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Caminhões chegam a esperar 12h para atravessar o Madeira

O paranaense Walter Spadrizani saiu do Rio Grande do Sul no sábado da semana passada e só conseguiu chegar ao Acre na noite de quinta-feira. O motivo principal para o atraso, óbvio, foi a dificuldade de travessia por balsa do Rio Madeira. “Cheguei ao meio-dia e só consegui atravessar às 9h”, diz.
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Assim tem sido a rotina de todos os caminhoneiros com destino ao Acre. Com a seca do Rio Madeira, o tempo de espera quadriplicou, assim como a fila de caminhões à espera de ir para o outro lado.

Silvio Luiz Pereira saiu de Araçatuba (SP) com carga de piso para Sena Madureira. O tempo de espera dele foi de 12 horas. Segundo os profissionais, as condições dos dois lados do manancial são precárias. “Não há a mínima segurança. Estamos sujeitos a tudo, como ter nossas cargas roubadas”, denuncia ele.

Para o motorista, “é vergonhoso e humilhante para um Estado ter que depender de uma balsa para seus produtos chegar”. Como lembra ele, o Acre depende da importação dos produtos mais básicos para garantir sua sobrevivência. “O movimento de caminhões para cá é grande, e não há uma ponte. Aqui é o único Estado onde precisamos passar por isso”.

Além do tempo de espera, a reclamação é sobre a organização da travessia. De acordo com eles, o tempo de espera chega a ser maior pelo fato de carros pequenos e ônibus terem prioridade, “furando a fila”. A falta de estrutura dificulta o embarque dos veículos na balsa. O desnível entre a estrada e a embarcação causa danos aos caminhões.

“Eles cobram preços exorbitantes e não oferecem a mínima estrutura. Agora que fizeram um desvio e um porto para uma nova balsa”, diz Walter Ferreira, que tinha quarta-feira como prazo para a entrega da carga de cimento em Epitaciolândia.

Silvio Luiz lembra também que, em caso de acidente na balsa, as seguradoras não cobrem os danos. “Tenho certeza que a empresa que administra a balsa não tem seguro”, afirma. Até ontem ele ainda ia de porta em porta dos órgãos de fiscalização tributária para ter o veículo liberado. “Espero descarregar hoje”.

Um caminhão bi-trem (de sete eixos) chega a pagar R$ 101. Já um simples não sai por menos de R$ 73. “Aquilo [a balsa] é uma mina de dinheiro”, declara Sérgio Napomoceno, que traz uma carga de fraldas desde São Paulo. Ele chegou às 6h de quarta-feira e só saiu 12 horas depois. Do ponto onde estava até a margem do rio, Sérgio percorreu três quilômetros.

Gerente-administrativo da Transpérola Transportadora, Douglas Cabeça diz que os prejuízos são muitos. Com o atraso na balsa, a empresa tem encontrado dificuldade em cumprir os prazos com os clientes. “Muitos reclamam, acham que nós é que estamos atrasando, já outros compreendem a situação”.

Uma preocupação da empresa é quanto ao abastecimento de combustível. Com os postos tendo os estoques esvaziados, há o risco de os caminhões no Acre não conseguirem encher o tanque para retornar a São Paulo, matriz da Transpérola. Já os caminhoneiros autônomos já abastecem seus veículos em Rondônia. “Lá é bem mais barato [o combustível]”, Napomoceno.

 

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