Encontrado em abundância por toda a Floresta Amazônica, em grande parte no Acre, o bambu passa a ter sua potencialidade usada na construção de imóveis, em muitos casos podendo ser substituído pela madeira tradicional. A troca pode evitar que árvores venham a ser derrubadas, diminuindo os impactos no meio ambiente.
É o que mostra o estudo de uma equipe de pesquisadores da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro. Com o uso da espécie Guadua, eles constroem casas com técnicas simples, que reduzem o uso de materiais poluentes e que levariam séculos para se decompor na natureza.
O bambu é uma planta da mesma família da grama, o que possibilita um ciclo de renovação maior do que o das árvores, que necessitam de décadas para alcançar portes para exploração. “Se você retirar um bambu hoje, ano que vem terá três ou quatro no lugar dele”, diz Daniel Malajuti, mestre em design pela PUC-RJ.
Em todo mundo há catalogadas mais de 1.000 espé-cies. A América do Sul é a região que mais faz proveito dele para construção de casas. A característica econômica e incidência de abalos sísmicos levam populações tradicionais a usarem o material.
“Na Colômbia, há moradias com até três andares. Em caso de terremoto ele [o bambu] é mais resistente que o concreto”.
Pesquisadores da PUC e de outras universidades do país participam esta semana de seminário que mostra o potencial do bambu.
O encontro é realizado pela UnB (Universidade de Brasília) e tem o apoio do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). No Estado, o uso do bambu é pesquisado pela universidade federal e Funtac (Fundação de Tecnologia do Acre). O bambu é usado principalmente pelos ribeirinhos para edificar suas moradias.
Apesar da simplicidade, Malajuti diz que é preciso ter o conhecimento da técnica para manusear o bambu. “Não é como uma madeira comum que se pode parafusar, colocar pregos”, ensina.
O único material industrializado usado na construção das casas é a corda de polipropileno para as amarrações. Esse tipo de mate-rial não se desgasta à exposição do sol e chuvas.