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Chuvas esparsas melhoram qualidade do ar, mas quadro climático ainda preocupa

Foi só a fumaça começar a  dispersar do céu acreano que já voltaram a cair as primeiras chuvas do mês, no final da tarde de anteontem. Após quase 25 dias sem receber água, as precipitações foram esparsas (com baixo volume), mas já causaram uma boa melhora na qualidade do ar em vários pontos da cidade. Contudo, as condições climáticas do Estado ainda seguem preocupantes para o fim deste mês, com a soma de altas temperaturas (entre 22 a 37ºC) e baixa umidade relativa do ar (média de 32%): cenário ideal para queimadas.
Chuva-fraca
Outro risco que o Estado ainda corre é de ter o retorno da ‘cortina de fumaça da Bolívia. A grande nuvem cinza foi levada de volta ao país de origem no início desta semana, por conta da mudança no sentido de ventos: noroeste/sudeste (de cima para baixo). A alteração melhorou a situação, mas as queimadas na região (Acre, sul do Amazonas, Rondônia e Bolívia) continuam. Os ventos podem mudar de novo a qualquer momento (inclusive, há previsões disso para próxima semana), trazendo, assim, toda a fumaça de volta ao Acre.

Diante do clima ainda seco/quente e da ameaça de fumaça, o secretário estadual de Meio Ambiente, Eufran Amaral, assegura que o combate às queimadas locais continuará a ser intensificado tanto na parte preventiva, quanto repressiva. Segundo ele, o governo e seus parceiros (Imac, Ibama, PF, PM, 4º BIS, prefeituras) seguirão ampliando a fiscalização em todo Estado. Além disso, eles contam com a nova parceria da PRF (fiscalizar margens de estradas), com mais 60 soldados do Exército junto aos Bombeiros (que aumentaram de 4 para 6 frentes de combate) e com o apoio de padres e pastores (em reunião ontem).   

“Apesar destas chuvas e das previsões de novas precipitações quarta (1º) e quinta (2) da próxima semana, as condições climáticas ainda nos preocupam. Por isso, nosso trabalho não pode diminuir. A situação está longe do que gostaríamos. Na quarta, tivemos só 41 focos de calor, mas terça foram 197 (ontem estava com 183 até o fim da tarde). Isso prova que as pessoas ainda não estão conscientizadas dos riscos. Precisamos reverter isto”, diz o secretário.

Outro problema atual é que as matas atingidas pelas queimadas de 2005 continuam a ser vítimas do fogo neste ano, o que agrava recuperação do meio ambiente de tais áreas. No acumulado geral de focos de calor em 2010, o Acre alcançou ontem 2.443 ocorrências.

Nível do Rio Acre estabiliza, mas deve voltar a cair
Em relação ao nível do rio, Eufran conta que as chuvas de quarta foram esparsas demais para resolver o problema. Através delas, ele explica que as baixas diárias devem parar e o nível na Capital se manterá estabilizado entre 1,80 a 1,90m nos próximos dias. Porém, caso não chova mais, a tendência de quedas deve persistir. “Não é nada como o que foi visto em 2005, mas a atual seca do rio ainda é bem preocupante”, comenta Eufran.

Em outros locais, os rios acreanos também sofrem quadros críticos. Em Cruzeiro, o Rio Juruá já prejudicou 70% de pescadores locais. Em Sena, alguns dos 24 bairros da cidade já carecem totalmente de água (e carros pipas estão cobrando preços bem altos). Ainda na tarde de ontem, os moradores da Vila do Incra, no Km 29 da estrada de Porto Acre, fizeram um grande protesto porque estão sem água há mais de duas semanas.       

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