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Com câmera na mão, Zezinho registra tradições dos Huni Kui

Com tradições e culturas milenares, os índios tiveram grande parte desta riqueza perdida com a invasão dos colonizadores europeus. Com o objetivo de explorar o ouro e outros minerais encontrados em abundância no Novo Mundo, espanhóis e portugueses escravizaram os índios, perseguindo-os e aniquilando sua história.

Passados cinco séculos, os poucos povos que sobreviveram tentam manter viva os costumes e rituais passando-os de geração a geração. O desejo de deixar viva as tradições acontece mesmo após a “civilização”. Antes transmitida somente de forma oral, agora a rica cultura indígena conta com um forte aliado nessa preservação: o cinema.

Assim pelo menos é com a etnia Huni Kui. Com mais de 7.000 pessoas, os Huni Kui se espalham por toda a região do Purus e Juruá, além de parte da Amazônia peruana. Seu membro mais ilustre é José Yube, mais conhecido por Zezinho.

Com uma pequena câmera filmadora, ele registra o dia-a-dia de seu povo, como as festas, a produção de suas armas e roupas e os rituais religiosos. Zezinho tem o trabalho pouco reconhecido no Acre, mas por causa dele já viajou por várias cidades do país e participou de festivais nos Estados Unidos.

“Somente agora que meus filmes passam a ser vistos aqui”, afirma. Ao todo, Zezinho já gravou seis filmes-documentários, com uma média de 40 minutos cada. A paixão dele pelas imagens surgiu ainda criança no contato com os livros didáticos que o ensinavam a ser “civilizado” como um branco.

Pendurada em seu ombro sempre está a máquina fotográfica digital. Qualquer imagem inusitada, o dedo já está pronto para o disparo dos flashes. 
“Essa [a gravação dos filmes] é uma oportunidade também de mostrar às pessoas que não podem ir a nossas aldeias como nós vivemos”, diz o cineasta indígena. O apoio para a produção dessa expressão de arte dos povos nativos está na organização Vídeo nas Aldeias, com sede em Olinda (PE).
É lá onde Zezinho realiza o trabalho final de seus filmes, como a edição. As filmagens são realizadas por ele sozinho.

Para ter o filme concluído, precisa ir para o outro ponto do país com as fitas brutas. Parte do trabalho dele pode ser visto no site da Vídeo nas Aldeias (www.videonasladeias.org.br), além de outros trabalhos de povos indígenas de todo Brasil.  

 

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