Ao menos 30 índios de quatro distintas etnias receberam ontem das mãos do governador Binho Marques o certificado de formação do curso Agentes Agroflorestais Indígenas. A formatura aconteceu no Palácio Rio Branco e, ao invés das cerimônias protocolares, o evento foi marcado por saudações na língua nativa e apetrechos que dão vivacidade às tradições indígenas.
O curso com carga de 2.680 horas teve como coordenadores a Secretaria de Educação e a ONG Pró-Índio. Durante as aulas, os índios aprenderam técnicas de produções sustentáveis para melhorar a qualidade de vida dentro das aldeias. A capacitação permitirá que a comunidade possa ter garantido o cultivo e colheita dos alimentos.
Aulas de matemática, língua indígena e portuguesa e geografia também foram dadas. O curso é válido como de nível médio. “Essa é a primeira turma que tem o ensino médio com características interculturais e diferenciadas para eles [os índios]”, disse Verolinda Sena, diretora do Centro de Formação Povos da Floresta.
José Yube, da etnia Huni Kui, afirmou que a formação técnica vem apenas a aprimorar o conhecimento milenar do trato com a natureza. “É um curso complementar que nos ensina a trabalhar melhor na gestão territorial e ambiental”. Os Huni Kui somam mais de 7.000 pessoas e se espalham pelo centro do Acre e partes do Peru.
Para o governador Binho, a nova fase por que passa os indígenas no Acre é uma retribuição aos séculos de políticas agressivas e excludentes dos governos. “Essa formação pode servir como uma mudança no rumo de desenvolvimento, para que ele seja sustentável e que possa distribuir a riqueza para todos”, defendeu Binho.
Ele disse ainda que tais modelos influenciam não somente as aldeias, como toda a sociedade. “Eles têm muita sabedoria e vão transformar nosso projeto em algo mais sólido, sustentável, para a melhoria da qualidade de vida de toda a população”. Além de resultados econômicos, destacou, o trato diferenciado com a floresta garante a sobrevivência do planeta.