é o Senado, caso receba o voto de confiança da população. O que precisa acontecer no Brasil é uma profunda mudança na legislação brasileira. Essa criminalização da política é uma conseqüência de falhas na legislação. Não tem sentido a Câmara e o Senado fazerem leis equivocadas que deixam dúvidas e tudo acaba caindo nas costas do judiciário quando quem faz as leis são os legisladores.

Sinceramente não tenho nenhuma expectativa de ocupar ministérios num eventual governo da Dilma. Quero que ela ganhe porque tem compromisso de levar adiante o trabalho do Lula. Estou me preparando para trabalhar com o Edvaldo, que é um mestre da política, uma figura muito espe-cial. Todos os projetos que fiz no governo e que o Binho está fazendo passaram pela mão dele. Se formos eleitos vamos nos somar com o Aníbal Diniz, que é o suplente do Tião, para fazer um trabalho a seis mãos como se fosse um mandato só. Tudo para fazer com que o Acre possa ficar mais forte no Senado do que qualquer outro estado do Brasil”, finalizou. 

 

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