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“Enquanto bandidos são soltos, ficamos presos em casa”, diz mãe de Janete

Passados três dias da tragédia que assolou a família Pinheiro, a mãe de Janete Pinheiro, 48, Clarice Pinheiro, conseguiu falar ontem pela primeira vez com jornalistas. Seu único pedido é de justiça. Ainda bastante abalada, ela desabafou: “enquanto os bandidos estão soltos nas ruas, nós temos que ficar presos em casa”.
Familiares-de-Janete
A declaração dela se junta ao clamor social de revolta diante de crimes bárbaros cometidos por condenados pela Justiça e que desfrutam do benefício de cumprir a pena no regime aberto ou semi-aberto. Para pedir um basta diante de tanta violência, a família decidiu realizar uma caminhada pela paz.

O evento acontecerá na próxima semana a partir das 16h no cruzamento da avenida Antônio da Rocha Viana com a rua Pernambuco. O ato se encerrará em frente à casa de Clarice, onde Janete foi morta com um tiro no coração numa tentativa de assalto na noite da última segunda-feira (23). Um culto ecumênico fecha a caminhada. 

A família e vizinhos que tinham o costume de passar as noites conversando na calçada ainda têm na memória as cenas da noite trágica, quando, mesmo baleada, Janete ainda pediu por ajuda à mãe.

“Acabou-se os tempos em que podíamos colocar a cadeira na calçada, conversar, dormir com a janela aberta”, recordou Clarice, da Rio Branco antiga, onde crimes bárbaros aconteciam escassamente; e hoje são rotineiros.

Religiosa, Clarice não deseja vingança ao assassino de sua filha. “Peço a Deus que ilumine essas pessoas para que Ele mude seus corações, e não façam mais tanto mal aos outros. Peço que a paz volte ao nosso Estado. A sensação que tenho é que ninguém está fazendo nada.”

Prima de Janete, a ex-vereadora Beth Pinheiro crítica o jogo de empurra-empurra entre as autoridades do Executivo e do Judiciário pela responsabilidade da violência. “O governo é responsável por garantir a segurança dos cidadãos. Se a Justiça solta, é dever do Estado proteger a sociedade dessas pessoas”, disse ela.    

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