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Cultura da sensualidade

Muitos de nós estamos inquietados com o crescente movimento da cultura da sensualidade, principalmente com as novidades do mundo fashion que dia a dia induz, de maneira especial,  nossos jovens a não terem o menor cuidado com o que vestem. Igualmente, a forte influência da mídia em geral, especialmente a cultura da mídia de entretenimento  com seus adereços de sensualidade exagerada (devassidão, lascívia, libidinagem, lubricidade, luxúria, pornografia e voluptuosidade), às vezes evidente, outras vezes sutil, mostra-se poderosa no desenvolvimento da cultura do sensual. Essa ruptura ou  transformação de uma cultura oral centrada na palavra para uma cultura eletrônica centrada na imagem, notadamente esta última apresenta-se como tema desafiador para especialistas, sobretudo levando-se em conta o poder hoje reconhecido das imagens. Destarte, os valores promovidos na cultura popular da televisão e do cinema raramente são benéficos à sociedade.

 Nesta cultura popular da televisão e do cinema prevalece o egoísmo, o hedonismo, a cobiça, a vingança, a luxúria, o orgulho e uma legião de outros vícios.

Do mesmo modo, uma das questões levantadas é a do efeito da violência sobre o comportamento na sociedade. De maneira mais geral, entretanto, a televisão pode ser considerada como geradora ou refor-çadora de atitudes passivas ou conformistas o que entorpece o senso crítico. Igualmente, escritores, produtores e diretores comunicam freqüentemente seus valores em parábolas, estimulando a reflexão da audiência pela sutileza, ironia e ambigüidade. Alguns diretores tencionam que a audiência lute com o material que produzem e descubram por si mesma os valores plantados na história. O resultado é que nos últimos anos as propagandas de TV, jornais, outdoors, cinema e notadamente a internet, têm a estratégia do “quanto mais sensual, mais lembrada será a marca do produto”.

Li, recentemente, que os mar-queteiros têm no tema da sensualidade um dos preferidos para esta repetição. “Com tanta repetição sugerindo que o caminho do sucesso vem através  da sensualidade, está claro que a juventude irá procurar viver assim. Como conseqüência desse bombardeio de sensualidade, muitos jovens e adolescentes encontram-se cegos, atordoados e completamente viciados em sexo”.  Declara um especialista de marketing.

Também as mensagens culturais podem não ter a intenção de despertar a sensualidade do  consumidor, mas nem por isso são menos significantes. Independente se a produção é um filme de horror, comédia, drama, ou um comercial, com pontos de vista ideológicos específicos, expressos com a finalidade de aflorar valores estéticos e morais, terminam sufocados pela cultura do sensual. A verdade é que os meios de comunicação de massa exercem forte influência e bombardeiam a cabeça da juventude, principalmente, com todo tipo aberrações “culturais”. No caso específico da cultura da sensualidade, com inclinações aos prazeres sexuais, as principais e grandes redes brasileiras de TV proporcionam, não raras vezes, ao telespectador passivo, programas abarrotados de ocorrências de sexo explícito, palavras chulas, e diálogos maliciosos.

Estudiosos do comportamento humano descobriram que as pes-soas podem ser fortemente influenciadas a mudar de opinião e até comprar o que inicialmente não queriam, se forem atraídas, por exemplo, pela sensualidade. Deste modo, a cultura do sensual é patrocinada por alguns empresários ávidos por vender seus produtos; tem invenção para todo gosto. No campo das fantasias sexuais, por exemplo, a criatividade, segundo se anuncia abertamente, até nos classificados de jornais tradicionais, vai do chicote a extensores de pênis. O negócio parece ser lucrativo, pois a demanda é grande. Assim, quando nos deixamos envolver, especialmente os jovens, ainda crianças, por essa cultura, muitos lucram com isso. E, com certeza, não são as nossas famílias.

Creio definitivamente que as instituições: família, escola e a igreja, ainda são as principais formadoras da boa consciência, e como tal devem assumir posturas mais crítica e incisiva; fazer um exame mais detido face ao que nos é oferecido, no campo da cultura do sensual. Em outras palavras: não engolir tudo o que a mídia oferece, sem antes refletir seriamente sobre o assunto, uma vez que no campo da cultura da sensualidade a coisa se tornou tão vulgar, especialmente no Brasil, que uma jovem torcedora paraguaia, de beleza comum, por usar um celular entre os seios volumosos passar a ser assediada, com propostas financeiras atraentes,  por revistas que promovem nudez explícita. Afinal, a mulher e o homem estão no mundo na qualidade de sujeito e, não na condição de objeto descartável, que depois de usado joga-se no lixo.

* Francisco Assis dos Santos é professor e pesquisador  bibliográfico em Filosofia e Ciências da Religião. E-mail: assis-prof@yahoo.com.br

 

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