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A destruição do templo da carne

“Respondeu-lhes Jesus: Destruí vós este templo, e eu o reerguerei em três dias. Os judeus replicaram: Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu hás de levantá-lo em três dias?!” (João, 2, 19-20).

Não há teoria que resista à luz da realidade e dos fatos. Por isso, parido e amamento sob os cuidados da fina flor do método científico, a Doutrina Espírita não apenas procura destrinchar mares dantes navegáveis pelo conhecimento lógico e desmistificado do ser humano, como também e principalmente procura servir de farol seguro e venerando para o homem que atravessa o mundo da neblina. Não que a matéria não exista, pelo contrário, mas é a vitória do Homem junto com ela que edifica o projeto de progresso humano. É vencer mesmo sob o jugo da matéria e não contra ela.

Todavia, a postura humana em aceitar a responsabilidade do espírito ainda é pesada demais para muitos. E tais quais prisioneiros acorrentados aos grilhões da matéria na mais profunda caverna da ignorância gritam pela loucura, pelo olho estragado e insensatez daqueles que puderam respirar ares mais limpos e vistas mais amplas. Esquecem que o verbo grego amathia – achar que sabe não sabendo – é um dos mais perniciosos à cultura científica.

 Devemos como cientistas e pessoas interessadas na verdade, não apenas combater o senso comum, questão tão bem explorada por Bachelard, mas também os ídolos Baconianos, os preconceitos e a discriminação ainda existentes nos serões humanos. Frases do tipo “eu não acredito, logo não existe”, ou então “eu apenas acredito naquilo que quero” deveriam ser banida do meio acadêmico.

É necessário observar a realidade, experimentar, testar, analisar o fenômeno antes de qualquer julgamento mais definitivo. “Pós-julgar cada caso” disse Maslow. Não se pode ter medo de sacrificar as hipóteses!

Assim, sob a alegação de não existência do espírito geralmente estão aqueles que ainda não saíram de seus gabinetes para estudar e esclarecer, pesquisar e trabalhar.

Todavia, tal como na alegoria da caverna, as correntes desgastar-se-ão com o tempo. Voos mais amplos serão dados a cada um conforme seus méritos, seus conhecimentos e quem sabe, senão pelo desencarne, pois tal qual o apóstolo Tomé, muitos precisarão “ver para crer”. Enquanto que os sábios e prudentes preferem primeiro acumular méritos para poder ver sem dor, muitos preferem “pagar para ver”, enfrentando a viagem do desencarne e da morte sem conhecimento ou preparo prévio. Todavia, isso pode ter um preço alto demais.

É necessário que se desmistifique a morte e para tanto, é preciso conhecimento. A morte é fato certo e inegável a cada um de nós. Vivemos por um instante apenas. Não que o tempo fuja de nós, normalmente somos nós que o desprezamos e não o utilizamos de maneira racional e adequada. Por isso, será que não vale a pena investir parte do seu tempo, tesouro passageiro e fecundo, para aprender um pouco mais sobre a morte e suas consequências? Não vale a pena se precaver e se preparar antes da fatídica hora? Como desmentir ou comprovar as várias provas de sobrevivência da alma e da reencarnação sem estudar e pesquisar nos fatos tal questão?

Por exemplo, só dos livros psicógrafos pelo brasileiro Francisco Cândido Xavier foram mais de 400 obras (sendo realizados até testes grafoscópicos e considerados verdadeiros), além dos experimentos do inglês William Crookes, os ensaios do italiano Bozzano, os fenômenos de mesas girantes das irmãs americanas Fox, as revelações da nipônica Nao Deguchi… apenas para citar alguns casos espalhados pelo mundo.

Assim, aceite estas reflexões como convite sincero para estudar e trabalhar, experimentar e comprovar a sobrevivência da alma e da reencarnação e que guarda na figura do pescador Pedro uma das cenas mais próximas e queridas ao convidar Gamaliel, o douto nas leis e pertencente à elite judaica do poderoso tribunal do Sinédrio a visitar as humildes instalações da Casa do Caminho. É necessário conhecer a fundo para emitir considerações mais plausíveis. O sábio Gamaliel, mestre do jovem Saulo de Tarso, humildemente aceitou, pois sabia que se fosse verdade, então ele tinha obrigação de saber.

 E se não fosse, conhecendo a fundo, seria mais fácil de combater.

Portanto, fica o convite aberto para o conhecimento. Ademais, sejamos como pessoas prudentes que, chegando à hora derradeira, não são pegas despreparadas, uma vez que nada mais triste do que ser experts no transitório e passageiro e pouco conhecedores do eterno e infinito. Mas, para quem conhece, nada há o que temer, pois como bem disse Sócrates no livro Fédon: “esse motivo de não me revoltar a idéia da morte. Pelo contrário, tenho esperança de que alguma coisa há para os mortos, e, de acordo com antiga tradição, muito melhor para os bons do que para os maus”.

japaOK
Paulo Hayashi Junior
Doutorando em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisador, bolsista do CNPq e ganhador de vários prêmios científicos nacionais e internacionais.

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