A baixa visibilidade ocasio-nada pela intensa fumaça e poeira deixada por outros veículos tem exigido dos motoristas que conduzem pela BR-364, sentido Cruzeiro do Sul, atenção redobrada. As dificuldades se multiplicam pelo grande número de desvios que a obra de asfaltamento tem ocasionado, além de animais e maquinário pesado.
O trecho de barro, que contabiliza mais de 200 quilômetros, é o mais perigoso, o que não permite velocidades mais altas. “É no máximo 60 km/h”, recomenda Andre Luiz Nobre. Com a estrada aberta, ele chega a fazer várias viagens por mês até o Juruá. Quanto à sinalização, Nobre afirma que as placas são suficientes para alertar o condutor.
Atitudes cautelosas evitam que tragédias como a da última terça-feira (17) aconteçam. A caminhonete que trazia o presidente da Câmara de Vereadores, Jessé Santiago, passou direto do desvio e caiu dentro de uma galeria. O acidente matou o parlamentar e outros dois ocupantes.
Nobre passou pelo mesmo trecho da obra e afirmou que há sinalização até 100 metros antes. “Talvez ele [o motorista] não tenha visto”. Para o caminhoneiro, como ainda era madrugada na hora do acidente a visão fica ainda mais prejudicada. A fumaça tem atrapalhado até a travessia da balsa no Rio Purus. O tempo de espera pode chegar a duas horas.
Considerada a obra mais importante em execução, a pavimentação da BR-364 até Cruzeiro do Sul colocará fim ao isolamento do Vale do Juruá. Nesta fase é pavimentado um dos trechos mais difíceis, localizado entre Sena Madureira e Feijó.
Como é uma região cheia de rios, igarapés e córregos, são construídas grandes galerias para dar vazão no período de chuvas. Para garantir o tráfego mesmo com as obras, empreiteiras fazem desvios.
A construção de pontes também acaba por mudar o trajeto original da rodovia. Estudo da CNT (Confederação Nacional do Transporte) publicado no início do ano apontou a sinalização das estradas acreanas como regular.