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Governo se une a parceiros para intensificar ações contra as queimadas

A batalha contra as queimadas ganha mais um round a partir desta semana! Com o clima altamente seco e o céu lotado de fumaça, o Acre deve continuar oferecendo as condições perfeitas para que o fogo siga em alta. De fato, até domingo, 29, não há previsão alguma de chuva para cá. Em face da situação, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente reuniu alguns parceiros (Imac, CBM, PC, PM, MPE, MPF, etc) ontem, às 11h, no Palácio das Secretarias, para estreitar a união e traçar ações ainda mais enérgicas contra incêndios.
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Com a guerra contra o fogo oficializada a partir do decreto de Alerta Ambiental, no dia 9 deste mês (o sentido preventivo começou em junho), o governo já adotou diversas ações conjuntas para reverter a tendência crescente das queimadas. Contudo, o novo momento aponta a necessidade de atos ainda mais eficazes. Segundo o secretário Eufran Amaral (Sema), as proporções atuais são menores do que em 2005, mas o contexto climático já é bem semelhante, com riscos de agravamento e desmates em áreas atingidas há 5 anos.

Para se ter idéia do perigo, na parte de queimadas em perímetros urbanos o Corpo de Bombeiros já registrou, através do Ciosp (193), o total de 1.485 ocorrências – denúncias de queimas em geral – até ontem. Este número é 147% (quase o triplo) maior do que em 2005, que teve durante todo mês de agosto 589 denúncias computadas pelo Ciosp.

Em relação a incêndios na zona rural (focos de calor), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou, desde 1º de janeiro até ontem (23), o montante de 2.022 focos, tendo como ‘campeões do fogo’ os usuais Rio Branco (204) e Senador Guiomard (194), além do ascendente Feijó (203). No final de semana (sexta, sábado e domingo) foram só 291 focos. Mas o número voltou a dar um salto ontem, com 136 focos.

Na mesma data de 2005, tal valor já era de 7.810 focos. A diferença é de 5.788 queimas (286%): quase 4 vezes a mais. Os maiores incendiários eram Plácido (998), Acrelândia (867) e a Capital. Na Sema, os números são diferentes, com 1.549 focos até ontem.

“Este tipo de incêndio é perigoso por atingir grandes proporções e ser bem difícil de ser controlado, dependendo da área. Viemos observando que eles começam a se alastrar em pastos/assentamentos às margens de rodovias, das BRs e/ou de estradas. A partir daí, o fogo alcança rapidamente as áreas intermediárias de ‘Capoeira’, até adentrar de vez às florestas. Queimas urbanas também conseguem chegar às matas. Os dois modos causam prejuízo enorme para todos, desde a saúde até o patrimônio ambiental”, explica Eufran.

Danos que tendem a ser maiores conforme aumenta a aridez das condições climáticas!

O que poderia mudar esta conjuntura? Uma boa chuva, ou até mesmo a conscientização maior por parte da população acreana. Mas nem tudo é tão simples assim! Conforme o secretário Eufran Amaral, baseado em previsões meteorológicas, o Acre todo não deve receber uma gota d’água até domingo (29). Com interferência da fumaça, tal previsão é adiada em mais 1 ou 2 semanas, ou seja, é bem provável que não chova até a metade de setembro, o que torna impossível de prever até quando durará esta atual seca de ‘verão’.

Quanto à atitude da população, Eufran Amaral deixou claro que as queimadas acreanas são, sempre, geradas por culpa direta do homem. Portanto, não há nenhum caso local de combustão espontânea. Todos são conseqüência da ação proposital/acidental de pessoas.

Por tal razão, a secretária de Segurança Pública, Márcia Regina, é bem direta ao pedir a contribuição do povo. “Devemos destacar o dever de todos, porque infelizmente muitos ainda desrespeitam a Lei (qualquer tipo de queima é ilegal). Entraremos com ações mais repressivas e firmaremos parcerias para estender o braço do Estado. Porém, se as pessoas não se envolverem, não teremos bons resultados, não importa o que façamos”, apela ela.

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Ações maiores – Entre as atividades a serem redobradas, os secretários Eufran Amaral e Márcia Regina destacaram que o governo está terminando de firmar parcerias com as 22 prefeituras acreanas para enrijecer a fiscalização em todas as áreas urbanas do Estado; o Corpo de Bombeiros está atuando em 5 frentes estratégicas de queimadas; as atividades terão a entrada ativa do Exército, com contingentes do 4º BIS; a Polícia Federal, Civil e Militar também se integrarão mais (aumento da força policial); a parceria com o MPE/MPF deve resultar em severas punições penais: multa e prisão (não só administrativas); e o Ibama/Imac devem estender ainda mais a fiscalização às zonas rurais do Estado.

Além disso, o governador Binho Marques esteve ontem reunido com o ministro da Defesa para pedir a destinação de mais homens ao combate às queimadas na região amazônica. Fora tudo isso, o governo ainda busca os trabalhos em sentido preventivo, tais como as palestras em escolas, com agricultores e com fazendeiros, e conscientizações na mídia.  

Ocorrências de incêndios mais graves até o momento
Na apresentação feita ontem, foram destacadas algumas das maiores incidências locais de queimadas. O de maiores efeitos foi o incêndio gigante nas terras do Novo Projeto Bonal. Foram cerca de 40 dias de fogo na região, com controles prévios e retorno das chamas três vezes (uma faísca que sobra e reacende o fogaréu). Ao todo, o local possui mais de 10 mil hectares, mas perdeu mais de 1 mil ha de floresta por causa do episódio.

Outras situações preocupantes foram: do Ramal Linha 5, no Km 68 da AC-40, que teve 22 ha (de 30) parcialmente desmatados; da AC 477 em Plácido de Castro, que sofreu 10 dias intensos de queimas; e de um grande trecho na BR-317, perto de Capixaba.
Atualmente, outros grandes pontos de incêndios são: ramais Santa Bárbara e Oliveira, em Porto Acre; o Porto Luís I de Acrelândia; alguns projetos de assentamentos na BR-364 e 317; pastos e florestas de Feijó; e nas fazendas dos arredores da usina Alcoobrás. (T.M)

Operação Floresta Viva: PF, Ibama e governo contra o fogo
A Polícia Federal, juntamente com o Imac, o Ibama e com o apoio da Operação Sentinela, deflagrou a terceira etapa da Operação Floresta Viva. A operação consiste em vá-rias ações operacionais à procura de focos de incêndio e situações de flagrante delito de uso de fogo. O objetivo principal é identificar, autuar e prender os indivíduos que cometem delitos ambientais, tais como incêndios criminosos.

A Polícia Federal, em parceria com o Ibama e com Imac, vem executando a identificação dessas áreas e efetuando as sanções cabíveis para que sirvam de forma punitiva e educativa com o objetivo de prevenir os desflorestamentos.

Desde sábado, equipes compostas de policiais federais, fiscais do Ibama, do Imac e da Força Nacional trabalham diuturnamente em busca de queimadas ilegais e seus autores. As equipes percorrem dezenas de quilômetros por terra e pelo ar utilizando o helicóptero do Governo do Acre.

“O estado de alerta emitido pelo governo representou um fator decisivo para que estas medidas de repressão fossem tomadas”, afirma o delegado Harry Fábio Taveira, chefe da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente no Acre.

Paralelamente às ações repressivas, a Operação Floresta Viva incluiu uma extensa agenda de palestras educativas e orientação aos moradores dos projetos de assentamento em nosso Estado.

Nos primeiros dois dias de trabalho foram realizadas 15 autuações e 26 notificações além da averiguação de cerca de 100 focos de calor detectados pelo Sistema de Proteção da Amazônia.

 Desmatamento e queimadas são enquadrados co-mo crimes ambientais e podem resultar em penas de até 4 anos de prisão. As atividades da Operação Floresta Viva III devem se estender enquanto durar o Estado de Alerta decretado pelo Governo local. (Ascom PF)

Defesa Civil vai às escolas para prevenir estudantes sobre riscos das queimadas

DULCINÉIA AZEVEDO

O secretário executivo da Defesa Civil Estadual, coronel BM José Ivo da Silva, está visitando as escolas da rede pública de ensino para alertar estudantes e professores sobre a importância da prevenção no combate as queimadas. Munido de folder explicativo, ele visita as salas de aula e convoca os alunos a agirem em defesa do meio ambiente e, conseqüentemente, em prol da saúde humana.

A campanha foi lançada no dia 1º de agosto. De lá até ontem (23) já ha-viam sido visitadas cerca de 30 estabelecimentos de ensino. A meta é atingir 15 mil alunos, incluindo visitas também nas escolas da rede municipal e privada. Para tocar o trabalho, o coronel conta com o apoio do tenente BM Spring. 

Ontem (23), a visita aconteceu no Colégio Acreano, destinado a crianças das quatro últimas séries do ensino fundamental. A equipe foi recebida com alegria pelos alunos, que gostaram da idéia de ganhar pontos na elaboração de trabalhos sobre as queimadas.
A orientação de Defesa Civil Estadual e da própria Secretaria Estadual de Educação é que os professores incluam o tema nas tarefas de sala de aula. O folder distribuído aos alunos contém informações sobre fumaça, umidade relativa do ar, dicas de prevenção de incêndio, co-mo conter vazamento de gás, dentre outras.

Segundo José Ivo, a campanha será dividida em duas etapas. Na primeira os alunos recebem informações, como forma de incentivá-los a agir de forma preventiva para evitar as queimas. Na segunda, serão realizadas palestras educativas nas escolas, onde eles receberão uma maior carga de informações.

“Os próprios alunos tem sugerido a realização de palestra sobre esse e outros temas. Isso será feito na próxima etapa da campanha, quando contaremos com um maior número de parceiros”, garantiu Ivo.

Sem chuva, Rio Acre mantém nível de 1,90 m na Capital
Com poucas chuvas no mês, o nível do Rio Acre permanece na média entre 1,90 a 2,00 metros em Rio Branco, no começo desta semana. Na manhã de ontem, a régua marcou o volume de 1,92 m na cidade, apresentando baixa mínima de 1 centímetro em relação ao sábado e ao domingo. Desde a metade da semana passada, o rio tem se mantido abaixo dos 2 m, estabilizando-se no mesmo nível ou descendo cerca de 1 a 2 cm por dia.

De acordo com o cel. João de Jesus Oliveira, secretário geral da Defesa Civil Esta-dual (Cedec/AC), ao contrário do que muitos pensam, esta não é uma seca catastrófica, nem a pior desde 2005 (que chegou a média de 1,64 m). Trata-se de uma crise natural do rio para a época (‘verão’), e que foi registrada também em 2006 e 2007 (ano passado não teve porque foi um ano atípico, com muita chuva em julho, agosto e setembro).

A situação só se tornaria drástica se o rio despencasse a quase 1 m, mas, acompanhando o decréscimo no volume das águas, o coronel opina que o quadro  não deve ir tão longe.  

“Para o nível do rio, a média histórica de agosto é 3,18 m (desde 1971), mas é porque o mês começa alto e termina na faixa dos 1,90 m. Isso não quer dizer que atividades como o abastecimento de água ou agricultura sejam seriamente prejudicadas, já que montamos plano de contingência com medidas preventivas. Só pedimos que  pessoas economizem água porque é algo comum em se tratando de recursos renováveis no verão”, afirmou. 

Chuvas – Quanto às chuvas (e previsões), o Acre tem hoje só a metade de precipitações que tinha há cinco anos. Em 2005, ano da Grande Seca, foram 31 mm de chuvas durante junho, julho e agosto. Neste ano, tal trimestre contou apenas com 17mm, sendo que este mês só teve 3,4 mm de chuvas, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

O cel. Oliveira conta que até há previsões de chuvas nesta semana, na quinta-feira (26). Entretanto, de acordo com o Inmet, não deve chover no Acre até domingo, 29 (fora o atraso de até 2 semanas que a fumaça provoca sobre as chuvas). Seguindo as previsões do instituto e o ritmo ao qual o Rio Acre vem caindo em agosto (1 cm/dia), a tendência é que ele encoste em setembro na marca de 1,60 m, igual a estiagem de 2005. (T.M) 

Mudança dos ventos reduz concentração de fumaça
Em contraste com cenário preocupante da falta de chuvas, o clima pode ter começado a dar uma ‘forcinha’ para que o Acre se livre da cortina de fumaça local. De acordo com o meteorologista Davi Friale, desde a madrugada de ontem as correntes de ar vindas do Pacífico cessaram para dar lugar a uma nova frente de ventos com o sentido oposto, passando a soprar na direção Norte/Sul (do Amazonas e do interior acreano para baixo).

Desta forma, parte da fumaça local já deve voltar para a Bolívia, país que emitiu 60% da fumaceira na região (demais 40% estão divididos entre Amazonas, com 13%, Rondônia, com 20%, e o próprio Acre, com 7%). Inclusive, ontem mesmo o relatório da Sema para a concentração de poluentes no ar já mostrava a relevante redução (o que pode ser visto ao olhar com atenção para o céu da cidade e compará-lo com dias anteriores).

Ainda assim, o quadro de fumaça ainda não é agradável, já que ontem estava na marca dos 1.500 ppb – número que está acima dos padrões aceitáveis para um estado brasileiro. (T.M)

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