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Senadora agradece Acre por mudanças em Código Florestal

Em evento realizado na noite da última segunda-feira (19), a direita e a esquerda acreana se uniram para celebrar a potencialidade da pecuária local. Antigos rivais em anos anteriores, agora os dois lados se sincronizam, mas ainda com algumas arestas para serem passadas. Os conflitos que outrora provocara mortes em ambos os lados deixaram suas marcas, que ao passar dos anos ficam em vão lugar da memória política.

Berço de um projeto de desenvolvimento sustentável econômico, o Acre, que quer mostrar ao mundo a viabilidade de crescimento com conservação ambiental, viu perder – pelo menos por alguns instantes – seu status de economia verde.

A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), líder da bancada ruralista no Congresso Nacional e presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), atribuiu ao Acre a responsabilidade pela aprovação do relatório que propõe mudanças no Código Florestal. 

A tentativa de “atualizar” a lei é atacada pelos ambientalistas, que acusam o setor ruralista de querer mudanças para aumentar a produção sem sofrer punições pelas áreas abertas.

“Eu quero declarar ao Acre a gratidão de todos os 5 milhões de produtores a um acreano, não de nascença, mas de adoção, pelas mudanças na legislação ambiental”, declarou a parlamentar, alvo da ira das ONGs ambientais. A declaração foi uma referência a atuação do “acreano por adoção”, Assuero Veronez, presidente da Faeac (Federação da Agricultura e Pecuária).

Kátia Abreu veio ao Acre para participar da inauguração do primeiro prédio da entidade. Mesmo com 4 décadas de presença, somente a federação dos pecuaristas ganha espaço próprio. A obra custou R$ 3 milhões e foi custeada pelos cofres da CNA. A disponibilização dos recursos serviu como retribuição ao empenho e prestígio de Assuero Veronez dentro da confederação. 

Titular da Comissão de Meio Ambiente da CNA, Veronez foi uma das vozes mais ativas no movimento e lobby para que as propostas de alterações na legislação ambiental tramitassem no Congresso, e chegassem à aprovação pela comissão especial da Câmara dos Deputados dias atrás.

Logo após a fala de Kátia Abreu, foi a vez do governador Binho Marques. O discurso da senadora foi ouvido atentamente por ele. Também acreano por adoção, o petista é contrário às propostas de modificações no Código Florestal. À época da visita do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ao Acre com a comissão que discutia as sugestões, uma nota escrita por Binho foi lida pelo seu secretário de Meio Ambiente, Eufran Amaral.

“Temos que evitar a aprovação de projetos que possam significar perdas irreparáveis para milhares de pessoas que vivem na floresta, da floresta e com a floresta em toda região amazônica. Nesse sentido, faz-se fundamental que os avanços contidos no Código sejam mantidos, principalmente no que diz respeito aos 80% de reserva florestal das propriedades”, dizia o governador.

As raízes políticas do petista estão no movimento de resistência ao avanço da pecuária no Acre. Ao lado de líderes como Chico Mendes, ele organizava os “empates” – a corrente humana que impedia a passagem de máquinas e capatazes para derrubar a floresta.

“Eu nunca poderia imaginar enquanto organizava os ‘empates’ que um dia estaria aqui num ambiente com tantos pecuaristas; estou à vontade, me sentindo em casa”, declarou o governador. Sobre essa mudança ideológica, Binho falou que os dois lados (esquerda e direita) “depuseram as armas há muito tempo”.

O petista enfatizou o período de conflitos, e destacou que ele foi superado pela construção de um projeto comum para o desenvolvimento do Acre. Apesar da “harmonia”, Binho ressaltou que as diferenças ainda existem. “As nossas diferenças não foram para debaixo do tapete, elas sempre aparecem nas mesas de debates e isso faz do Acre um ambiente rico”, disse ele. 

‘Nunca um governo da floresta investiu tanto em gado’, diz Binho
O governador Binho Marques disse ainda que “nunca um governo da floresta investiu tanto em gado”. Paradoxo à primeira vista, a frase é uma referência aos investimentos do governo petista que manteve e ampliou os recursos para que a pecuária acreana se fortalecesse como a principal atividade econômica do Estado.

Graças ao governo do Partido dos Trabalhadores, o Acre recebeu a certificação de Zona Livre da Aftosa, o que permitiu a exportação da carne para outros Estados e países. Binho atribuiu à atividade agropecuária um dos fatores para que o Acre consiga melhorar a qualidade de vida da população, reduzindo os índices de miséria.

Categories: POLÍTICA
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